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Identidade regional ganha protagonismo nas passarelas brasileiras

  • Foto do escritor: Yuri Barretto
    Yuri Barretto
  • há 2 dias
  • 2 min de leitura
Identidade regional na moda brasileira
Reprodução: /Foto/Instagram/@hisandeverdade

Da tradição ao contemporâneo: quando a moda conta histórias


A moda brasileira atravessa um momento de transformação em que olhar para dentro se torna tão ou mais importante do que acompanhar tendências globais. Se durante décadas as passarelas do país buscavam referências no eixo europeu, hoje o movimento é de resgate da pluralidade nacional, valorizando a força das culturas locais. Nesse contexto, falar de identidade regional não é apenas uma questão estética, mas também um gesto político de afirmação e reconhecimento.


Dendezeiro: moda com raízes no sertão e na Amazônia


Majur, para o desfile da marca Dendezeiro
Reprodução: /Foto/Site/Inmagazine

Entre as marcas que mais têm se destacado nesse cenário está a Dendezeiro, criada em Salvador, na Bahia, e já considerada um dos nomes mais relevantes da moda autoral contemporânea. O diferencial da grife está em criar narrativas que dialogam com o território brasileiro, sempre a partir de uma perspectiva atual, ousada e inclusiva.


Em diferentes coleções, a Dendezeiro transportou para as passarelas o imaginário do sertão nordestino e da Amazônia, regiões que, apesar de geograficamente distantes, compartilham uma riqueza simbólica inestimável. No sertão, o olhar da marca se voltou para a aridez e a resistência. As peças surgiram em tons terrosos, evocando o chão rachado pela seca, com modelagens que remetem tanto à rusticidade quanto à beleza de uma paisagem que simboliza sobrevivência e força.


Já na Amazônia, a marca escolheu ressaltar a abundância da floresta e das águas. Tecidos fluidos, estampas que lembravam folhas e texturas inspiradas em raízes e troncos revelaram um lado mais orgânico da moda, reforçando a ideia de conexão entre corpo, território e ancestralidade. O verde intenso, o azul profundo e os detalhes artesanais trouxeram frescor às passarelas e aproximaram o público da exuberância da região.


Quando a passarela se torna manifesto cultural


Reprodução: /Instagram/@dendezeiro

Mais do que roupas, essas coleções apresentaram narrativas culturais. O sertão e a Amazônia, quando revisitados sob a ótica da moda, deixaram de ser apenas cenários para se tornarem protagonistas. Cada peça desfilada funcionou como manifesto sobre pertencimento e orgulho, sobre resistência e diversidade.


Ao propor esse mergulho nas identidades regionais, a Dendezeiro contribui para desconstruir uma visão homogênea da moda brasileira e evidencia que o design nacional não precisa se moldar a padrões externos para alcançar a sofisticação. Pelo contrário: é justamente nas raízes culturais, muitas vezes marginalizadas, que reside a potência criativa mais autêntica.


Um futuro tecido pela diversidade


Reprodução: /Foto/Site/Inmagazine


Esse movimento aponta para um futuro em que a moda se consolida como ferramenta de representatividade e reconhecimento. Ao trazer para a passarela símbolos, cores e histórias que fazem parte da memória coletiva, marcas como a Dendezeiro mostram que vestir-se pode ser também um ato de conexão com a própria identidade.


Assim, a moda brasileira se reinventa, reafirmando que sua maior sofisticação está em celebrar aquilo que é genuinamente nosso. Do sertão à Amazônia, das tradições à contemporaneidade, cada coleção costura não apenas tecidos, mas também histórias, memórias e pertencimentos.

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