Lady Gaga firma recorde mundial
- Da redação
- 4 de mai.
- 3 min de leitura
Evento gratuito movimenta economia e redesenha debates sobre cultura como política pública

No último sábado (3), a Praia de Copacabana, no Rio de Janeiro, tornou-se palco de um acontecimento histórico: Lady Gaga se apresentou gratuitamente para cerca de 2,1 milhões de pessoas, segundo estimativas da Prefeitura do Rio e da Polícia Militar. O evento marca não apenas o maior público já registrado por uma artista feminina na história, mas também um marco na relação entre cultura, economia e gestão pública.
Sim, foi um espetáculo. Mas também foi uma demonstração prática do impacto estratégico que grandes eventos culturais podem ter em uma cidade — e num país que busca se reerguer em vários setores, inclusive o turismo.
Uma noite de recordes
A apresentação gratuita faz parte de uma série de shows globais da cantora, que recentemente passou por festivais como o Coachella e por estádios lotados na Cidade do México. Copacabana, contudo, entrou para a história: nunca antes uma artista feminina havia cantado para tanta gente em um único show. Gaga agora segue para Singapura, antes de embarcar na turnê mundial The MAYHEM Ball.

No Brasil, a produção do evento ficou a cargo da Bonus Track, em parceria com a Live Nation — empresas de peso no mercado de entretenimento ao vivo. E como em qualquer megaevento, houve uma operação complexa para viabilizar a apresentação.
Parceria público-privada e fomento cultural
O show foi possível graças a um robusto modelo de parceria público-privada. Além do patrocínio da Corona, o evento contou com apoio direto do Governo do Estado do Rio de Janeiro e da Prefeitura da cidade, que ajudaram a organizar o aparato logístico e de segurança. O patrocínio oficial veio ainda do Santander Brasil (banco oficial), da LATAM (companhia aérea oficial) e de marcas como Guaraná Antarctica, Beats, C&A, TRESemmé, 99, Deezer e Absolut.
O apoio não foi apenas simbólico. Com expectativa de injetar mais de R$ 200 milhões na economia local, o evento movimentou o setor hoteleiro, a gastronomia, o comércio de rua e os serviços de transporte público e privado. Linhas de metrô, VLT e ônibus operaram em regime especial, e a rede de segurança contou com reforço policial e monitoramento 24h.
Quando cultura vira política pública
Além de celebrar o poder da arte, o evento reacende o debate sobre o papel da cultura como política pública. Em um cenário onde cortes orçamentários ainda afetam áreas como educação, saúde e cultura, a realização de um evento desse porte com apoio institucional mostra como o investimento no setor pode gerar retorno direto à população, não apenas em lazer, mas também em empregos, circulação de renda e projeção internacional.
Créditos: Kevin Mazur /Live Nation
A transmissão do show pelos canais TV Globo, Multishow e Globoplay ampliou o alcance para milhões de brasileiros em casa, provando que o acesso à cultura de qualidade pode e deve ser democratizado — ainda que para isso seja necessário repensar como se distribuem recursos e como se criam políticas de incentivo.
Reflexo de um Brasil que quer se ver no mundo
O que se viu em Copacabana foi mais do que um show. Foi um retrato do Brasil que deseja se projetar globalmente sem abrir mão da inclusão cultural. Foi a celebração da diversidade, da música, da liberdade e, acima de tudo, do encontro — algo cada vez mais raro em tempos de polarização e instabilidade.
No fim da noite, entre gritos, aplausos e lágrimas, ficou a impressão de que aquela multidão não estava ali apenas por Gaga — mas por si mesma. Por um país que precisa de respiros como esse. E por uma política que entenda que cultura não é gasto: é investimento em futuro, pertencimento e identidade.
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