Milton Nascimento é maior que o Grammy Awards
- Renata Freitas
- 4 de fev.
- 2 min de leitura

No último domingo, 2 de fevereiro, aconteceu o Grammy Awards 2025, o maior prêmio internacional de música. A minha ideia era acompanhar o Tapete Vermelho e comentar aqui sobre os artistas e suas escolhas. Veja bem, sempre que possível, procuro manter o discurso público sobre Moda em uma perspectiva mais ampla e cultural, para não dizer crítica. Mas, como Designer e uma artista apaixonada por Moda, contemplar desfiles, Tapetes Vermelhos e looks icônicos também é uma atividade essencial. Têm sido muito interessante trazer este tipo de conteúdo para a minha escrita e pensar sobre a responsabilidade que um discurso mais artístico e estético precisa ter nos espaços coletivos.
Acredito que não é novidade o que observamos no último evento Grammy, em que Milton Nascimento, mesmo indicado para o prêmio de Melhor Álbum Vocal de Jazz em uma colaboração com a artista norte-americana Esperanza Spalding, não teve seu merecido lugar nas mesas da Lista Vip, ao lado de sua colaboradora e outros artistas indicados. Parafraseando esse artista brasileiro de dimensões históricas:
"Eu sou da América do Sul, Eu sei, vocês não vão saber…" Não é novidade, mas é de se causar espanto o colonialismo racista assim, a céu aberto, nas telas de todo o Mundo, em pleno século XXI. Sempre lembro dos tempos de escola em que, ao estudar sobre guerras mundiais e Nazismo, perguntava-me: "Como as pessoas assistem o absurdo e não fazem nada?!?!". Pois bem, estou eu agora assistindo os absurdos e fazendo o que posso: escrevendo e vivendo de acordo com princípios bem estabelecidos e limites claros. Trago essa reflexão íntima ao debate público, em nome da des-alienação da Moda, como um convite ao diálogo e reflexão, porque acredito que cabe aos profissionais da Moda, em suas diversas funções, participar ativamente desse movimento. Então, deixo a questão que me fez hesitar: Como eu poderia, como profissional da Moda nestes tempos de movimentos reacionários, desviar a atenção para os looks icônicos, ignorando toda a complexidade social e cultural ao redor dos tapetes e passarelas?
Comments