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Lifting aos 30: entre a moda das celebridades e a linha tênue entre cuidado e obsessão

  • Foto do escritor: Shayla Silva
    Shayla Silva
  • 20 de ago.
  • 5 min de leitura

Nos últimos meses, a aparição de algumas celebridades têm causado o maior burburinho nas redes. O mesmo se deve ao fato delas surgirem com a aparência totalmente repaginada, “debutando” novos rostos, com traços visivelmente modificados e aspecto rejuvenescido. 



Anitta - Reprodução
Anitta, antes e depois - Reprodução

Recentemente, a cantora Anitta e a atriz Emma Stone surgiram com feições visivelmente modificadas, levantando suspeitas sobre a realização de lifting facial, procedimento até pouco tempo associado a quem já passou dos 50 anos.


Também podemos citar Kris Jenner e Lindsay Lohan na lista de celebs com “novos rostos”. No entanto, o caso que mais repercutiu foi o da cantora brasileira. Depois de um breve sumiço, Anitta reapareceu no fim de junho exibindo mudanças significativas no nariz, no contorno mais afunilado da face e em áreas como olhos e boca.


O que chamou a atenção foi a idade da cantora, que tem 32 anos, afinal ela nunca escondeu sua afinidade por procedimentos estéticos. Mas 30 anos não seria muito cedo para um procedimento invasivo, como uma cirurgia de lifting? E isso, claro, gerou debate sobre a banalização — ou não — destes procedimentos, com dúvidas a respeito da idade certa para realizá-los. 


Se Anitta e as demais famosas realmente fizeram um facelift, não podemos afirmar, mas ouvimos especialistas para tirar dúvidas sobre a cirurgia e suas indicações, e de como as expectativas irreais das redes sociais podem impactar a saúde mental, especialmente de mulheres.


Facelift: o que é e evolução da cirurgia


O lifting facial, também chamado de facelift, é uma cirurgia plástica indicada para corrigir a flacidez da pele, amenizar rugas e restaurar o contorno do rosto. Embora existam tecnologias menos invasivas capazes de melhorar alguns desses aspectos — como ultrassom microfocado, lasers e bioestimuladores —, o lifting é a opção mais eficaz quando há sobra de pele significativa ou necessidade de reposicionar estruturas profundas como músculos e gordura.



Kris Jenner, antes e depois - Reprodução
Kris Jenner, antes e depois - Reprodução

Segundo o cirurgião plástico Fernando Lamana (CRM 71636 | RQE 62555), membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica:


“A avaliação para indicação do lifting facial é feita de forma criteriosa e individualizada, com base na análise da flacidez cutânea, da estrutura óssea, do grau de envelhecimento dos tecidos profundos e da elasticidade da pele. Mais do que a idade cronológica, o que define a indicação é o estado clínico e estético da paciente”.

O especialista reforça que não há contraindicação do lifting facial apenas pela idade, e que os riscos do cirúrgicos são os mesmos, ainda que feito na faixa dos 30, mas alerta que a cirurgia precoce pode trazer consequências, como acelerar a necessidade de retoques futuros. “Por isso, é fundamental avaliar se há realmente flacidez suficiente para justificar o lifting ou se a queixa pode ser resolvida com tecnologias menos agressivas.”


Da harmonização facial a outras alternativas


Ainda sobre tecnologias não invasivas, o cenário estético vem mudando. A fase da harmonização facial excessiva, com grandes volumes de ácido hialurônico, perdeu espaço. Muitas pessoas, inclusive jovens, estão revertendo preenchimentos e buscando remodelar o rosto por meio de cirurgias. A tendência agora é um visual mais natural e duradouro, obtido por técnicas avançadas de lifting.


Segundo o cirurgião, entre os procedimentos queridinhos das celebridades estão o Deep Plane Facelift, uma das técnicas de lifting, mas também há opções menos invasivas como o Ultraformer e o Morpheus. O deep plane se destaca por reposicionar camadas mais internas do tecido facial, trabalhando músculos e gordura em vez de apenas tensionar a pele, criando uma aparência mais jovem e harmoniosa.


É indicado para quem já possui sinais mais avançados de flacidez, enquanto as duas outras opções não cirúrgicas são alternativas adequadas para pacientes mais jovens ou com flacidez localizada.


Tipos de lifting facial e suas indicações


O avanço das técnicas cirúrgicas trouxe opções mais seguras e personalizadas. Entre elas, o Dr. Fernando destacou as seguintes:


  • Deep Plane Facelift: atua nos planos mais profundos da face, reposicionando músculos e gordura. Indicado para quem busca resultados naturais e duradouros, com menor tração na pele.


