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Programa de Inovação Musical Sebrae & Orquestra Ouro Preto

  • Foto do escritor: Rafaela Grande
    Rafaela Grande
  • há 15 minutos
  • 4 min de leitura

Por Âmbar Chalub Rani

Maestro Rodrigo Toffolo - Orquestra Ouro Preto Créditos: Rapha Garcia
Maestro Rodrigo Toffolo - Orquestra Ouro Preto - Créditos: Rapha Garcia

Há um Brasil que existe fora dos grandes centros, onde a economia criativa ainda batalha para respirar, crescer e ser reconhecida. É nesse território, vivo, diverso, cheio de histórias que atravessam gerações, que o Programa de Inovação Musical Sebrae, em parceria com a Orquestra Ouro Preto, decide fincar os pés, oferecer estrutura e, sobretudo, devolver esperança a quem faz música como quem respira, por necessidade, por vocação, por vida.

Entre os dias 24 e 27 de novembro, três cidades mineiras, Varginha, Três Pontas e Uberaba, se tornam polos temporários de conhecimento, troca e profissionalização. Não é um curso. Não é uma oficina isolada. É uma afirmação: a música é trabalho, é futuro, é economia, é potência.

E quem diz isso não são apenas os números, embora eles falem alto. Em 2024, segundo dados do Sebrae e do Observatório da Economia Criativa, a indústria musical brasileira cresceu 13%, movimentando um mercado que já ultrapassa R$ 4 bilhões por ano. Mas, no interior do país, esse movimento ainda esbarra em falta de acesso, orientação e caminhos profissionais que permitam transformar talento em sustento.

É justamente aí que esse programa decide fazer morada.

Um programa que chega onde costuma faltar política cultural


Oficina musical - Orquestra Ouro Preto - Créditos: Rapha Garcia
Oficina musical - Orquestra Ouro Preto - Créditos: Rapha Garcia

O maestro Rodrigo Toffolo, diretor artístico da Orquestra Ouro Preto, fala com a serenidade de quem sabe o tamanho da missão:

“A música é expressão artística, mas também pode ser um caminho sustentável de trabalho. Queremos contribuir para que músicos e agentes culturais transformem talento em oportunidade.”

No fundo, ele vocaliza algo que artistas brasileiros repetem há décadas: arte não é hobby, é profissão.

E, ao escolher cidades como Varginha, Três Pontas e Uberaba, o programa rompe um padrão repetido à exaustão no país, a concentração de oportunidades no eixo Rio, São Paulo, BH. É descentralização na prática, não no discurso.

“As cidades foram escolhidas por terem público interessado e infraestrutura educativa. Esperamos fortalecer redes locais, ampliar diálogo entre artistas e fomentar iniciativas que impulsionem a cadeia produtiva da música”, completa Toffolo.

Módulos que vão do sonho à prática, e voltam

Numa curadoria que mistura técnica, empreendedorismo e sensibilidade, quatro módulos gratuitos formam a espinha dorsal do programa. Eles são independentes, mas se encontram como peças de um mesmo quebra-cabeça, a construção de uma carreira possível.


Oficina musical - Orquestra Ouro Preto - Créditos: Rapha Garcia
Oficina musical - Orquestra Ouro Preto - Créditos: Rapha Garcia

Luteria como Negócio

Para quem sempre quis entender, ou trabalhar, nos bastidores da música, onde nascem os instrumentos. Uma imersão completa sobre materiais, construção, diagnóstico de problemas, manutenção e, claro, como transformar essa habilidade em ofício remunerado. Falam de preço, fluxo, oportunidades, relações com músicos. É música e mercado caminhando juntos.

Empreender na Música

Do posicionamento digital ao planejamento de carreira. Do mapa profissional ao entendimento das mudanças que moldam a indústria contemporânea. É onde muitos descobrem que talento sem estratégia vira cansaço, e estratégia sem arte vira vazio.

Oficina Quinteto

Um daqueles encontros que misturam técnica, encanto e aprendizado silencioso. Músicos da formação principal da Orquestra Ouro Preto abrem seu processo, mostram escuta, dinâmica, repertório, rotina. É quase como entrar nos bastidores de uma banda que atravessou oceanos.

Crescer em Conjunto

Aqui, o eixo é coletivo. Comunicação em grupo, disciplina rítmica, liderança, cooperação, escuta. O tipo de formação que falta no Brasil, onde ainda se aprende música demais sozinho, e em conjunto de menos.

Orquestra Ouro Preto já mudou o Brasil e continua mudando


Oficina musical - Orquestra Ouro Preto - Créditos: Rapha Garcia
Oficina musical - Orquestra Ouro Preto - Créditos: Rapha Garcia

A Orquestra Ouro Preto, que celebra 25 anos, dispensa apresentações. Uma das formações mais relevantes do país, reconhecida pela ousadia e pela capacidade de transitar entre mundos, do erudito ao popular, da bossa à música contemporânea.

Mas o público costuma ver o brilho do palco, não a estrutura que o sustenta. E essa estrutura sempre incluiu educação. Oficinas, cursos, circulação, democratização do acesso. Agora, com o Sebrae, a entrega ganha musculatura de gestão, mercado e inovação.

É arte encontrando desenvolvimento. Cultura encontrando futuro.

Por que isso importa agora?

Porque vivemos um tempo em que artistas do interior, especialmente jovens, negros, periféricos, ainda enfrentam as mesmas barreiras de 30 anos atrás.

Porque a música brasileira continua sendo uma das maiores expressões culturais do país, mas seus profissionais seguem lutando para sobreviver dela.

Porque políticas culturais são necessárias, mas não suficientes. O mercado também precisa se abrir e se estruturar.

E porque programas como esse ajudam a construir algo raro, ecossistemas criativos regionais, que permanecem mesmo quando o projeto vai embora.


Oficina musical - Orquestra Ouro Preto - Créditos: Rapha Garcia
Oficina musical - Orquestra Ouro Preto - Créditos: Rapha Garcia
SERVIÇO COMPLETO

VARGINHA/MG, Conservatório Estadual de Música

24 a 27/11/2025, 18h às 22h

Atividades: Luteria como Negócio, Oficina Quinteto, Empreender na Música, Crescer em Conjunto

Inscrições: gratuitas pelo siteApoio: CEMVA

Realização: Sebrae


TRÊS PONTAS/MG, Centro Cultural Milton Nascimento

24 e 25/11/2025, 8h às 12h

Atividades: Empreender na Música, Crescer em Conjunto, Oficina Quinteto

Inscrições: gratuitas pelo site

Realização: Sebrae


UBERABA/MG, CDL Uberaba

27/11/2025, 9h às 18h

Atividade: Luteria como Negócio

Inscrições: via Sympla


Em tempo

QUEM CUIDA DA MÚSICA QUE CUIDA DA GENTE?

Se o Brasil não olhar para seus músicos, de palco, de banda, de igreja, de bar, de conservatório, de esquina, de estúdio e de sala de casa, o futuro cultural do país ficará sempre à mercê da sorte.

Programas como este acendem uma luz onde antes havia abafamento. Mas luz precisa se multiplicar.

Talvez essa seja a hora de cada município, cada estado, cada instituição se perguntar: qual é o meu papel na construção de um país que respeita e profissionaliza quem faz arte?

Porque música não nasce sozinha. Ela precisa de gente, de política pública, de incentivo. Precisa de nós.

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