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Roman Starovoit, ex-ministro dos Transportes da Rússia é encontrado morto horas após ser demitido por Putin

  • Foto do escritor: Manú Cárvalho
    Manú Cárvalho
  • 8 de jul.
  • 3 min de leitura

Por Manu Cárvalho

Roman Starovoit
Reprodução/AP

O ex-ministro dos Transportes da Rússia, Roman Starovoit, foi encontrado morto na útilma segunda-feira (7), apenas algumas horas após ser oficialmente exonerado de seu cargo pelo presidente Vladimir Putin. De acordo com o Comitê Investigativo da Rússia, a principal linha de investigação aponta para suicídio, embora as circunstâncias estejam sendo apuradas com cautela.


O corpo do político foi localizado dentro de um carro, em uma área de Odintsovo, subúrbio nobre de Moscou. Starovoit apresentava um ferimento à bala no peito, supostamente autoinfligido. Próximo a ele, foi encontrada uma arma, registrada legalmente.


Demissão repentina e sem explicações

A exoneração de Roman Starovoit foi anunciada por decreto presidencial poucas horas antes da notícia de sua morte. A decisão pegou de surpresa até os aliados mais próximos. Ao ser questionado sobre o motivo da demissão, o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, descartou que tenha sido por "falta de confiança", mas não apresentou qualquer justificativa alternativa.


A ausência de explicações oficiais alimentou especulações sobre pressões internas no alto escalão do governo russo e a possibilidade de que a demissão estivesse relacionada a investigações em andamento sobre corrupção e falhas administrativas.


Carreira política e momentos de crise

Antes de assumir o Ministério dos Transportes em maio de 2024, Starovoit foi governador da região de Kursk, no sudoeste do país. A área tem importância estratégica por fazer fronteira com a Ucrânia, o que a colocou no centro de diversos conflitos e tensões recentes.


Durante sua gestão, Starovoit foi parcialmente responsabilizado por falhas na segurança regional, inclusive na instalação de defesas contra incursões ucranianas. Embora tenha deixado o cargo antes da ofensiva surpresa da Ucrânia no território russo, parte da elite política russa teria atribuído a ele um histórico de negligência.


Suspeitas de corrupção abalam bastidores

A morte de Starovoit também ocorre no rastro de acusações de corrupção que abalaram sua antiga administração em Kursk. Seu sucessor, Alexei Smirnov, foi detido em abril deste ano, acusado de desviar cerca de US$ 246 milhões destinados à construção de fortificações na região.


Segundo informações extraoficiais, Smirnov teria apontado o nome de Starovoit durante os interrogatórios, o que poderia ter intensificado o cerco ao ex-ministro e contribuído para sua demissão repentina — e, possivelmente, para sua decisão trágica.


Choque entre autoridades e população

A morte de uma figura política de alto escalão como Roman Starovoit reacende discussões dentro e fora da Rússia sobre a pressão emocional e política enfrentada por quem ocupa cargos estratégicos no governo de Putin. Em um sistema altamente centralizado, em que lealdade é frequentemente colocada acima da transparência, a saída de cena de Starovoit pode ser vista tanto como um episódio trágico quanto como um síntoma de algo maior e mais silencioso que se desenrola nos bastidores do poder russo.


Repercussão internacional e clima de tensão

Veículos internacionais, como The Guardian, Reuters e Al Jazeera, repercutiram a notícia com tom de desconfiança e apreensão, ressaltando o histórico recente de mortes de autoridades e empresários russos em circunstâncias semelhantes desde o início da guerra na Ucrânia.


Nas redes sociais, cidadãos russos expressaram tristeza e incredulidade com a notícia, enquanto especialistas em política internacional alertam para um possível cenário de reconfiguração interna no alto escalão do Kremlin, especialmente diante dos desafios logísticos da guerra e das sanções econômicas que o país enfrenta.


A última jornada de um servidor público

Roman Starovoit tinha 51 anos e era conhecido por sua trajetória técnica e discreta, sem grandes envolvimentos em polêmicas públicas. Casado, pai de dois filhos, sempre teve forte ligação com o setor ferroviário russo. Seu primeiro grande cargo foi como diretor da Rosavtodor, a agência de estradas da Rússia.


Em nota breve, a família pediu respeito e privacidade neste momento de dor. O funeral deve ocorrer nos próximos dias em Moscou, com cerimônia reservada.


A morte de Starovoit não é apenas um evento trágico — ela carrega simbolismos profundos sobre os custos invisíveis do poder em regimes autoritários. Mais do que um ponto final, talvez essa história seja o início de uma nova fase de escrutínio sobre os bastidores do governo Putin.

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