Angela de Brito: a moda como memória, afeto e presença
- Yuri Barretto

- há 6 dias
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Por trás de uma marca que transborda identidade, existe uma criadora que borda histórias com as próprias mãos.
A mente por trás da marca

Fundadora e diretora criativa da Angela Brito Brand, a designer Angela de Brito vem construindo, ao longo dos últimos anos, uma das narrativas mais singulares da moda autoral brasileira. Nascida em Cabo Verde e radicada no Brasil, ela traz em sua bagagem cultural uma mescla de vivências, ritmos, afetos e memórias que ecoam diretamente no que cria. A moda, para Angela, nunca foi apenas sobre vestir; sempre foi sobre expressar.
Sua marca se consolidou como uma espécie de ponte entre o passado e o presente — um espaço onde ancestralidade e contemporaneidade se abraçam. Em suas peças, é possível perceber o cuidado com a forma, a leveza dos movimentos, a força das texturas e a poesia que se revela nos detalhes. Nada é aleatório. Nada é rápido. Tudo é sentido.
Entre Cabo Verde e Brasil: raízes que dialogam

É impossível falar de Angela de Brito sem mencionar a força simbólica da sua história. Vinda de uma ilha banhada pelo Atlântico, ela carrega as águas, os ventos e a memória colonial de um território que resiste pela cultura, pela música e pela oralidade. Ao chegar ao Brasil, encontrou outra potência cultural: diversa, pulsante, complexa.
Essa união se manifesta em sua estética. Há um olhar para o orgânico, para o movimento natural dos tecidos, como se cada peça quisesse acompanhar a respiração do corpo. Ao mesmo tempo, há estrutura, precisão e silêncio. Angela trabalha com a ideia de tempo ampliado — a moda que não expira, que não se apressa, que não se desgasta no imediatismo das tendências.
Moda como linguagem de pertencimento
Reprodução: /Foto/Instagram/@angela_d_brito
A Angela Brito Brand não veste apenas o corpo — veste histórias. As coleções frequentemente trazem referências à memória africana e afro-diaspórica, às relações familiares, às ausências que formam presenças e ao cotidiano que se transforma em ritual. É uma moda que convida o público a sentir antes de ver, a tocar antes de interpretar.
Em um mercado guiado pela velocidade, Angela se firma como voz da sensibilidade. Suas peças são pensadas para durar e para acompanhar as transformações da vida. São roupas que se estendem no tempo, que podem ser herdadas, guardadas, revisadas. Existe nelas uma noção de permanência — e, ao mesmo tempo, de movimento.
Processos éticos e afeto como método

Para além da estética, Angela defende uma cadeia de produção consciente. Trabalha com pequenas oficinas, artesãos e profissionais que compartilham de sua visão de cuidado e respeito com o processo. Produzir, para ela, é um ato político: escolher como, com quem e para quem criar é tão importante quanto o resultado final.
Sua moda é afeto, é resistência, é posição no mundo.
Uma das vozes do design autoral brasileiro

Hoje, Angela de Brito é reconhecida como uma das figuras mais relevantes da moda contemporânea no Brasil. Sua assinatura pode ser identificada não apenas pela forma das peças, mas pela atmosfera que elas criam. Uma atmosfera de calma, de profundidade e de reencontro.
Ela nos lembra que vestir-se é, também, lembrar-se: de quem somos, de onde viemos e das histórias que ainda queremos contar.

















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