EMPRENDA MAIS Imulheres, evento de empreendedorismo feminino nos mostra, mais uma vez, a força de nossa união
- Renata Freitas
- há 1 hora
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Aconteceu na última sexta-feira, 22 de agosto, o evento EMPREENDA MAIS imulheres e a Revista Pàhnorama esteve presente para a cobertura. Criado por Karla Fassini, produto da Rede Imulheres, uma startup de desenvolvimento social e econômico, com a missão de oferecer educação empreendedora para mulheres, atuando em eventos, mentoria, treinamentos e encontros online com foco no protagonismo feminino e fortalecimento dos negócios. Em sua 19º Edição, reuniu palestrantes especialistas em comunicação estratégica, inteligência artificial e tecnologias, gestão de negócios, inteligência emocional e inclusão social. Além de palestras, o dia foi repleto de dinâmicas, com momento para o pitch de apresentação dos negócios de todas as expositoras presentes, muitos sorteios, lanches personalizados, e muito networking qualificado.
O evento acontece há 8 anos, com início em Botafogo, no Rio de Janeiro. Primeiro, em um café corporativo que, após a pandemia, migrou para um Hotel, permitindo também o crescimento desse movimento tão indispensável. Karla, propõe uma dinâmica de imaginação ativa com a visualização de imagens de paz, tranquilidade e realizações, a fim de trazer os ouvintes ao presente em um estado mais relaxado e foi possível observar os resultados positivos desse exercícios pelos sorrisos e lágrimas durante o processo. Em seu discurso de abertura, frisa a necessidade de criar redes de apoio e de gerir o tempo com estratégia. Lembra que o sucesso vai além dos palcos, se constrói nos bastidores, com muito trabalho e disciplina. Ressalta a importância da comunicação com confiança na hora de fazer negócios. Seja vendendo um lápis ou um grande projeto, é essencial que se acredite no produto, resolvendo as necessidades do cliente ou criando o desejo. Uma aula prática de vendas, inclusive, com a ajuda da plateia para demonstrações. Aqui não falamos sobre enganar o cliente, mas ouvi-lo e antecipar suas demandas, até aquelas que ele nem sabia que existia.
EMPREENDA MAIS Imulheres (arquivo pessoal)
Reforça, ainda, que o empoderamento feminino não está nas aparências das redes sociais nem nos artigos de luxo, mas na capacidade econômica de tomada de decisões, em que se constrói a possibilidade de sair de estados de vulnerabilidade socioeconômica. Karla chama a atenção para as estratégias de marketing sensacionalistas e oportunistas que criam narrativas falsas de sucesso com a ajuda de novas tecnologias e a necessidade de exercer seu senso crítico na hora de avaliar os discursos que prometem mudar a vida em 3 meses. Da plateia, uma cliente de Karla afirma que cresceu seu perfil profissional em mais de 1.000% após sua mentoria, entregando resultados concretos.
EMPREENDA MAIS Imulheres (arquivo pessoal)
Tivemos a presença de Sandra Paixão Velloso, especialista em estruturação de negócios, apresentando seu serviço de mentoria a partir de ferramentas como o Canvas e o desenvolvimento de softskills, sem perder o propósito e a motivação. Fernanda Nunes, CEO da Coti informática, traz para o palco o tema da Inteligência Artificial e a importância de usá-la como aliada no dia a dia. Afirma que, ao utilizarmos as plataformas grátis, nós somos o produto, já que treinamos o sistema com as informações que fornecemos. Ressalta, ainda, que é preciso entender dos temas pesquisados para a conferência das informações já que os algoritmos ainda estão em treinamento. Após pergunta da plateia sobre o uso excessivo de IA para trabalho em detrimento do exercício crítico e criativo, a especialista reforça que haverá uma regulação pelo próprio Mercado, em que aqueles que delegam todo o trabalho para as ferramentas digitais serão excluídos pela falta de conteúdo genuíno no desenvolvimento de seu trabalho.

