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Comer de 3 em 3 horas, cortar carboidrato e fazer detox: A nova era da nutrição começa com o fim dos mitos

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    Da redação
  • há 7 dias
  • 4 min de leitura

Está na hora de mudar a pergunta. Não se trata mais de “o que eu devo comer?”, mas sim: “o que me disseram que eu devia comer — e por quê?”

Comer de 3 em 3 horas, cortar carboidrato e fazer detox
Créditos: Freepik

Atualmente a cultura da imagem dita comportamentos e a saúde virou assunto de likes, a nutrição, ciência ancestral e complexa, foi invadida por modismos perigosos. Da “demonização” dos carboidratos às dietas que prometem milagres em sete dias, o que se vê é uma avalanche de desinformação disfarçada de dica saudável. E o pior: com consequências reais.

Na contramão desse tsunami de inverdades, surge uma voz que, com calma, conhecimento e embasamento, busca devolver ao corpo humano o que lhe é mais sagrado: o respeito.

Ana Pelegrinelli, coordenadora do curso de Nutrição do Centro Universitário UniBH — uma das referências do Ecossistema Ânima — será uma das vozes que irão desmistificar conceitos e convidar à reflexão crítica sobre os nossos hábitos alimentares. Ela joga luz sobre o que está por trás de algumas das crenças mais difundidas sobre nutrição — e explica por que elas podem estar nos afastando, e não nos aproximando, da saúde real.

Destrinchando os mitos: o que não te contaram sobre alimentação

Abaixo, destacamos os principais pontos esclarecidos pela nutricionista, baseados em ciência, estudos e décadas de experiência acadêmica e clínica:

1. Comer de 3 em 3 horas é obrigatório?

“Cada ser humano precisa, de forma individualizada, respeitar os sinais de fome e saciedade do seu organismo.”

A lógica de que comer de 3 em 3 horas acelera o metabolismo caiu por terra. Hoje, o foco está em ouvir o corpo, e não o relógio. Dietas com número fixo de refeições desconsideram ritmos biológicos e contextos culturais, podendo até gerar ansiedade alimentar.

2. Cortar carboidrato é a solução mágica para perder peso?

“Uma dieta zero carboidrato não existe.”

Os carboidratos são um dos três macronutrientes essenciais para o funcionamento do corpo. Apesar de existirem estratégias como a dieta low carb e a cetogênica, o corte total de carboidratos é insustentável e perigoso. Além disso, há uma diferença gritante entre um pão ultraprocessado e um arroz integral ou uma batata-doce.

3. Detox de sucos funciona?

“Quem faz o detox do corpo humano é o fígado.”

A febre dos sucos detox virou sinônimo de limpeza do organismo. Mas a verdade é que o corpo humano já possui seu próprio e eficiente sistema de desintoxicação: fígado e rins. Os tais sucos têm fibras e vitaminas, mas não “limpam” toxinas como muitos influencers sugerem.

4. Ovo aumenta o colesterol?

“O problema está no excesso, não no ovo em si.”

O ovo voltou a ser o vilão da vez — de novo. Mas, com moderação, ele pode ser parte de uma dieta saudável. Ricos em proteína e nutrientes, os ovos só devem ser evitados em quantidades exageradas, especialmente por quem já tem histórico de colesterol alto.

5. Todo alimento industrializado faz mal?

“Existem industrializados do bem.”

Nem todo alimento de supermercado é inimigo da saúde. A chave está na leitura de rótulos e na informação. Um ótimo aliado para isso é o aplicativo Desrotulando, gratuito para Android e iOS, que ajuda o consumidor a escolher melhor e entender o que realmente está levando para casa.

6. Dietas restritivas funcionam a longo prazo?

“O excesso de restrições pode atrapalhar até mesmo o emagrecimento.”

Pode funcionar por 30 dias? Talvez. Mas e depois? Dietas muito restritivas — que excluem frutas, vegetais, grupos inteiros de nutrientes — tendem a levar ao efeito rebote, distúrbios alimentares e deficiências nutricionais sérias. Para Ana, o foco deve estar na saúde e não na estética instantânea: “Elas eliminam macronutrientes importantes e empobrecem demais a alimentação. A médio e longo prazo, o resultado é quase sempre frustração e risco à saúde”.

A ditadura da balança: onde a saúde virou fetiche estético

É impossível falar de nutrição sem tocar nas pressões estéticas que moldam os hábitos alimentares — sobretudo entre mulheres e jovens. O culto ao corpo “padrão”, alimentado por redes sociais, algoritmos e indústria de dietas, tem provocado um crescimento alarmante de transtornos alimentares.

Segundo dados do Ministério da Saúde, os casos de transtornos alimentares aumentaram 34% nos últimos cinco anos, com destaque para a faixa entre 15 e 29 anos. Mais alarmante ainda é que o Brasil é o segundo país do mundo com maior número de cirurgias bariátricas realizadas por ano, atrás apenas dos Estados Unidos.

A lógica da “saúde a qualquer custo” transformou corpos em alvos. E a nutrição — ciência de vida, de acolhimento, de escuta — precisa ser resgatada do buraco negro da desinformação.

Para onde estamos indo? Uma escolha entre medo e autonomia

A boa nutrição não é feita de regras engessadas, cardápios mágicos ou alimentos da moda. É feita de contexto, de escuta, de ciência. De política pública. De olhar para as pessoas como elas são, e não como deveriam ser.

E é também — ou principalmente — uma luta contra o que nos foi imposto como ideal de beleza.

“Não existe dieta universal. Existe o que faz sentido para o seu corpo, a sua história, sua saúde e seu estilo de vida. O segredo está em aprender a ouvir o próprio corpo — e desconfiar das vozes que tentam calá-lo”, finaliza Ana Pelegrinelli.

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