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Bilionários recuam: tarifas de Trump causam abalo nos bastidores da elite econômica dos EUA

Os primeiros cem dias do segundo mandato de Donald Trump têm sido tudo, menos tranquilos — principalmente para aqueles que investiram pesado em seu retorno à Casa Branca. A aposta bilionária, que uniu nomes como Elon Musk, Bill Ackman e outros magnatas do mercado financeiro, começa a se mostrar arriscada, à medida que uma política agressiva de tarifas comerciais ameaça os alicerces da economia global e os próprios bolsos de seus apoiadores.

Donald Trump - Reprodução/X
Donald Trump - Reprodução/X

Trump retornou ao poder prometendo reconstruir a economia americana com base em uma nova onda protecionista. As tarifas impostas por seu governo, no entanto, têm causado um verdadeiro terremoto nos mercados — e agora, os aliados mais ricos do presidente começam a se rebelar.

A tensão ganhou corpo neste fim de semana. Elon Musk, CEO da Tesla e figura-chave na política industrial da gestão Trump, partiu para o ataque contra Peter Navarro, um dos principais conselheiros da Casa Branca e defensor das tarifas. Musk ironizou a formação de Navarro em Harvard e o acusou de “não construir nada de relevante”. Em paralelo, publicou vídeos e frases de economistas liberais clássicos como Milton Friedman, denunciando os riscos da política atual.

“Guerra nuclear econômica”: o alerta de Bill Ackman pata Trump

Outro que abandonou o barco foi Bill Ackman, investidor e apoiador ferrenho de Trump nas redes sociais. Após tentar justificar as tarifas como “estratégia de barganha”, ele comparou as medidas a uma “guerra nuclear econômica” e disparou: “Não foi isso que apoiamos”. Ackman também acusou o secretário de Comércio, Howard Lutnick, de se beneficiar financeiramente da crise — e, embora tenha recuado, o estrago já estava feito.

 

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O clima azedou ainda mais com a publicação da carta anual de Jamie Dimon, CEO do JPMorgan Chase, que até então se mantinha otimista com a retomada trumpista. Dimon alertou para riscos de recessão e quebra de alianças estratégicas: “Guerras econômicas já causaram guerras militares. É hora de parar.”

Congresso em alerta: republicanos falam em recuperar poder sobre tarifas

Esses posicionamentos não surgem à toa. O S&P 500 flerta com o mercado de baixa, investidores correm para ativos seguros e consumidores já sentem os efeitos dos preços inflacionados. As tarifas chegam a 104% em alguns setores, afetando diretamente importações essenciais e colocando os EUA em rota de colisão com parceiros comerciais históricos — incluindo Europa e China.

Além disso, o Congresso, dominado por republicanos, começa a manifestar resistência. Ainda que retomar o controle legislativo sobre as tarifas pareça improvável, a movimentação indica que o consenso interno começa a ruir.

Silêncio que fala: antigos aliados desaparecem das redes

David Sacks, outro bilionário e conselheiro da Casa Branca, sumiu das redes sociais desde o anúncio das tarifas. Vivek Ramaswamy, nome cotado para liderar o recém-criado Serviço DOGE dos EUA, também se calou. O silêncio é barulhento — e revela mais do que aparenta.

No fundo, a crise expõe um dilema que atravessa fronteiras: até que ponto líderes populistas podem sustentar medidas econômicas radicais sem perder apoio de seus próprios financiadores? Para o cidadão comum, o impacto vai do supermercado à conta de luz. Para quem investe, é o medo do colapso de um castelo construído sobre promessas.

Enquanto isso, Trump segue firme. Suas falas recentes indicam que as tarifas não apenas continuam, como poderão se intensificar. E em meio ao ruído, resta a pergunta: qual o preço de um projeto de poder quando até os mais ricos começam a recuar?


 

Se você curte política internacional e quer entender o impacto de decisões econômicas que afetam o mundo inteiro, fique com a gente em “A Política no Jogo”. Aqui, a gente conecta os fatos aos seus impactos reais, com uma linguagem clara e informação de qualidade.

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