O Carnaval carioca deu seu pontapé inicial na noite desta sexta-feira (28), com os desfiles da Série Ouro, grupo de acesso que este ano se viu em um novo cenário de disputa. Com dezesseis escolas brigando por uma única vaga no Grupo Especial e duas destinadas ao rebaixamento para a Série Prata, a tensão já estava no ar antes mesmo da primeira bateria rufar.
A noite começou com atraso. Previsto para 21h, o primeiro desfile só aconteceu quase uma hora depois, por dificuldades de acesso do público ao sambódromo. Mas o que realmente chamou a atenção foi o contraste entre as primeiras escolas e as últimas. O início da noite frustrou quem esperava luxo e grandiosidade: fantasias reaproveitadas, falhas de acabamento em alegorias e pouco investimento plástico. O brilho tímido refletia a dificuldade financeira que muitas dessas escolas enfrentam. Em um Carnaval onde a sobrevivência depende de patrocínios e apoios cada vez mais escassos, fica evidente a desigualdade entre as agremiações.
Foi só com a entrada do Estácio de Sá que o jogo virou. O investimento saltou aos olhos e a energia tomou conta da Sapucaí. O público ainda presente viu um desfile digno da tradição vermelha e branca, levantando o astral da noite. Mas não teve jeito: com o avançar da madrugada, as arquibancadas foram se esvaziando, em um reflexo do desgaste de um desfile longo e de qualidade desigual.
A mudança na Série Ouro já começa a mostrar seus efeitos. A disputa está ainda mais acirrada, e as escolas precisam se reinventar para conquistar a sonhada vaga na elite. O Carnaval do Rio sempre foi sobre paixão e resiliência. O que se viu nessa primeira noite foi um retrato desse desafio: entre a força de quem sonha e a dura realidade de um abismo financeiro que separa quem brilha de quem luta para acender a chama.
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