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Ranielson Cambuim

10º Panorama do Cinema Suíço Contemporâneo

Uma Década de Cinema Suíço em São Paulo



Equipe do Panorama do Cinema Suíço Contemporâneo
Equipe do Panorama do Cinema Suíço Contemporâneo - Créditos: Ranielson Cambuim

No coração de São Paulo, o CineSesc está mais uma vez iluminado pelo brilho do cinema suíço. Em sua 10ª edição, o Panorama do Cinema Suíço Contemporâneo não só comemora 15 anos de existência, mas também presta uma homenagem especial à renomada diretora Ursula Meier, cuja presença no evento promete encantar cinéfilos e críticos.

Na noite desta quarta-feira, dia 5, o evento foi inaugurado com a exibição de "Blackbird Blackbird Blackberry", de Elene Naveriani. O filme, que já vem conquistando prêmios internacionais, abriu o festival com maestria, trazendo uma narrativa envolvente e visualmente deslumbrante. A atmosfera no CineSesc era de pura expectativa e entusiasmo, marcando o início de uma semana que promete muitas emoções.

O destaque desta edição é, sem dúvida, a homenagem a Ursula Meier. A diretora suíça, conhecida por seu olhar único e profundo sobre a condição humana, terá uma retrospectiva de sua obra. Meier, que se destacou com filmes como "Home" e "L'enfant d'en haut" (Sister), estará presente para discutir sua carreira e seu impacto no cinema mundial. Sua presença é um presente para os fãs de cinema, oferecendo uma rara oportunidade de ouvir diretamente de uma das vozes mais influentes do cinema contemporâneo.

Além da homenagem a Meier, o festival apresenta uma seleção cuidadosa de 12 filmes que refletem a diversidade e a inovação do cinema suíço atual. Entre documentários e ficções, as produções foram premiadas e aclamadas no Festival Jornadas de Soleure 2024, evidenciando a vitalidade e a criatividade da indústria cinematográfica suíça. Filmes que exploram temas como identidade, sociedade e meio ambiente estão no centro da programação, proporcionando ao público brasileiro uma janela para o mundo e as preocupações contemporâneas da Suíça.

O Panorama do Cinema Suíço Contemporâneo é mais do que um evento cinematográfico; é um encontro cultural que promove o diálogo e a troca de experiências. Ao longo dos anos, o festival se consolidou como um dos mais importantes para a divulgação do cinema suíço na América Latina, criando uma ponte entre dois mundos distantes geograficamente, mas unidos pelo amor à sétima arte.

Então, leitor, convido você para acompanhar a entrevista exclusiva com Célia Gambine sobre a celebração da arte, da cultura e da conexão humana. Um mergulho nas narrativas suíças. Porque o cinema tem o poder de transformar, de unir e de nos fazer ver o mundo com novos olhos. E você, está preparado para essa jornada cinematográfica?



Áudio da entrevista com Célia Gambine

Revista Panorama: Como acontece essa troca da cultura suíça com o Brasil?

CB: Esta troca já acontece desde quando o suíço chega, que a gente de repente descobre que tem origens suíças, né? Na área cultural, por exemplo, temos a Cláudia, que é uma fotógrafa reconhecida internacionalmente, com todo o trabalho de fotojornalismo e um trabalho grande com os yanomamis. Ela é brasileira. Então, temos vários artistas que já estão fazendo esses diálogos há pelo menos 200 anos. Atualmente, isso acontece em muitas residências artísticas no Brasil e na Suíça, tanto pelo intercâmbio entre os dois países promovido pela embaixada, pela justiça, mas também por outras entidades.

São Paulo é uma cidade que tem uma conexão muito forte com a Suíça em todas as áreas. Nos cinemas, já temos este festival há 15 anos. Esta é a décima edição, mas ele começou em 2009. E é uma procuradoria brasileira em São Paulo que sempre convida um delegado representante do SESC para ir ao festival suíço para fazer conjuntamente a seleção dos filmes. Este ano, fomos ao Solothurner Filmtage, que é um dos festivais mais tradicionais. Ele vai fazer 60 anos em janeiro e é um festival exclusivamente dedicado ao cinema suíço. Para a gente, é uma plataforma excelente para fazer essa seleção. A curadoria é do consulado; eu fiz parte da curadoria, juntamente com a diretora do CineSesc, Simone, que também viajou com a gente para a Suíça para fazer essa seleção. No cinema, a última edição do festival foi a base para a nossa curadoria do Festival de Locarno, que também é uma interação internacional muito importante. Já fizemos cooperação com muitos festivais para realizar isso, mas a cooperação também acontece em outras áreas.

Revista Panorama: Agora, o cidadão brasileiro tem muita semelhança com o cidadão suíço em termos de história e cultura?

CB: Em princípio, você pode dizer que não, mas à medida que vai conhecendo as duas culturas, você encontra muitos pontos de contato. A cultura suíça é multicultural como o Brasil. São dois países com muitos imigrantes. O cinema suíço é falado em muitas línguas, porque além das línguas nacionais suíças — que são quatro, né? Romanche, alemão, francês e italiano — os cineastas de origem estrangeira também trouxeram suas línguas. O filme de abertura hoje, por exemplo, é falado em georgiano porque a diretora é de origem georgiana.

Revista Panorama: Aqui no Brasil também temos muitos dialetos em cada região, né?

CB: Exatamente. Apesar de ser um país muito pequeno, com oito milhões de habitantes, a Suíça tem uma diversidade cultural muito grande, assim como a diversidade linguística. De alguma forma, essa diversidade é parecida com a do Brasil. É uma cultura muito viva. Quando você chega no Brasil, qual é a identidade brasileira?

Revista Panorama: É uma identidade em cada estado, não é?

CB: Isso acaba criando uma gama muito grande de olhares e pontos de vista nos filmes. Você vai ver filmes que falam de italiano, que se passam na Suíça, filmes de diretores que têm um olhar de fora da Suíça, mas que são considerados suíços. É uma gama muito grande de perspectivas.

Revista Panorama: Tem essa semelhança, digamos, e com certeza a relação Brasil-Suíça vai ser eterna, né?

CB: Vai ser sempre, né? A gente acha que sim. O diálogo é intenso em várias áreas, não só na área cultural, mas também na área comercial, na educação, na ciência. Acho que o trabalho é sempre fazer projetos não só culturais, mas em outras áreas também. Quando a gente propõe o festival, que é procuradoria, não estamos só trazendo um festival de lá para cá, estamos promovendo um diálogo entre cinematografias. O cinema contemporâneo, sobretudo, está lendo as funcionalidades. É um cinema internacional que trata de temas e histórias que pertencem à humanidade. Os filmes trazem muito isso.

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