Faustão: atualizações sobre estado de saúde do apresentador
- Da redação
- há 2 dias
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Por mais de três décadas, Fausto Corrêa da Silva, o Faustão, foi presença certa nas tardes de domingo de milhões de brasileiros. O improviso afiado, as gargalhadas amplas e o talento para comandar o caos organizado da TV ao vivo fizeram dele não apenas um apresentador, mas parte do imaginário coletivo nacional.
Nos últimos dois anos, no entanto, a cena mudou drasticamente. As luzes da televisão deram lugar ao branco das UTIs, aos bipes dos monitores cardíacos e ao som constante de ventiladores mecânicos. A vida do apresentador se transformou em uma sequência de batalhas médicas — cada uma mais complexa que a anterior.
Orações vindas de todos os cantos do Brasil
No quarto de UTI do Hospital Israelita Albert Einstein, está Fausto Silva, o Faustão. Fora dali, nas ruas, timelines e programas de TV, o Brasil inteiro sussurra orações, troca mensagens e, em silêncio, mede o peso da ausência de um dos maiores comunicadores da história do país.

Aos 75 anos, Faustão está internado desde 21 de maio, vítima de uma infecção bacteriana grave que evoluiu para sepse.
A gravidade da sepse
Sepse não é apenas uma infecção grave: é uma corrida contra o tempo. No Brasil, mata cerca de 55% dos pacientes internados em UTI com o diagnóstico, segundo dados do Instituto Latino-Americano de Sepse (ILAS). Em um organismo já fragilizado por múltiplos transplantes e procedimentos invasivos, o risco se multiplica.
A dificuldade de recuperação aumenta quando o sistema imunológico é deliberadamente enfraquecido por medicamentos para evitar a rejeição de órgãos — abrindo espaço para infecções oportunistas e bactérias resistentes.
As questões além do leito
O caso Faustão expõe temas que vão além de seu estado clínico:
Transparência em transplantes: a doação direta de órgãos por familiares é legal, mas desperta discussões sobre acesso igualitário.
Saúde de alta complexidade: o privilégio de tratamentos em hospitais de ponta contrasta com a realidade de milhares de pacientes na fila.
Impacto emocional: para o público, ver um ídolo nessa condição é também um lembrete da vulnerabilidade humana.
Faustão e o retrato dos transplantes em São Paulo
Enquanto o país acompanha apreensivo a situação de Fausto Silva, o Estado de São Paulo fechava o balanço parcial de 2025 com números expressivos: mais de 1,5 mil transplantes de órgãos realizados até outubro.
Segundo a Secretaria de Estado da Saúde, o rim foi o órgão mais transplantado neste ano, com 1.166 cirurgias, seguido pelo fígado, com 391 procedimentos.
No caso de Faustão, que já havia passado por um transplante cardíaco em 2023 e um renal em fevereiro de 2024, o mês de agosto de 2025 marcou dois novos marcos: um transplante de fígado no dia 6 e, apenas 24 horas depois, um retransplante de rim. Ambos os órgãos foram doados por um familiar, dispensando a entrada do apresentador na fila única de transplantes — algo previsto na legislação quando se trata de doador vivo ou em situações específicas.
O dado chama atenção para a complexidade do procedimento vivido pelo apresentador. Enquanto a maioria dos transplantes no estado é resultado de anos de espera e captação via Sistema Nacional de Transplantes, o caso dele envolve fatores logísticos e médicos muito mais raros: múltiplos órgãos, cirurgias em sequência e um histórico recente de infecções e rejeições.
Especialistas ouvidos pela reportagem reforçam que a alta taxa de transplantes em São Paulo é resultado de políticas públicas consistentes na área, mas lembram que a recuperação depende não apenas da cirurgia, mas de um acompanhamento contínuo, controle rigoroso de rejeição e prevenção de infecções.
Linha do tempo da luta de Faustão
Agosto de 2023 – Transplante cardíaco
Após problemas cardíacos graves e refratários ao tratamento, Faustão passou por um transplante de coração. O procedimento foi bem-sucedido, mas exigiu forte imunossupressão, fragilizando o sistema de defesa do organismo.
Fevereiro de 2024 – Transplante de rim
Com a função renal comprometida, Faustão recebeu um rim novo. Pouco tempo depois, episódios de rejeição e complicações levaram à necessidade de hemodiálise.
