Justiça decreta prisão preventiva do rapper Oruam e reacende debate sobre criminalização do funk
- Da redação

- 22 de jul.
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O cerco se fechou para o rapper Oruam nesta terça-feira, 22. O artista teve sua prisão preventiva decretada pela Justiça do Rio de Janeiro, após ser indiciado por sete crimes, entre eles, tráfico de drogas, associação ao tráfico, resistência e desacato. A decisão vem após um episódio tumultuado na casa do cantor, no bairro do Joá, Zona Oeste do Rio, quando, segundo a Polícia Civil, ele teria impedido a apreensão de um adolescente procurado por tráfico e roubo.

A operação, conduzida pela Delegacia de Repressão a Entorpecentes (DRE), tinha como alvo “Menor Piu”, de 17 anos, apontado como segurança de “Doca”, um dos chefes do Comando Vermelho no Complexo da Penha. Segundo as autoridades, Oruam usou suas redes sociais para convocar seguidores a irem até sua residência — o que resultou em confusão, pedras lançadas contra policiais e a fuga do menor.
Ainda segundo a Polícia Civil, o rapper teria incitado moradores a confrontarem os agentes e ferido um policial no tumulto. Um vídeo publicado pelo próprio artista mostra ele desafiando as autoridades de dentro do Complexo da Penha:
"Me pegar aqui dentro do complexo? Não vai me pegar. Sabe por quê? Porque vocês peida!"
A juíza responsável pelo caso considerou a prisão preventiva mais adequada do que a temporária, atendendo ao pedido do Ministério Público. Oruam foi indiciado por crimes como lesão corporal, ameaça, dano ao patrimônio público e desacato.
O artista, cujo nome verdadeiro é Mauro Davi dos Santos Nepomuceno, é filho de Marcinho VP, um dos líderes históricos do Comando Vermelho. Com uma estética ligada à vivência periférica e ao funk carioca, Oruam tem um histórico de envolvimentos com a Justiça. Em fevereiro deste ano, foi preso em flagrante por abrigar um foragido armado em casa, e ainda responde por outro inquérito, por disparos de arma de fogo em um condomínio de luxo em São Paulo.
Criminalização do funk em pauta
A prisão de Oruam reacende uma velha ferida: a criminalização da cultura das favelas. Ativistas e artistas denunciam seletividade nas investigações e nos tratamentos policiais, principalmente quando os alvos são MCs ou rappers que narram a realidade das periferias em suas músicas.
Enquanto isso, projetos de lei em tramitação, apelidados de “anti-Oruam”, propõem a censura de letras que façam apologia ao crime — o que, para muitos, é mais um capítulo de um histórico de silenciamento da arte produzida nas margens.
Até o momento, o paradeiro de Oruam permanece incerto.







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