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Da redação

Direita e Esquerda: A balela brasileira

Atualizado: 1 de jan.



No jogo político não existe direita ou esquerda e, sequer, existiu. O que há, na verdade, é o jogo de poder cujas regras são baseadas nos interesses de pequenos grupos (populistas ou não), trabalhando para convencer um grupo maior, a trabalharem suas ideias de manutenção no poder. Nesta etapa existem narrativas contadas para um público alvo emocionado por algum assunto de ocasião, muito bem utilizadas por um orador principal, que assume um suposto cargo ficcional de “Salvador da Pátria”.


Percebemos bem essa situação quando passeamos pela história recente entre Bolsonaristas e Lulistas. Enquanto os bolsonaristas são mais beligerantes nas suas narrativas (com uso de palavras de baixo calão nas Tribunas dos parlamentos do Brasil e nas redes sociais), a turma dos lulistas abraça um discurso de pacifismo e amor, tentando contrapor o discurso da corrente adversária. Ainda assim, direita e esquerda (representadas, neste recorte, por essas duas correntes políticas), se unem nos calabouços do poder para destituir certo ex-juiz e quase ex-senador do cenário político. Não precisamos nos esforçar para entender que aquele, ainda que de maneira bem coloidal, chancelou sua presença no imaginário nacional e internacional como outro “Salvador da Pátria”, sem respeitar o devido processo legal, invadindo competências etc. A dado ponto, tamanho poder era de fazer inveja a qualquer déspota, ou até mesmo ao autor da emblemática frase: “Je suis la Loi, Je suis l’Etat; l’Etat c’est moi” (Eu sou a Lei, eu sou o Estado; o Estado sou eu!). 


Tudo isto culminou na nulidade de suas decisões prolatadas, bem como chancelou-se a suspeição de suas decisões pela Corte Suprema do Brasil. Ele foi parar na política, o que não é coincidência, pois mandato é poder de mando que emana do povo.


O dia em que o brasileiro do cotidiano deixar de absorver como verdades postulações dessa natureza, a política passa a fazer sentido. Afinal, se a bandeira ideológica que norteasse a política brasileira fosse o bem-estar do brasileiro, e não quem será o próximo salvador do Brasil, este país seria cultural e intelectualmente bem desenvolvido, com suas riquezas extremamente bem distribuídas, sem haver diferença socioeconômica entre o lixeiro e o médico. Tampouco as unidades educacionais, governamentais ou não, teriam a diferença abissal hoje apresentada no que concerne à valorização dos profissionais e o ensino ofertado.


Neste país, ainda que não pareça, existem castas disfarçadas de segmentos da sociedade. Ou será que o faxineiro senta-se à mesa com seu patrão, sem distinção de classe social. Caso isso ocorra, a palavra raridade, ainda que não dita, irá permear as mentes dos observadores de tal ocasião hipotética.


Da mesma forma, um cidadão não se senta com o Presidente da República, por exemplo, para discutir os rumos do país, posto que existe um Congresso Nacional para isso, de maneira democrática e constitucional, apartando o verdadeiro patrão (o brasileiro), de seus empregados (os parlamentares e mandatários do Poder Executivo).


Direita e Esquerda nada mais são do que correntes de discursos embusteiros. Uma grande balela. O que se precisa, respeitando os princípios democráticos de nosso país, é escolher mandatários que discursem menos, principalmente nas redes sociais, e trabalhem verdadeiramente para garantir a vida em plenitude do povo brasileiro, nas pautas que lhe são mais importantes: educação, saúde, segurança pública e bem-estar social e econômico. Não se muda o país com discurso em rede social.


Por Pedro Henrique Tavares


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