O CULTO A DEUSA VIVA – A Busca de Espiritualidade e Conexão

Em um mundo marcado por crises climáticas, ansiedade digital e uma busca crescente por significado, uma das formas de espiritualidade mais antigas da humanidade está experimentando um renascimento global. O culto à Grande Mãe, a Deusa Primordial, figura enigmática e poderosa da pré-história, já cultuada entre aproximadamente 10.000 AEC e 3.000 AEC., conhecida ao longo dos séculos por nomes como Gaia, Cibele, Ísis, Pachamama ou simplesmente Mãe Terra, está atraindo um número cada vez maior de devotos, desde jovens urbanos até acadêmicos, todos em busca de uma conexão mais profunda com o sagrado feminino e com o planeta.

Diferente das religiões organizadas tradicionais, este movimento é fluido, descentralizado e profundamente pessoal. Não há uma igreja única, um dogma rígido ou um livro sagrado. Em vez disso, os praticantes se reúnem em mistos, celebram os ciclos da lua e dos solstícios, realizam rituais em jardins e florestas, e utilizam as redes sociais para compartilhar conhecimentos sobre ervas, mitologia e práticas meditativas.

"O que vemos não é um retorno ao passado, mas uma releitura contemporânea do arquétipo da Mãe", explica a antropóloga Dra. Ana Silva, da Universidade Global. "As pessoas estão cansadas de uma divindade distante e patriarcal. Elas buscam um sagrado imanente, que habita a natureza, o corpo feminino, os ciclos de vida e morte. A Deusa oferece uma espiritualidade de pertencimento, não de dominação."

No Brasil, tem acontecido um crescente ressurgimento do interesse pela antiga Deusa Hécate, uma deusa titânica da mitologia grega cuja adoração registrada abrange milênios, a busca por esta divindade está intrinsecamente ligada a movimentos religiosos contemporâneos, como o Neopaganismo e a Wicca. 

E neste último final de semana (11 e 12 de outubro) aconteceu o I Simpósio de Hécate no Brasil, realizado na cidade de São Paulo, o primeiro sediado na América do Sul. O evento foi concebido e organizado por Sorita d'Este, reconhecida autora, pesquisadora e sacerdotisa fundadora do Covenant of Hekate, tradição de bruxaria dedicada aos mistérios de Hécate.

Altar da Deusa Hécate, no I Simpósio de Hekate que aconteceu em São Paulo. (Imagem: Acervo Pessoal)

O simpósio ofereceu uma programação incluindo palestras, rituais e workshops práticos, proporcionando uma troca comunitária de experiências espirituais. Com os ingressos esgotados, o público presente participou ativamente, celebrando a comunhão dos devotos de Hécate e com uma certeza, o evento se tornará fixo no calendário brasileiro.

Muitos que ali se encontravam, são caminhantes que buscam uma reconexão com a força sagrada feminina ancestral, ou seja, vem ressurgindo um culto a Deusa viva, onde as pessoas buscam encontrar a espiritualidade e conexão com o sagrado. Além disso não há como negar que a comunidade bruxa está em ascensão, mesmo que ainda não seja mensurado por censos oficiais.

Um novo despertar se aproxima, pois em uma era de incertezas, a antiga Mãe estende seus braços, oferecendo um consolo ancestral e uma urgente mensagem: a cura do mundo começa com o reconhecimento de que ele é, em si mesmo, sagrado.