Liderança feminina ilumina o caminho do turismo sustentável no Rio
- Da redação
- 20 de set.
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A Cidade das Artes abre suas portas para o SITUS 2025, o maior seminário latino-americano de turismo sustentável, e o que se coloca no centro do palco não é apenas o debate sobre economia verde, mas o protagonismo feminino em uma área historicamente conduzida por vozes masculinas. Sob o lema “Preservar é Prosperar”, o evento aposta que o futuro do turismo não se constrói apenas com paisagens preservadas, mas com novas formas de liderança, mais inclusivas, sensíveis e conectadas ao social.

O turismo, muitas vezes associado a cifras e estatísticas de visitantes, encontra no SITUS um espaço para discutir algo mais profundo: como transformar o ato de viajar em um instrumento de transformação cultural, econômica e comunitária. Segundo dados da Organização Mundial do Turismo (OMT), 54% da força de trabalho do setor no mundo é composta por mulheres, mas poucas ocupam cargos de decisão. O SITUS vem, portanto, como resposta a essa disparidade: valorizar as trajetórias femininas que não apenas ocupam espaço, mas o reinventam.
Entre os nomes confirmados estão Paula Mélich, Delegada do Governo da Catalunha, Cilene Sabino, Secretária de Cultura e Turismo de Belém, e Szilvia Gyimóthy, professora da Copenhagen Business School. Todas trazem exemplos concretos de como o turismo sustentável pode ser motor de inclusão social, gerando renda para comunidades locais e ressignificando o papel da mulher como agente de mudança.
“O SITUS é um espaço de cooperação entre governos, empresas, academia e sociedade civil para transformar o turismo em uma força de preservação e prosperidade. É um convite à ação”, afirma Ricardo Carvalho , presidente do INTUS.
O evento, promovido pelo INTUS – Instituto para o Desenvolvimento do Turismo Sustentável na América Latina e Caribe, vai além dos painéis. Será também uma vitrine de inovações tecnológicas e sociais, um espaço de networking com investidores e, sobretudo, um convite à ação. A Carta do Rio: Municípios pela Sustentabilidade no Turismo, que será produzida a partir das escutas com gestores locais, busca dar legitimidade a vozes frequentemente invisibilizadas nos processos de decisão: as dos territórios e suas comunidades.
Não por acaso, a Embratur coordena um workshop paralelo dedicado ao turismo de base comunitária, com foco em preservação histórica, cultural e ambiental. Essa é uma das áreas em que as mulheres têm se destacado, seja liderando cooperativas, seja transformando o artesanato, a gastronomia e a memória coletiva em produtos turísticos de impacto.
O SITUS 2025 marca, assim, uma virada simbólica. Ao colocar a liderança feminina no centro do debate, o seminário amplia a compreensão de sustentabilidade: não se trata apenas de plantar árvores ou reduzir a pegada de carbono, mas de plantar justiça, equidade e protagonismo.
No momento em que o turismo mundial se recupera dos abalos da pandemia e das crises climáticas, o Rio de Janeiro tem a chance de se posicionar como referência global. Mas fica a pergunta: o Brasil, com toda a sua diversidade cultural e ambiental, está pronto para sustentar um modelo de turismo que não exclui, mas integra? Que não explora, mas valoriza?
Talvez a resposta esteja justamente na força de quem, por séculos, foi invisibilizada. Porque, no fim, o turismo que prospera é o que preserva – não apenas a natureza, mas também a dignidade e a voz das mulheres.
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