Por Silver D'Madriaga Marraz
Eles vão invejá-lo pelo seu sucesso, sua riqueza, sua inteligência, sua aparência, seu estatuto - mas raramente pela sua sabedoria.
Nassim Nicholas Taleb
No reflexo das constelações artísticas do Brasil, emerge uma dualidade intrigante e desoladora: a exuberância de talentos contrasta com a penumbra da desvalorização e crítica implacável de uma infinidade de brasileiros. Como girassóis diante do sol, artistas como JoJô Todino, Anita, Xuxa, Bela Gil, Luciano Huck, Ludimila e Faustão brilham em seus universos, mas são atingidos por meteoros de desapreço e julgamento severo, desafiando sua trajetória e legado. Seria inveja? Dor de cotovelo? Frustração por ver o outro se dar bem nas escolhas que fizeram? Ou seria pura maldade humana mesmo de quem não suporta ver o outro brasileiro vencer? Se for qualquer um desses, valerá o ditado popular: “o invejoso não quer o que você tem, ele quer que você não tenha”.
A partir daí começa a choradeira com as lágrimas da inveja vestida e revertida de horrorosas gargalhadas quando um dos nossos artistas se dão mal. Algumas deles nos servirão como ilustração.
JoJô Todino, com seu traço único e visão vanguardista, enfrenta a tempestade de críticas que, como espinhos venenosos, ferem a delicadeza de sua arte. Anita, voz pulsante da música brasileira, é eco para hinos de desapreço e desdém, uma sinfonia de murmúrios ácidos que obscurecem o caminho de qualquer ser.
Ludmilla, símbolo de ousadia e talento, vê suas canções marcadas por notas dissonantes de desdém e desvalorização, um contraste doloroso com a força e autenticidade que traz à sua arte. Xuxa, a eterna rainha dos baixinhos, navega pelos mares revoltos da opinião pública, onde ondas de desaprovação e espinhos de julgamento ferem seu legado de inocência e alegria.
Luciano Huck e Faustão, nomes gravados na história televisiva, são alvos de um duelo de palavras, onde flechas de desconfiança e desrespeito tentam manchar o brilho de suas jornadas.
Agora, se forem internacionais, milhares de brasileiros endeusam até quando diversos artistas de fora do país os tratam mal. Fazem questão de justificar a atitude depreciativa e lamber até o chão por onde estes pisam. Isto quando, neste apoio estapafúrdio, não oferecem a cabeça para que pisem em cima. Vale lembrar alguns como Matthew Lewis, Taylor Lautner, Azealia Banks, Sylvester Stallone, Tyler James Williams, Chris Rock, Drake, entre tantos outros.
Mas, os nossos artistas, estes que são constelações em um firmamento cultural diversificado, têm suas luzes ofuscadas pela escuridão das críticas negativas. Palavras como dardos perfuram suas obras, alimentando um ciclo vicioso de desencanto e desestímulo. Penso que, na sinfonia da arte, cada nota merece reverência e aplausos, não uma salva de reprovações. É tempo de transformar a narrativa, substituindo o desdém pela compreensão, o julgamento pelo diálogo construtivo.
Esta realidade é um eco preocupante de uma sociedade que, embora reconheça o brilho de suas estrelas artísticas, muitas vezes falha em apoiá-las de maneira consistente e, pior ainda, recorre à crítica negativa destrutiva.
Os artistas brasileiros, em suas diversas formas de expressão, se destacam mundialmente pela sua originalidade, criatividade e autenticidade. No entanto, essa apreciação muitas vezes não se traduz em apoio financeiro, reconhecimento ou respeito por seu trabalho. Ao invés disso, vemos um hábito arraigado de subestimar, menosprezar e até ridicularizar os esforços desses profissionais.
É um fenômeno que permeia várias esferas da arte, da música à literatura, passando pelo cinema e pelas artes plásticas. Muitos talentos nacionais são obrigados a buscar reconhecimento no exterior antes de serem valorizados em seu próprio país.
Além disso, a cultura do cancelamento e das críticas destrutivas nas redes sociais contribui para essa desvalorização. Em vez de construir um diálogo construtivo, frequentemente testemunhamos comentários ácidos, julgamentos precipitados e até mesmo ataques pessoais aos artistas. Esse comportamento tóxico afeta não apenas os artistas individualmente, mas a cultura como um todo, gerando um ambiente desmotivador e desafiador para a criatividade florescer.
Enfim, enquanto sociedade, é preciso erguer um manto de respeito e apoio a esses pilares da cultura, compreendendo que a construção de um legado artístico se tece com fios de admiração, não de desdém. Em meio aos dias e noites, celebremos a luz radiante desses talentos, honrando-os como a própria essência do nosso ser cultural. No altar da arte, que a crítica seja construtiva, e que a valorização seja o louvor eterno aos que enriquecem nosso panorama artístico com suas estrelas de criatividade e originalidade.
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