Com o tema “Superando crenças limitantes, Michele Lupareli, CEO da Luparella RH, nos conta um pouco de sua história e quais seus métodos de superação de obstáculos. Vem de uma família de empreendedores, e que desde os seus 14 anos nutria o sonho de ser mulher de negócios, dona de empresas, inspirando-se no lifestyle Cosmopolitan Magazine. Mas que, por necessidade, precisou trabalhar para outras pessoas em pequenas empresas pelo regime CLT. Após anos de frustração e muitas reviravoltas, foi criando oportunidades de empreender ainda na faculdade de Recursos Humanos, que começou a entender quais as crenças limitantes que a impediam de realizar seus sonhos e quais métodos poderia usar para ultrapassá-los.

Mylena Peron, criadora do canal multimídia Loira do Futuro, especialista em TV digital e gestora de projetos multidisciplinares, fala sobre a importância de humanizar as tecnologias. Lembra que, quando começou a trabalhar com tecnologia há mais de 20 anos, a presença de mulheres nestes espaços era rara e difícil de manter, e quando se falava em liderança feminina, a situação era ainda mais precária e inacessível. Reforça que, ainda hoje, as oportunidades são escassas mas que são possíveis e necessárias. A tecnologia, segundo Mylena, deve ser aliada ao propósito do empreendimento, servindo como ajuda nas dificuldades desse processo que pode ser solitário. Indica, ainda, que o desenvolvimento de projetos precisa ser multidisciplinar, integrado e financeiramente viável, para que todos os setores caminhem juntos e se desenvolvam, contando as ferramentas tecnológicas disponíveis. Ressalta, ainda, a importância da visão ampla e da inclusão social em todas as etapas de desenvolvimento de projeto, com a criação de soluções de acessibilidade, pensadas desde pessoas portadoras de deficiência até corpos marginalizados das populações LGBTQIA+.

Lu Rufino, advogada ativista pelos direitos de pessoas portadoras de deficiência, Miss Cadeirante e referência em representatividade e superação, além de conselheira em múltiplas frentes da OAB e presidente do Lions Club Vozes da Pólio, traz a palestra sobre cultura de performance empresarial. Conta um pouco de sua história no empreendedorismo como mulher cadeirante e sobrevivente de situação de extrema vulnerabilidade social. Em seu discurso, inicia falando sobre a expectativa das pessoas de que adote uma postura hiper-identificada com sua deficiência física a partir das pautas de acessibilidade. Longe do discurso vitimista, assume o protagonismo em sua narrativa e afirma que, pra a superação de suas limitações, aprendeu a monetizá-las. Se afirmar como uma mulher linda, para além de sua cadeira, e que não se preocupa com olhares tortos de preconceito, pois está muito ocupada planejando a próxima viagem para a Itália. Conta que o humor é essencial para lidar com situações desconfortáveis e nos faz entender como é possível tirar as dificuldades do foco, que precisa ser seus sonhos e metas. Que é preciso trabalhar duro e acreditar fielmente em suas capacidades, apesar de tudo. Hoje, tem uma marca de sapatos especializada nas demandas de pessoas portadoras de deficiências, com serviços de personalização e adequação.
EMPREENDA MAIS Imulheres (arquivo pessoal)
Além de outras profissionais incríveis que nos cederam seu tempo e conhecimento, o dia foi de muito aprendizado. Um dia para nos mostrar que a consistência na qualidade do trabalho e a criação de uma comunidade atuante e integrada são metas essenciais para o desenvolvimento de negócios a longo prazo. O relacionamento com o cliente também precisa ser uma prioridade, construído como uma relação de confiança. Quando falamos sobre a importância desses eventos especializados em empreendedorismo feminino, falamos sobre a reparação histórica pela entrada tardia das mulheres no mercado de trabalho, suas dificuldades de permanência e falta de oportunidades em grandes cargos. É pensar sobre a jornada tripla de trabalho, uma triste realidade brasileira, em que muitas mulheres enfrentam cuidam da casa, dos filhos e trabalham para sustentar suas casas sozinhas. O empreendedorismo vem como uma fresta aberta com muita luta e persistência, como estratégia de sobrevivência e prosperidade. Até aqui, o que guia, na maioria das vezes, é a necessidade. Agora, é tempo de reivindicar a liderança do mercado de trabalho, já que são os pequenos negócios que movimentam a economia local e estes são comandados por mulheres, em sua maioria.
Agora, a luta não é pela necessidade de sobrevivência, é pela realização de sonhos e potências, para a felicidade e a liberdade da autonomia financeira.