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Rod Marenna celebra 30 anos de rock: "Jamais imaginei tocar fora da minha cidade"

  • Foto do escritor: Ranielson Cambuim
    Ranielson Cambuim
  • há 9 horas
  • 5 min de leitura

Três décadas após começar a trilhar um caminho que parecia improvável até para ele mesmo, Rod Marenna olha para trás e vê muito mais do que palcos, contratos e aplausos. Vê persistência, escolhas difíceis, noites sem garantias e um amor inabalável pela música que nunca se deixou apagar. O líder da Banda Marenna, que começou como um projeto solo e hoje já se apresentou em palcos internacionais, conversou com a Revista Pàhnorama sobre as raízes dessa trajetória, os desafios de manter o rock vivo no Brasil e o que realmente significa alcançar o tão sonhado “sucesso”. Nesta entrevista exclusiva, ele abre o coração sobre vitórias, derrotas e a chama que mantém acesa sua estrada no rock.



Rod Marena celebra 30 anos
Foto: Isabelle Andrade / Divulgação / CP


Revista Pàhnorama: Rod, são 30 anos de rock, imaginava lá atrás ter todo esse sucesso, ter todo esse tamanho e reconhecimento?


Rod Marena: O sucesso é relativo, né? A gente acredita que sucesso é o que a gente coloca como meta e consegue, de certa forma, atingir. Eu acho que depende de cada situação, de cada pessoa, o que as pessoas colocam como projeção de sucesso. No caso, eu me considero uma pessoa de sucesso por justamente ainda conseguir fazer as coisas, com todas as dificuldades e desafios que a vida e que a estrada nos coloca. Quando eu comecei, eu jamais imaginei que eu teria um contrato com gravadora, que eu teria uma banda que conseguisse tocar fora do meu estado, fora da minha cidade. Imagina, o Luque sempre fala para a franzeira que já é difícil tocar na tua cidade, aí tocar fora do teu estado é mais difícil ainda tocar num outro país, então é mais difícil ainda.


RP: Agora, às vezes, até as histórias que começam na garagem de casa, abrem os festivais da cidade, barezinhos em que às vezes até pagam para se apresentar?


RM: Teve um pouco disso lá atrás? Teve, teve. Tipo, eu te falo que assim, a minha trajetória, ela foi durante um bom tempo, acho que uns dez anos, foi bem no cenário amador, sabe? Porque quando eu comecei, não tinha. A estrutura que se tem hoje, o conhecimento que você tem hoje. Então hoje você tem, de alguns anos pra cá, 10, 15 anos talvez, tem um crescimento muito grande da informação dentro do music business. Isso te dá base pra muita coisa, pra tu fazer a gestão da tua carreira, traçar metas, traçar objetivos. Então quando a gente começou antes nada, era mato.


RP: Eduardo, como surge? Que momento surge a Banda Marenna?


