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Rock in Rio 2026 anuncia Elton John e Gilberto Gil

  • Foto do escritor: Ana Soáres
    Ana Soáres
  • há 3 dias
  • 3 min de leitura

Na manhã desta terça-feira (25), o Brasil desperta com um anúncio que atravessa gerações: Elton John e Gilberto Gil estão confirmados no Rock in Rio 2026, dividindo o dia 7 de setembro em uma data que promete entrar para a história. Não apenas pela grandiosidade dos nomes, mas pela simbologia de reunir, no mesmo palco, dois artistas que moldaram imaginários, deslocaram fronteiras e vêm sustentando, por décadas, a ideia de que música também é política, resistência e memória viva.

Reprodução
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O comunicado é feito em um evento próprio da Rock World, que reúne Roberto Medina, Zé Ricardo e executivos do festival, reforçando que a próxima edição — marcada para os dias 4, 5, 6, 7 e 11, 12 e 13 de setembro de 2026 — pretende dialogar não só com o futuro, mas com a urgência do presente. Elton John, retornando ao Brasil para aquela que será sua única apresentação no país em 2026, carrega consigo um repertório que atravessa crises, reviravoltas e celebrações coletivas. Gilberto Gil, por sua vez, é a lembrança sempre atual de que o Brasil é capaz de produzir poesia mesmo em meio ao caos.

O anúncio movimenta as redes e reacende um debate que cresce a cada edição: qual o papel de um megaevento cultural em um país que tenta se reencontrar consigo mesmo? Medina faz questão de pontuar que o festival assume, desta vez, uma direção marcada por um compromisso público com a paz.

“O maior headliner é o Rio de Janeiro. Este ano, estou na direção da paz. O mundo precisa disso, e eu vou surpreender com momentos importantes. Nós precisamos estar mais juntos para construir um país mais próximo. A gente vive em um mundo muito estressado e não vai construir o futuro dessa forma”, afirma.

A fala pode soar utópica, mas encontra eco em pesquisas recentes. Segundo levantamento do Datafolha de outubro de 2025, 64% dos jovens brasileiros afirmam que eventos culturais de grande porte influenciam diretamente seu sentimento de pertencimento social. Outro estudo, da Universidade Federal Fluminense, mostra que festivais de música têm impacto significativo sobre a autoestima comunitária em períodos de tensão política e econômica. O Rock in Rio, que nasceu como símbolo de liberdade em 1985, parece disposto a revisitar essa vocação.

A edição de 2026 vem com novidades estruturais importantes. O Palco Mundo ganhará 2.400 m² de LED, superando a edição de 2024, em um gesto de reposicionamento estético que procura aproximar o festival das grandes produções internacionais. O The Flight, espetáculo com cinco aviões, retorna acompanhado de trilha inédita e de uma homenagem à bossa nova, marcando um encontro entre tecnologia, memória brasileira e espetáculo cênico.

O anúncio dos preços do Rock in Rio Card deixa claro que o festival também enfrenta seu próprio desafio social. O ingresso antecipado, vendido a R$ 795 (inteira), R$ 397,50 (meia-entrada) e R$ 675,75 para clientes Itaú, levanta questões sobre acesso e democratização. Se por um lado o festival avança esteticamente e consolida sua potência global, por outro precisa lidar com a pergunta que ecoa entre jovens das periferias, universitários e trabalhadores da cultura: quem pode estar presente nesse futuro?

Ainda assim, há algo inegavelmente poderoso no simbolismo do anúncio de hoje. A música, quando atravessa tempos difíceis, costuma reunir o que o discurso público insiste em separar. Elton John e Gilberto Gil, cada um à sua maneira, sempre foram mais que intérpretes: são cronistas do mundo, tradutores das dores e alegrias de diferentes épocas. Colocá-los lado a lado, no 7 de setembro, é também lembrar que a independência que o Brasil ainda busca não se faz apenas por decretos, mas por encontros.

O Rock in Rio 2026 nasce sob a promessa de que o Brasil pode celebrar sem esquecer das suas feridas, pode cantar sem silenciar suas urgências, pode se reunir sem abrir mão do senso crítico. E talvez seja exatamente isso que o público espera: uma festa que não apague o mundo lá fora, mas que ofereça, mesmo que por algumas horas, a chance de imaginar um país mais junto, mais sensível, mais nosso.

Resta a pergunta que fica no ar, insistindo em nos acompanhar como refrão: que futuro estamos construindo quando cantamos juntos? A música pode não responder tudo, mas continua sendo um dos poucos lugares onde ainda nos permitimos sonhar.

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