
O fogo consumiu, mas a chama do Carnaval resistiu. A Unidos da Ponte, que viu boa parte de suas fantasias virarem cinzas no incêndio da fábrica Maximus Confecções, atravessou a Sapucaí de cabeça erguida, mostrando que o verdadeiro brilho vem da comunidade. O enredo “Antropoceno”, que discute a relação do homem com o planeta, ganhou ainda mais significado após a escola renascer das próprias dificuldades.
O que se viu na Avenida foi a vitória da união. De mãos dadas, os integrantes refizeram cada detalhe perdido, usando o pouco que restou e muito da força coletiva. "Foi emocionante ver a comunidade reconstruindo tudo com as próprias mãos", destacou o carnavalesco Guilherme Diniz. Cada lantejoula recolocada foi um ato de resistência. Cada costura refeita, um grito de luta.

A bateria, representando trabalhadores da extração de petróleo, trouxe um alerta sobre os impactos do capitalismo no meio ambiente. Para a chocalheira Linda Inês Garcia, a relação entre o incêndio e a destruição ambiental não é coincidência, mas fruto da mesma negligência histórica. "O Estado falha com o Carnaval e com o planeta", pontuou.
Mesmo fora da disputa, a Ponte mostrou que a vitória vai muito além dos troféus. "Viemos para conquistar o campeonato do coração", declarou o compositor Théo de Meriti. Quem assistiu, sentiu: era sobre resiliência, sobre pertencimento, sobre amor ao Carnaval. E ano que vem, eles voltam ainda mais fortes.
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