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Da redação

Brasil 1989



Marília Gabriela comanda debate para presidente pós-ditadura militar, em 1989 - Divulgação Bandeirantes

Prezado leitor desta coluna, muito me conforta ter você por aqui, tentando monitorar os batimentos rápidos da política e desordenando as ordens do espólio do partidarismo brasileiro, que cada dia mais me choca. Mas o ano era prático de debater ideias em 1989, após a promulgação da Constituição Federal de 1988.


Neste debate, no primeiro turno realizado em 15 de novembro, disputavam a Presidência da República do Brasil o liberal Fernando Collor de Mello (PRN, atual Agir), o sindicalista Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o trabalhista Leonel Brizola (PDT), o social-democrata Mário Covas (PSDB), e o conservador Paulo Salim Maluf (PDS, atual Progressistas). Foi a primeira eleição direta brasileira em que presidente e vice-presidente da República foram eleitos juntos, norma mantida nos pleitos seguintes, que continua até hoje.


O debate público trazia ares de esperança para o país e ventos que seriam perpétuos. E até deboche na novela "Deus nos Acuda" (TV Globo, 1992), que abria de maneira extravagante, fazendo uma crítica meio frouxa para esse jeito meio Zé Carioca que até hoje é vendido no exterior.


Ilumina-me falar que eu nasceria um ano depois do debate, ou seja, 1990. Quando o assisti, anos mais tarde, nascia um colunista. Entretanto, o que me faria invocar esse ano exatamente no momento em que estamos com um líder da época novamente na Presidência? Parece que estamos sem líderes novos como os desta época e que falta percepção real do Brasil, além dos delírios partidários que colocam pessoas em bolhas sociais, antropofágicas e inaptas de pensamentos que convergem em transformação com crítica social.


Alguns devem não saber o significado da palavra antologia, que seria, na prática, uma coleção de textos em prosa e/ou em verso, geralmente de autores consagrados, organizados segundo tema, época, autoria etc. Exemplo:

1. botânica

estudo das flores

2. coleção de flores escolhidas; florilégio

3. livro que contém essa coleção


A história do Brasil é cheia de antologia porque ela, de fato, é uma sequência de escritas sobre como se reinventar demora tempo e como a nossa necessidade de marketing tem criado líderes fracos em debate, discurso, construção de projeto de país e inclusive de saber lidar com as intercessões de pensamento crítico de suas próprias ideias políticas, que às vezes não passam de divagações sobre como ser mais do mesmo.


Precisamos com total urgência de condições para criar partidos que construam líderes novos, com ideias arrojadas e movimentações políticas sinceras e impulsivas, sem muita manutenção de imagem e com mais organicidade e humanidade em práticas de partidos políticos.


O hino que trazia Brizola como brava gente não pode embalar patriotas que querem derrubar os poderes. É vergonhoso como isso é crítico, piora a qualidade do debate e desorganiza a intuição aguçada do povo para tragédias produzidas por gestões arrogantes que não representam força de partido algum. Afinal, sabemos que isso também foi produzido por um conjunto de políticos que têm mal de senectude e que não repassam ou oxigenam seus espaços de poder para se perpetuar neles.


Eu escutei uma música que me trouxe alguns momentos de frescor da alma que se chama "Canção de Amor", interpretada pela maravilhosa Elizeth Cardoso. Eu preciso dizer que existe uma urgência para que a gente traga um frescor da saudade de ser um país com mais cores, mas entendendo a readaptação desse momento. E que nenhuma liderança ultrapassada ou mesmo a falta de compromisso dos partidos políticos em revitalizar a política nos tire a força de capitanear líderes para alçar voos para de fato começar um projeto de unidade sobre esse novo Brasil, que se construiu com tanta intolerância, desrespeito e ódio pelos adversários de ideias.


Para reduzir minhas angústias, trarei nas próximas colunas algumas figuras que me dão algum brilho aos olhos, mesmo com a melancolia de esperar líderes que movimentem ideias pelo Instagram e motivem causas que remexam o nosso país. Afinal, ninguém é eterno e precisamos deixar novos líderes com pensamentos novos, mas olhando o passado para não cometermos erros crassos como tem acontecido com nossa tão jovem democracia que, de menina, já é mulher, mas viveu poucos momentos de felicidades reais com seu marido chamado processo eleitoral e que tem como cunhado os debates, os quais têm se tornado piadas como “é pavê ou pa comê?”


Péssimo e angustiante, mas, no feixe de esperança, estamos nós, esperando jovens águias que queiram chegar ao topo e voltar a debater projeto de país e não quanto os aliados sem lado vão ter apenas para governar e ganhar eleições, que, até agora, não fizeram grandes evoluções consensuais com o povo das terras tupiniquins.



Pinga Fogo:


Marta Suplicy em São Paulo cogita, após conversar com o presidente Lula, sua ida para o PT para ser a vice-prefeita na chapa de Guilherme Boulos. Sua ida para qualquer lugar movimenta e aquece ainda mais a campanha do socialista e abre também um furo de primeira sem melindres para que seu ex-chefe de estado Ricardo Nunes possa se alinhar de vez ao clã do ex-presidente Jair Bolsonaro.


Falando em Marta Suplicy, ela divulgou foto com Guilherme Boulos, o deputado federal Rui Falcão (PT, SP) e respectivas esposas, Cristiane e Natália. A foto revisita o que chamam de frente ampla para debater São Paulo.


Correndo para Recife, temos João Campos, que está à frente na porcentagem de aceitação dos pernambucanos. Há uma crise no governo porque o PT não abre mão de ser vice na chapa PSB para a eleição. Isso parece estar causando um desconforto geral com um adendo bem perigoso na estratégia traçada pelo PDT no Leão do Norte.


Isabela de Roldão, vice-prefeita da cidade, já avisou que quem fala por ela é ela mesma. Ela apoiou Raquel Lyra no segundo turno, e a tucana tem uma simpatia pelo PDT porque, além do partido ter uma forte história, foi o partido de um de seus parentes, João Lyra, que foi vice de Eduardo Campos na composição. Isabela tem esse potencial. Ela consegue manter dois diálogos que já precisaram de um suporte para ver em que mares esse barco vai navegar.


Estou observando para nos mantermos no jogo.


Por Jatiassi Danilo com colaboração de Xico Neves


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