Maio de 2025 – Internação por infecção grave
No dia 21 de maio, foi internado no Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo, com uma infecção bacteriana que evoluiu para sepse — condição crítica em que a resposta inflamatória do corpo ameaça múltiplos órgãos.

Agosto de 2025 – Dois transplantes em dois dias
6 de agosto: transplante de fígado.
7 de agosto: retransplante renal, planejado há cerca de um ano.
Ambos os órgãos vieram de um mesmo doador, um familiar, dispensando o apresentador da fila regular de transplantes. Essa doação direta explica por que ele não precisou entrar na fila de espera oficial.
O estado atual de Fausto Silva
No último sábado, 9 de agosto, o Hospital Israelita Albert Einstein foi palco de um momento que trouxe alívio para familiares, amigos e fãs: Fausto Corrêa da Silva, o eterno Faustão, foi extubado após dias de respiração assistida. Cercado pelo cuidado atento da equipe médica, ele recebeu, no domingo (10), a visita dos filhos — em plena data simbólica do Dia dos Pais.
A cena, longe dos holofotes que marcaram sua carreira, é a mais recente página de uma história de resistência e ciência que se entrelaçam desde que o apresentador iniciou sua jornada contra complicações graves de saúde, passando por quatro transplantes em pouco mais de dois anos.
No podcast Ielcast, o cardiologista Elisiário Júnior — que não integra a equipe médica do apresentador — descreveu um quadro preocupante:
“Ele deve estar com muitas bactérias resistentes, daí o tempo prolongado de internação hospitalar. Infelizmente, as chances do Faustão são mínimas.”
Segundo Elisiário Júnior, as chances de recuperação são mínimas, especialmente pela sequência de cirurgias de alta complexidade em um corpo já fragilizado.
A fala gerou repercussão imediata, misturando indignação, solidariedade e uma sensação de que o país está, mais uma vez, acompanhando em tempo real o limiar entre a vida e a morte de um ícone.
Amigo e filho de Faustão reagem a prognósticos sombrios
As declarações do cardiologista Elisiário Júnior repercutiram nas redes sociais — foi dito que o quadro de saúde de Faustão era crítico. A fala, embora seja opinião médica livre, gerou ansiedade entre fãs, familiares e admiradores que acompanham cada evolução do apresentador.
O jornalista Flávio Ricco, amigo de longa data, foi rápido ao rebater o prognóstico negativo:
“Faustão está consciente, emocionado, cercado pela família. É um guerreiro, e cada melhora é motivo para agradecer.”
A fala imediatamente trouxe um sopro de alívio: trata-se não de minimizar o quadro clínico, mas de lembrar que cada avanço importa — que, especialmente em situações sensíveis, o apoio e a esperança são também partes da cura.
João Silva, filho de Faustão, se manifestou em rede social com tom sereno, porém firme. Agradecendo orações e carinho:
“Meu pai é um cara muito forte, inspira todo mundo… a palavra neste momento é resiliência. Agradeço a Deus que está dando, cada vez mais, oportunidade de meu pai se recuperar.”
Quando a notícia é também um espelho
O caso de Faustão reacende debates sobre:
A transparência nos processos de doação e transplante no país.
O acesso desigual à medicina de ponta — e como figuras públicas despertam atenção para problemas que afetam milhares de pacientes anônimos.
O desgaste físico e emocional de pacientes submetidos a procedimentos sucessivos e agressivos.
Entre o homem e o mito
Faustão não é só o apresentador que, por mais de três décadas, preencheu tardes de domingo com quadros populares e plateias vibrantes. Faustão é mais que um comunicador. Ele é um símbolo de um tempo em que a TV aberta era o principal elo entre a casa e o mundo. É um personagem que atravessou gerações e soube se manter presente na cultura pop mesmo na era das redes sociais.
Mas agora, fora do vídeo, sua luta expõe outro lado do Brasil: o da saúde de alta complexidade, dos transplantes, das filas invisíveis, das discussões éticas e da fragilidade humana. Sua luta atual, silenciosa e longe das câmeras, talvez seja o papel mais difícil de sua carreira — aquele em que não há roteiro, improviso ou plateia para aplaudir.
As especulações se acumulam. E, como todo grande comunicador, ele continua contando uma história — a de resistir, um dia de cada vez.
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