RM: A Banda Marena surge com o projeto solo meu de 2013. Comecei a fazer todo um levantamento, um estudo de mercado, de posicionamento, de estética. E a partir disso eu tomei a decisão de realmente montar um projeto que me representasse 100% e que eu tivesse a última palavra, que fosse detentor da gestão do projeto. Quando eu comecei com a história, com a ideia do projeto, a ideia não era nem ter banda, né? A ideia justamente era trabalhar como produtores de estúdio e ter participação de músicos, né? Porque quando eu pensei em ter o projeto, eu pensei em trabalhar de fora pra dentro e dentro pra fora, ou seja, eu trabalharia fazendo as minhas músicas, as minhas estéticas, com o apoio de outras pessoas, pra que todo mundo pudesse usufruir e ter divulgação e ter promoção, entendeu? Então, quando eu comecei foi uma coisa bem romântica, assim, ainda, né? E o que virou a chave do projeto foi justamente duas coisas, a primeira, a aceitação da primeira música, me surpreendeu muito e principalmente por conta da possibilidade de concorrer a uma vaga para tocar no Sweden Rock Festival, porque eu na inocência peguei a música que eu tinha, era tudo que eu tinha, tinha uma música e mandei essa música para o concurso mundial e aí Júri Técnico, 4 mil inscritos do mundo inteiro e a música entrou entre 150 escolhidos pelo Júri Técnico. Nunca imaginava que... E aí que eu te falo que é diferente, para mim eu penso que sim, é muito diferente quando tu entra num concurso quando tem Júri Técnico, tá? E tu concorre com bandas do teu estilo e subestilo, subgêneros, né? Não coisas diferentes como se faz aqui no Brasil por exemplo, estilos diferentes, então um toca indie rock, o outro toca hard rock, o outro toca metal, toca punk, né? E aí eu acho que. Que não se cria um critério mais técnico, entendeu? Dentro do contexto. Mas, enfim, só um pensamento, né? A partir disso, a gente ficou, o projeto ficou entre 150, aí sim partiu para a votação popular. A votação popular ficou entre os 25 e os 25 ficou em um lugar, com uma música. É muita coisa, nós jamais pensamos. Aí a gente para e pensa, cara, se eu com uma música conseguir movimentar isso, como, tipo, rolou o negócio, tá na hora de crescer o negócio. Em seguida veio o contrato com a gravadora, a gravadora quis lançar o material na Europa, e em seguida já veio, vamos lançar um álbum. Só que é o seguinte, tem que montar uma banda para poder promover, tipo, dar mais amplitude para o trabalho, né?


RP: Agora o Brasil hoje tem uma grande variedade de estilos, de músicas. Você acredita que o rock continua na cultura brasileira, a nação do rock ainda tem um espaço dentro da cultura do Brasil?


RM: O rock do Brasil é muito nichado, desde sempre. O Brasil desde os anos 80, ele preza muito o metal extremo, então esse som que a gente faz é um som que eu te digo assim, que é um som que ele conversa com alguns outros estilos, então acaba sendo, a gente acaba andando meio que sozinho, assim, entende? Ah, tem bandas similares? Tem, tem bandas similares poucas, né? Tem, mas eu te digo que assim, cara, o que a gente faz, assim, ele é um lance que é meio que, a gente anda meio que sozinho, então o que acontece, acaba ficando muito mais difícil, Júnior, trabalhar. Porque tu tem que estar procurando bandas que tenham alguma similaridade, que tu consiga fazer algum trabalho. E tem principalmente mindset de trabalhar de forma profissional, entendeu? Então eu acho que realmente o rock ainda no Brasil ele ainda tá numa fase assim de amadurecimento. Principalmente o som que a gente faz, que é mais sofisticado, tem mais informação, tem mais camadas, eu diria.


RP: O que é um sonho da Banda Marenna, um sonho de dueto, de cantar com quem seria e inspiração?


RM: Ah, tem vários, tem vários, tem vários. Tu disse fazer um feat ou alguma coisa assim? Ah, eu acho que zeraria a vida assim, fazer alguma coisa com David Coverdale, por exemplo, Os Len Riggs, agora a gente vai tocar com ele, vamos abrir uns shows dele. Em Porto Alegre, em Curitiba.


Ao final da conversa, fica evidente que Rod Marenna carrega muito mais do que riffs e refrões: carrega uma visão de mundo construída na estrada, na insistência de não desistir quando tudo parecia contra. Para ele, o sucesso não está apenas nas cifras ou nos festivais lotados, mas em continuar fazendo música com verdade e propósito, apesar de todas as dificuldades. Em tempos de consumos rápidos e carreiras efêmeras, sua história é também um lembrete de que resistir é, muitas vezes, o maior ato de sucesso que um artista pode alcançar. E, para o público, fica a certeza de que o rock — mesmo em nichos — segue vivo, pulsando na voz de quem nunca deixou de acreditar.

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