Apesar de inspirado em bailes europeus, a Moda brasileira resiste
Na noite de ontem, 22 de fevereiro, aconteceu o luxuoso Baile da Vogue no Copacabana Palace, no Rio de Janeiro. A edição que celebrou os 50 anos da revista Vogue Brasil, com o tema Voguelândia: O Fantástico Mundo da Moda, um convite para se inspirar em grandes ícones de estilo, momentos marcantes da indústria ou ser sua versão mais fashionista, como bem destacado no perfil do Instagram da revista.
O Baile, já tradicional para os fashionistas de plantão, acontece como a abertura de um carnaval luxuoso de muito glamour e looks icônicos. Bem diferente do carnaval das festas populares brasileiras, mas que, também, se faz um evento importante em que se une a Moda, que poderíamos chamar de "mais conceitual" à folia. Se havia alguma dúvida quanto a essa união importante, o tema desse ano veio confirmar: a Moda como mais um instrumento cultural de alegria, subversão e resistência, quando temos importantes Estilistas nacionais e outras figuras públicas desfilando suas histórias, seus trabalhos e homenageando grandes feitos de nossa história.
Apesar de ter sido criado, em 2004, com inspiração nos grandes bailes europeus e no Met Gala, em que seu Tapete Vermelho seja palco para a reafirmação da influência europeia como superior à nossa Moda e cultura, é revigorante ver que nossas expressões estéticas ainda se fazem presente com exuberância, brilho, volumes e histórias. Confesso: ainda não consegui ver todos os looks icônicos desfilados, mas senti vontade de escrever porque, afinal, que bela oportunidade de escrever uma pequena crítica de Moda exaltando essas obras de arte, que contam nossa história e nos inspiram aos prazeres estéticos da contemplação.
Walerio Araújo, nosso ícone maior do Camp, estilista de referência, traz um altar às mulheres brasileiras de grande importância para a cultura, imagens de alegria, subversão e resistência.

Sabrina Sato, a queridinha das fashionistas, desfila Kevin Germanier em colaboração com o estilista brasileiro Gustavo Silvestre, em crochê metalizado e sustentável.

Zezé Motta, veste Luiz Cláudio Silva, da Apartamento 03 e homenageia Xica da Silva, personagem interpretada há 50 anos no cinema, e que em suas palavras: "a moda continua sendo um instrumento de afirmação e resistência. Xica levou sua identidade para a corte portuguesa de uma maneira totalmente marcante e inconfundível."

Gaby Amarantos servindo o melhor do Camp do inconfundível Walerio Araújo.

A horrorooosa que a gente ama, Gabb, que também apresentou o evento, recriando um look de Sabrina Sato, bem definido como “deusa nipônica, faz um passeio pelo vale das borboletas em Sao Thomé das Letters”.

Mauricio Duarte, em sua elegância agênero, estilista de tamanha importância para a Moda brasileira, orgulhosamente regional, sua mera presença se apresenta como ato revolucionário; veste Felipe Fanaia e Rober Dognani, Das Haus.

Cintia Félix importante nome para o empreendedorismo feminino e moda sustentável, veste Az Marias, celebrando a grandiosa contribuição da população negra para a estética e a cultura: "Marias, Grace Jones, Hip-Hop, Yabás, Jóias Crioulas – somos herança, resistência e revolução."

A estilista Isa Silva, outra presença de grande importância política para a Moda brasileira, homenageia Xica Manicongo, primeira travesti não indígena do Brasil, escravizada depois sequestrada da região do Congo, pertencente à categoria das quimbandas de seu povo; veste Mônica Anjos.

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