Agosto Verde Claro: Quando o corpo sussurra e a pressa vira aliada contra o linfoma
- Da redação
- há 6 dias
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“O tempo é precioso nesses casos.”

Essa frase, dita pelo hematologista Felipe Magalhães Furtado, deveria ser manchete, estampa de cartaz, chamada de TV. Em agosto, mês dedicado à conscientização sobre os linfomas, ela ecoa com ainda mais força. Porque, quando falamos em câncer do sistema linfático, reconhecer os sinais pode ser a diferença entre a cura e a chance perdida.
15 mil novos casos por ano. E um silêncio perigoso.
Conforme o Instituto Nacional do Câncer (Inca), o Brasil deve registrar 15.120 novos casos de linfoma por ano, entre 2023 e 2025. São números que assustam — e que, pior ainda, são frequentemente ignorados pela população. A grande maioria desses casos se concentra nas regiões sul e sudeste, que somam cerca de 70% das ocorrências.
Mesmo com esse cenário, ainda há muito desconhecimento. Afinal, quantas vezes você ouviu falar de linfoma nos noticiários? Quantos amigos já fizeram campanha por alguém com essa doença? Quantas vezes você mesmo se atentou a um inchaço nos gânglios — aquela “íngua” que aparece do nada e vai embora sem explicação?
Mas afinal, o que é o linfoma?
Os linfomas são cânceres que atingem o sistema linfático, uma rede vital de vasos, gânglios e órgãos que ajuda o corpo a combater infecções e outras doenças. Dentro dele, os linfócitos, células de defesa, podem sofrer mutações e começar a se multiplicar descontroladamente. É aí que o linfoma nasce — silencioso, às vezes traiçoeiro, sempre exigente de atenção.
Existem dois tipos principais:
Linfoma de Hodgkin: mais raro, com presença de células de Reed-Sternberg e padrão de crescimento mais previsível;
Linfoma não-Hodgkin: mais comum, com diversos subtipos e comportamentos — desde os indolentes (lentos) até os altamente agressivos.
Sinais que o corpo dá — e que não devem ser ignorados
Os sintomas variam, mas alguns sinais são clássicos e precisam ligar o alerta:
Febre persistente, especialmente no fim do dia;
Suor noturno excessivo, ao ponto de molhar lençóis;
Perda de peso rápida e sem explicação;
Inchaço nos gânglios linfáticos, especialmente no pescoço, axilas ou virilhas — geralmente indolor;
Fadiga crônica, tosse seca, falta de ar e desconfortos abdominais (dependendo da localização dos linfonodos afetados).
“Ao surgirem os sintomas, especialmente o inchaço dos gânglios, é essencial procurar um especialista”, reforça o hematologista Felipe Furtado, do Sabin Diagnóstico e Saúde.
Diagnóstico: quando a ciência salva a pressa
Detectar um linfoma exige olhar clínico apurado e exames específicos. No Sabin Diagnóstico e Saúde, por exemplo, os pacientes contam com recursos como:
Imunofenotipagem
Estudos anatomopatológicos
Imuno-histoquímica
Esses exames ajudam a identificar o tipo exato de linfoma, o que é crucial para definir o tratamento ideal. “Há linfomas de progressão tão lenta que nem exigem tratamento imediato”, explica Furtado. “Mas quando o corpo começa a gritar — é sinal de que o momento de agir chegou.”
Tratamento: entre agressividade e precisão
O tratamento do linfoma pode incluir:
Quimioterapia
Radioterapia
Imunoterapia
Transplante de medula óssea, em casos mais graves
Graças aos avanços na oncologia, as taxas de cura dos linfomas — quando diagnosticados precocemente — são altas. Em muitos casos, os pacientes podem retomar a rotina com qualidade de vida.
Mas o alerta é claro: quanto mais cedo o diagnóstico, maiores as chances de um final feliz.
Conscientizar é resistir: por que o Agosto Verde Claro importa
Criado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), o Agosto Verde Claro é mais do que uma campanha de saúde. É um ato de resistência contra o esquecimento, um chamado coletivo para enxergar um tipo de câncer ainda pouco falado, mas cada vez mais presente.
5 MOTIVOS PARA VOCÊ LEVAR O TEMA A SÉRIO:
Linfoma é o terceiro tipo de câncer mais comum em jovens.
Seus sintomas se confundem com infecções comuns — o que pode atrasar o diagnóstico.
O desconhecimento é um dos maiores aliados da doença.
A detecção precoce pode levar à cura total.
Informação salva vidas — e começa com você.
Você escuta seu corpo — ou apenas sobrevive nele?
Quando o corpo sussurra, é sábio ouvir antes que ele grite. O inchaço que você ignora hoje pode ser o alerta silencioso de algo mais grave. E ninguém deveria ter que correr contra o tempo para recuperar uma saúde que poderia ter sido preservada com um simples exame.
Neste Agosto Verde Claro, o convite está feito: escute, observe, informe, compartilhe. Porque quanto mais gente souber — mais gente poderá viver.
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