“A Fazenda 17” estreia na Record entre expectativas e frustrações: a força e a fragilidade de um reality rural em crise de identidade
- Da redação
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Na noite de segunda-feira (15), a Record apostará mais uma vez em sua principal vitrine de entretenimento: A Fazenda 17, reality rural comandado por Adriane Galisteu. A estreia, no entanto, confirmará um paradoxo que vem acompanhando o programa nos últimos anos: a atração impulsionará os índices de audiência da emissora, mas seguirá longe de repetir o impacto cultural e televisivo que já sustentou em edições anteriores.

Segundo dados prévios de audiência na Grande São Paulo, o reality marcará 6 pontos de média das 22h30 às 0h15 — o dobro do que a emissora vinha alcançando no horário com o Doc Investigação. Mas, ao mesmo tempo, o número representará a segunda pior estreia desde a criação do formato em 2009, ficando acima apenas do desempenho de 2023, quando registrou 5 pontos.
Enquanto isso, a Globo continuará na liderança com 10 pontos exibindo Estrela da Casa e Tela Quente. O SBT marcará 3 pontos com Programa do Ratinho e No Alvo, e a Band, 1 ponto com Galvão e Amigos e Jornal da Noite. Cada ponto equivale a cerca de 199 mil telespectadores na região.
No Painel Nacional de Televisão (PNT), que mede os 15 principais mercados do país, o cenário se tornará ainda mais desafiador: apenas 5 pontos de média, consolidando a pior estreia nacional de toda a história do reality.
A Fazenda 17 estreia na Record com audiência em alta, mas registra segunda pior estreia da história
Para recuperar relevância, a Record apresentará uma novidade: a dinâmica do infiltrado. Participantes disfarçados cumprirão tarefas secretas, tentando enganar os colegas de confinamento. Ao final, serão eliminados do programa, a não ser em casos de desistência, quando poderão assumir a vaga de quem saiu.
A intenção é clara: oferecer frescor a um formato que, apesar de manter público fiel, enfrenta sinais de desgaste. A Fazenda já foi sinônimo de barracos memoráveis e disputas intensas pela preferência popular. Hoje, carrega a responsabilidade de sustentar a programação da Record em meio a um cenário televisivo cada vez mais fragmentado, no qual a atenção da audiência se dispersa entre plataformas digitais e redes sociais.
O peso da tradição e o desafio do presente
Criado em 2009 e gravado em Itapecerica da Serra (SP), A Fazenda consolidou-se como palco de embates entre celebridades e subcelebridades, onde a polêmica era, muitas vezes, o passaporte para a permanência no jogo. Confinados em um ambiente rural, os “peões” disputam provas e a preferência do público. Mas, diante de novas gerações de espectadores, que consomem conteúdo em tempo real no TikTok e no X (antigo Twitter), o reality precisa se reinventar sem perder sua essência.
Para a Record, o programa continua sendo uma moeda preciosa: garante crescimento de audiência em relação à média do horário e oferece grande repercussão nas redes sociais. Porém, a queda no impacto inicial mostra que apenas o choque ou a polêmica talvez não bastem mais para atrair o público.
Em tempo
A Fazenda 17 estreia evidenciando um dilema que ultrapassa o universo televisivo: como reinventar narrativas em um país em que o consumo de mídia muda a cada temporada? A Record seguirá apostando no que sempre foi a força de seu reality — conflitos, estratégias e polêmicas —, mas precisará responder a uma questão urgente: será possível manter um programa relevante sem se apoiar apenas no barraco?