  • Lifting cervicofacial clássico: tradicional, indicado para flacidez acentuada em rosto e pescoço. Envolve incisões ao redor das orelhas e reposicionamento dos tecidos profundos.


  • Mini lifting: com incisões menores e recuperação mais rápida, é indicado para flacidez leve a moderada, geralmente entre os 40 e 50 anos.


  • Lifting frontal: foca na região da testa e glabela, podendo ser feito por técnicas abertas ou endoscópicas.


  • Lifting médio facial: trabalha a região malar (bochechas), restaurando volume e suavizando sulcos nasogenianos, muitas vezes associado a outras técnicas.


O caso Anitta


Anitta estava afastada dos holofotes desde 16 de junho, após cancelar uma apresentação no São João de Campina Grande por conta de uma infecção bacteriana severa. A cantora relatou que o tratamento exigiu antibióticos intravenosos e repouso absoluto, mas que não teve a ver com nenhum procedimento estético.


Anitta, antes e depois - Reprodução
Anitta, antes e depois - Reprodução

Quando reapareceu semanas depois, o foco da mídia não foi sua recuperação, mas o novo visual. Logo, começaram as especulações sobre um possível facelift — o que não foi confirmado na mídia. 


Segundo o Dr. Lamana, além de uma provável rinoplastia — pois o nariz está mais alongado — e preenchimento labial, a mudança mais perceptível foi o afinamento do rosto. “O que pode ser obtido por um ou mais dos seguintes procedimentos: Ultraformer, provavelmente emagrecimento, e talvez o Deep Plane Facelift.”


Redes sociais, padrões irreais e dismorfia de imagem

Lamana observa que é cada vez mais comum pacientes chegarem ao consultório com fotos de celebridades e influenciadores, pedindo resultados iguais. “Replicar um resultado de forma exata é não apenas tecnicamente impossível, mas também indesejável. O atendimento ético exige escuta ativa, orientação responsável e, em alguns casos, a recusa da cirurgia se houver expectativa distorcida ou falta de indicação real.”


A psicóloga Carla Campos alerta para o impacto psicológico desse cenário. O Transtorno Dismórfico Corporal (TDC), ou dismorfia de imagem, tem sido potencializado pelo uso de filtros e edições nas redes, criando “uma autoimagem fragmentada, onde o rosto real passa a ser rejeitado em comparação com a versão idealizada apresentada online”.

Segundo ela, essa pressão estética pode gerar consequências sérias, que afetam o físico e o emocional. A profissional pontua os seguintes problemas:

  1. Ansiedade e depressão crônicas.

  2. Transtornos alimentares, como anorexia e bulimia.

  3. Isolamento social por vergonha da aparência.

  4. Comportamentos compulsivos, como checagem excessiva no espelho ou cirurgias plásticas recorrentes.

  5. Quebra da autoaceitação, resultando em instabilidade emocional e sofrimento interno.


Carla alega que existe uma linha muito tênue entre um cuidado saudável com a aparência e uma obsessão. Para ela, a vaidade saudável geralmente envolve práticas que promovem bem-estar físico, psíquico, espiritual, relacional e autoestima, sem causar sofrimento nem ansiedade excessiva. Já uma obsessão disfuncional serve à necessidade de aprovação externa, gera ansiedade e insatisfação constante, com uma preocupação excessiva que acaba prejudicando a qualidade de vida e relações. 


A psicóloga alerta para alguns sinais que familiares e amigos devem se atentar, como quando a pessoa faz comentários frequentes de auto ódio corporal (“sou feia”, “minha cara é horrível”); evita fotos, espelhos ou situações sociais por vergonha da aparência; apresenta distúrbios alimentares ou de comportamento para emagrecer rapidamente; e desejo precoce por cirurgias estéticas sem indicação médica.


Neste último caso, o Dr. Lamana explica que também cabe ao profissional ter um posicionamento ético com pacientes com expectativas irreais. “O atendimento ético exige escuta ativa, orientação responsável e, em alguns casos, a recusa da cirurgia se houver expectativa distorcida ou falta de indicação real.”


Além disso, quando essa busca por uma aparência inalcançável quebra a barreira e atinge o nível emocional, impactando a vida da pessoa em diversas esferas, é importante buscar ajuda profissional. “A proposta terapêutica é resgatar a identidade real, reconstruindo a imagem interior através da verdade dela e não da comparação”, conclui a psicóloga.


*** A Revista Pàhnorama não está afirmando quais procedimentos foram realizados pelas celebridades mencionadas. Especialistas deram sua opinião com base em seus conhecimentos técnicos. 


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