O escudo invisível: por que a vitamina C ainda é sua melhor aliada neste inverno
- Da redação
- 25 de jun.
- 4 min de leitura
Com a chegada da temporada de gripes e resfriados, a ciência reforça o papel essencial da vitamina C no fortalecimento da imunidade e no combate aos sintomas mais intensos.
Entenda como esse nutriente atua no organismo e por que algumas populações precisam dele ainda mais.

“É como se o corpo gritasse por socorro – e a vitamina C atendesse.”
A cena se repete todos os anos. Junho chega, o frio se instala e, com ele, os espirros, tosses e febres se tornam parte do cotidiano de muita gente. O cenário é ainda mais propício para o contágio em tempos secos e gelados. Mas, diferentemente do que muitos acreditam, a prevenção não está apenas na gaveta de remédios – e sim no prato.
Estudos recentes reforçam o que a sabedoria popular já dizia: a vitamina C é uma das armas mais eficazes na guerra contra os resfriados. Suplementada ou consumida por meio da alimentação, ela atua como escudo natural para o organismo, com um impacto mensurável na intensidade e duração das infecções respiratórias.
O que diz a ciência sobre a vitamina C?
Uma pesquisa publicada em 2024, conduzida por cientistas da Universidade de Helsinque, demonstrou que a suplementação regular de vitamina C pode reduzir em até 15% a gravidade dos resfriados comuns, além de encurtar a duração dos sintomas mais intensos, como febre, congestão nasal e fadiga.
“O que observamos foi que, em pessoas com um estilo de vida saudável, a vitamina C atuou como reforço da primeira linha de defesa imunológica”, explica a imunologista Dra. Clarissa Mendonça, da UFRJ. “Ela age combatendo o estresse oxidativo causado por infecções, protegendo as células de danos.”
Muito além do resfriado: um nutriente essencial

A vitamina C, ou ácido ascórbico, não é produzida pelo organismo humano. Isso significa que precisamos obtê-la diariamente por meio da alimentação ou suplementação. Ela participa de inúmeros processos metabólicos: fortalece as paredes celulares, atua na produção de colágeno, facilita a absorção de ferro e é um potente antioxidante.
“Ela é vital para mantermos a integridade da pele e das mucosas, que são barreiras naturais contra vírus e bactérias”, destaca a nutricionista funcional Fernanda Passos. “Além disso, é fundamental no combate aos radicais livres, o que ajuda a retardar o envelhecimento precoce e a proteger o DNA celular.”
Populações que precisam de mais
O que poucos sabem é que determinados grupos populacionais necessitam de uma ingestão maior de vitamina C para manter o equilíbrio do corpo. Pessoas com obesidade e diabetes, por exemplo, enfrentam níveis mais elevados de estresse oxidativo – o que demanda um reforço antioxidante diário.
“A vitamina C melhora a sensibilidade à insulina e tem papel importante no controle glicêmico de diabéticos tipo 2”, explica Fernanda. “Já em pessoas com sobrepeso, ela ajuda a reduzir marcadores inflamatórios, que estão diretamente ligados a complicações cardiovasculares e à baixa imunidade.”
Onde encontrar?

A boa notícia é que o Brasil é um paraíso cítrico. Não faltam fontes naturais de vitamina C ao alcance de qualquer mercado popular:
Laranja, acerola, goiaba, kiwi e caju estão no topo da lista.
Vegetais como brócolis, pimentão amarelo, espinafre e couve também são ricos no nutriente.
Para quem opta pela suplementação, o ideal é consultar um nutricionista ou médico para dosar corretamente – o excesso, apesar de raro, pode causar desconfortos gastrointestinais.
Vozes que importam
Aos 34 anos, a cozinheira e mãe solo Lídia Santos, de Duque de Caxias (RJ), conta que a mudança de hábitos alimentares transformou a saúde dela e dos filhos.
“Eu vivia dando antibiótico para os meninos. Aí uma médica do posto de saúde falou da vitamina C, e comecei a fazer suco com acerola e couve todos os dias. Nunca mais ficaram doentes como antes.”
No Complexo da Maré, no Rio, o educador popular Geraldo Rocha criou uma horta comunitária com foco em alimentos que fortalecem a imunidade.
“A gente quer que nosso povo tenha saúde de verdade. E ela começa com o que se planta e se come.”
Reflexão: imunidade é também política pública
Mais do que uma questão de saúde individual, garantir o acesso à vitamina C é um direito coletivo e uma urgência social. Em um país onde mais de 33 milhões de pessoas vivem em insegurança alimentar, segundo dados da Rede PENSSAN, falar de imunidade é falar de desigualdade.
Como garantir resistência física se falta comida básica no prato? Como proteger os mais vulneráveis se o acesso a frutas e vegetais frescos está cada vez mais restrito a quem pode pagar?
A revolução começa no prato
A vitamina C pode ser pequena em molécula, mas é gigante em impacto. Mais do que cápsulas em farmácias, ela precisa estar na merenda das escolas, nas hortas comunitárias, no centro das políticas públicas de alimentação e saúde.
Cuidar da imunidade é um ato de autocuidado. Mas garantir o acesso à imunidade é um ato de justiça social.
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