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Fiquemos com a pureza da criança

  • Foto do escritor: Marcelo Teixeira
    Marcelo Teixeira
  • há 2 dias
  • 2 min de leitura
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A morte do cantor e compositor mineiro Lô Borges, um dos fundadores do movimento musical conhecido como Clube da Esquina, trouxe à baila não só emoções e saudades gostosas de serem vividas e sentidas, mas também depoimentos de artistas que conviveram com ele. Um dos que mais me chamou atenção foi o do jornalista Pedro Bial, que disse que Lô, assim como Milton Nascimento, era uma criança.


     Fiquei pensando a respeito e cheguei à conclusão de que muitas pessoas públicas a quem admiramos são quem são porque não perderam o brilho no olhar, o encantamento, a leveza, a poesia, o encantamento pelo belo e pelo simples e, muito menos, a esperança na humanidade. Talvez seja esse o caso de Lô Borges, do Milton e tantos outros que há por aí.


Em uma música do movimento espírita kardecista chamada “Quero, quero”, há um trecho de que gosto muito: “Ser criança no modo de ser e adulto no modo de agir”. Crianças serão adultas um dia. No entanto, apesar das responsabilidades do mundo dos crescidos, não percamos a pureza que não discrimina, o olhar de encantamento frente o novo e o belo, a sinceridade de propósitos, a capacidade de acreditar nas pessoas e trazê-las para perto do que nos faz felizes, entre outras coisas que crianças fazem de livre e espontânea vontade e sem qualquer tipo de preconceito. Esta é a criança que devemos mante viva dentro de nós e que fez Lô encantar gerações de fãs e admiradores.


Em contrapartida, existem os adultecentes, termo genial criado pelo economista estadunidense Benjamin Barber no livro “Consumido – como o mercado corrompe crianças, infantiliza adultos e engole cidadãos” (Ed. Record). O autor, com muita propriedade, mostra como a sociedade de consumo tem pressa de que os adultos cresçam para se tornarem consumidores infantilizados. Isso mesmo? Uma gente birrenta, cheia de vontades, que não aceita uma resposta negativa, não consegue assumir responsabilidades e vive aprontando.


Garanto que você já se deparou com um desses adultos que fez questão de crescer rapidamente para se tornar uma eterna criançola insuportável, que vive dirigindo embriagada, adora fazer escândalo em local público, causa acidentes de trânsito (muitas vezes fatais) e depois foge para debaixo da asa dos pais (igualmente infantilizados). Se essa criança for do sexo masculino, sempre haverá uma garrafa de bebida alcoólica por perto, um boné na cabeça e com a aba voltada para trás etc. Um tipo bem conhecido entre influenciadores e jogadores de futebol, por exemplo.


Por isso, na hora de evocarmos a criança que há em nós, tenhamos em mente o encantamento criativo, puro e livre de Lô Borges. Nunca a infantilidade de gente que não soube crescer e subverte o trecho da canção que transcrevi há algumas linhas. Para os adultecentes, o que vale é ser criança no modo de agir e adulto no modo de ser, isto é, na aparência. Aí, não é legal.


  Saudades, Lô. Sei que o trem azul veio te buscar.


Marcelo Teixeira

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