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Esperança de R$ 7 Milhões: SUS Passa a Ofertar Terapia Gênica Revolucionária para Crianças com AME

Acordo histórico com a Novartis garante tratamento inovador para crianças com Atrofia Muscular Espinhal, colocando o Brasil entre os poucos países a oferecer a medicação pelo sistema público de saúde.

Terapia Gênica Revolucionária para Crianças com AME
Unsplash

Uma revolução silenciosa, mas impactante, acaba de acontecer no Sistema Único de Saúde (SUS). O Ministério da Saúde anunciou a inclusão do Zolgensma, um dos medicamentos mais caros do mundo – avaliado em R$ 7 milhões por dose –, no tratamento de crianças com Atrofia Muscular Espinhal (AME) tipo 1. Com esse acordo inédito firmado com a farmacêutica Novartis, o Brasil entra para o seleto grupo de seis países que oferecem essa terapia genética pelo sistema público de saúde.

A cereja do bolo? O pagamento da medicação será condicionado ao resultado do tratamento. Ou seja, se o remédio não trouxer os benefícios esperados, a conta não fica apenas para os cofres públicos.

O que é a AME e por que o Zolgensma é um divisor de águas?

A Atrofia Muscular Espinhal (AME) é uma doença genética rara e devastadora, que atinge principalmente crianças. Ela afeta os neurônios motores e compromete funções essenciais como respirar, engolir e se mover. Sem tratamento, a maioria das crianças diagnosticadas com AME tipo 1 não chega a completar dois anos de vida.

O Zolgensma surge como um marco na medicina porque atua diretamente na raiz do problema: ele substitui o gene defeituoso que causa a doença por uma cópia funcional. E o melhor: em uma única aplicação intravenosa. Diferente de outros tratamentos, que exigem doses contínuas ao longo da vida, essa terapia gênica pode oferecer uma melhora significativa e até mesmo interromper a progressão da doença.

Impacto real: números e projeções

Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), estima-se que 287 crianças tenham nascido com AME em 2023. Como a terapia será ofertada pelo SUS para bebês de até 6 meses de idade, um número significativo de famílias poderá ter acesso ao tratamento sem precisar recorrer a campanhas desesperadas de arrecadação na internet.

Antes da incorporação do Zolgensma ao SUS, famílias brasileiras enfrentavam um verdadeiro drama: conseguir o dinheiro para custear o remédio era uma missão quase impossível. Muitas recorriam a vaquinhas virtuais e ações judiciais, enquanto o tempo – e a esperança – se esvaía.

Agora, com essa decisão, o Estado assume um papel crucial: garantir que nenhuma criança com AME tipo 1 precise lutar contra a burocracia e a falta de recursos enquanto sua saúde se deteriora rapidamente.

O acordo do SUS com a Novartis e o futuro da terapia gênica no Brasil

O modelo de pagamento adotado pelo Ministério da Saúde segue um conceito inovador no Brasil. Em vez de simplesmente pagar os R$ 7 milhões por dose de forma automática, o governo só desembolsará o valor caso o tratamento apresente os resultados esperados. Isso incentiva a transparência, reduz riscos financeiros e garante que os pacientes realmente se beneficiem da terapia.

Além disso, a chegada do Zolgensma ao SUS marca um passo importante para futuras incorporações de terapias genéticas. Estamos falando de uma nova era da medicina, em que tratamentos antes impensáveis começam a se tornar realidade – e acessíveis.

Vitória da ciência, da saúde pública e das famílias brasileiras

O Brasil tem muitos desafios na saúde pública, mas essa conquista merece ser celebrada. O acordo firmado com a Novartis não apenas dá esperança a centenas de famílias como também demonstra que o SUS pode, sim, estar na vanguarda dos tratamentos de ponta.

O caminho é longo, e ainda há muito a ser feito para garantir que o acesso seja universal e eficiente. Mas uma coisa é certa: o Brasil acaba de dar um passo gigantesco na luta contra a AME e na democratização da saúde de alta tecnologia.



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