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Americanização nas Redes: Como influenciadoras digitais, adolescentes brasileiras ainda idolatram os Estados Unidos em 2025

  • Foto do escritor: Da redação
    Da redação
  • 24 de ago.
  • 3 min de leitura

O fenômeno que atravessa gerações


A chamada americanização não é novidade no Brasil. Desde a chegada dos filmes de Hollywood nos anos 1930 até a explosão das séries da Netflix nos anos 2010, os Estados Unidos sempre ocuparam um lugar privilegiado no imaginário da juventude brasileira. Em 2025, essa relação não apenas se manteve, como ganhou novos contornos: as influenciadoras digitais adolescentes, que ocupam o centro do consumo cultural no país, continuam a reproduzir e idolatrar estilos, hábitos e padrões vindos do “sonho americano”.


influenciadoras digitais, adolescentes brasileiras ainda idolatram os Estados Unidos

O poder das telas: números que impressionam


Dados recentes mostram a força desse mercado. Entre março de 2024 e março de 2025, o número de influenciadores no Brasil saltou de 1,2 milhão para 2 milhões — crescimento de 67%. Quase 40% deles têm entre 13 e 24 anos, ou seja, pertencem justamente à faixa etária mais suscetível a influências culturais externas. O Brasil já é o segundo país do mundo em volume de postagens patrocinadas, atrás apenas dos EUA.


No TikTok e no Instagram, plataformas preferidas pelos adolescentes, é comum ver jovens brasileiras replicando gírias em inglês, “morning routines” inspiradas em colegiais americanas, looks copiados de séries como Euphoria e festas temáticas de “prom” ou Halloween.


Estética e consumo: quando o “gringo” vira padrão


As adolescentes criadoras de conteúdo frequentemente expõem uma rotina que mistura referências locais com desejos globais. O destaque, porém, recai sobre elementos que remetem ao “lifestyle americano”: maquiagem importada, Starbucks no lugar do cafezinho, bolsas da Michael Kors como símbolo de status e viagens à Disney como coroação de sucesso.


Starbucks

A influenciadora mirim paulista Júlia (15), com mais de 600 mil seguidores, resume em um post viral:


“Meu maior sonho é estudar em Nova York e ter a minha dorm room decorada como nos filmes.”

Esse tipo de declaração encontra eco em milhares de adolescentes, que enxergam nos EUA um espelho idealizado daquilo que significa ser jovem, bonito e bem-sucedido.


Críticas e alertas: identidade em risco?


A fascinação pelo “american way of life” desperta preocupação em especialistas. Para a psicóloga cultural Fernanda Moraes, esse processo de idolatria pode fragilizar a construção da identidade:


“A americanização não é só sobre consumir produtos dos EUA. É sobre importar narrativas, padrões estéticos e comportamentos, muitas vezes incompatíveis com a realidade brasileira. Isso gera frustração, baixa autoestima e uma distância simbólica das próprias raízes culturais.”

Além disso, a superexposição de adolescentes no papel de influenciadores aumenta riscos psicológicos, como ansiedade e depressão, associados à busca incessante por validação digital.


A contra-corrente: da influência à “des-influência”


Curiosamente, enquanto cresce a idolatria aos padrões americanos, surge também um movimento contrário: o da des-influência. Relatórios de 2025 apontam que 77% dos consumidores brasileiros já confiam mais na opinião de pessoas comuns do que em influenciadores. Apenas 7,6% ainda seguem recomendações diretas de criadores de conteúdo para compras.


da influência à “des-influência”

Na prática, isso significa que adolescentes ainda imitam a estética “gringa”, mas o público começa a se cansar da homogeneização. Já se veem criadoras que resgatam gírias locais, celebram músicas nacionais ou misturam referências brasileiras com tendências globais.


O dilema da nova geração de adolescentes


O Brasil sempre conviveu com o fascínio pela cultura norte-americana, mas nunca teve tantos jovens capazes de reproduzi-la em tempo real, para milhões de seguidores. O dilema das influenciadoras adolescentes em 2025 é justamente este: continuar idolatrando os EUA ou encontrar maneiras de afirmar uma identidade digital que seja genuinamente brasileira?


Enquanto algumas continuam a exibir quartos em tons pastéis inspirados em séries da Netflix, outras começam a misturar isso com samba, funk ou expressões da cultura local. O que prevalecerá, só o tempo dirá.

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