Rio de Janeiro se torna palco global da ação climática e da proteção da biodiversidade
- Ana Soáres
- 27 de set.
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RIO DE JANEIRO – 27 de setembro de 2025 – O Rio de Janeiro dá um passo histórico na cena ambiental global. Hoje, durante o Global Citizen Festival em Nova York, a Prefeitura do Rio, a Global Citizen e a Re:wild anunciaram o lançamento da Rio Nature & Climate Week, um evento internacional inédito que, ao longo de cinco anos, promete unir em um só espaço as discussões sobre clima e biodiversidade — duas crises planetárias que, até agora, vinham sendo tratadas separadamente.
Entre 1º e 6 de junho de 2026, a cidade se transformará em um gigantesco laboratório de diálogo, inovação e ação. A programação mesclará uma agenda principal, conduzida pelos organizadores, com dezenas de sessões independentes distribuídas por toda a cidade, incluindo debates comunitários, workshops, exposições e encontros estratégicos com líderes mundiais, cientistas, ativistas e representantes de povos indígenas. O Rio volta, assim, a ocupar um papel de protagonismo histórico desde a Conferência da Terra de 1992, que originou convenções da ONU sobre clima e biodiversidade.
O legado verde do Rio ganha corpo com metas concretas: a partir de 2026, a cidade se compromete a produzir 30 mil mudas por ano e plantar 80 mil árvores até 2028, priorizando áreas vulneráveis que sofrem com poluição e desmatamento. Para especialistas, iniciativas como essas, quando combinadas com políticas globais, podem gerar impacto real. Segundo o IPCC (Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas), apenas a restauração de ecossistemas estratégicos pode sequestrar até 7,6 bilhões de toneladas de CO₂ por ano — quase o equivalente às emissões anuais da União Europeia.
“A Global Citizen sempre acreditou no poder das cidades para liderar o caminho em clima e sustentabilidade. A decisão do Rio de se unir a nós e à Re:wild reflete tanto sua ambição quanto sua responsabilidade com as futuras gerações”, afirma Michael Sheldrick, cofundador e diretor de Políticas da organização.
Para Wes Sechrest, CEO da Re:wild, a união de esforços é urgente e necessária:
“Não existe solução climática viável sem a natureza. A Rio Nature & Climate Week será mais que uma conferência: será um chamado à ação, colocando biodiversidade, povos indígenas e comunidades locais no centro das estratégias globais.”
O prefeito do Rio, Eduardo Paes, reforça o compromisso da cidade:
“O Rio tem orgulho de desempenhar um papel de liderança na construção de um futuro sustentável. Ao unir forças com a Global Citizen e a Re:wild, esperamos inspirar outras cidades a agir com coragem.”
O vice-prefeito Eduardo Cavaliere completa:
“Será um grande evento para o Rio de Janeiro, uma cidade que já está na vanguarda de soluções sustentáveis e resilientes.”
Uma nova narrativa para o Sul Global da biodiversidade
Enquanto as convenções da ONU sobre mudanças climáticas (UNFCCC) e biodiversidade (CBD) tratam os temas de forma separada, a Rio Nature & Climate Week recoloca o Sul Global na linha de frente, promovendo soluções integradas. Essa abordagem não é apenas simbólica: estudos recentes da IPBES (Plataforma Intergovernamental sobre Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos) indicam que 1 milhão de espécies estão ameaçadas de extinção, muitas delas essenciais para a regulação climática, segurança alimentar e saúde humana.
Além de políticas públicas e parcerias estratégicas, o evento busca engajar diretamente o cidadão. Comunidades locais serão protagonistas, mostrando práticas de manejo sustentável, agroflorestas urbanas e projetos de conservação que já salvam ecossistemas inteiros. É o momento de tornar visível o invisível, de dar voz àqueles que vivem na linha de frente das mudanças climáticas.
O Rio como plataforma de transformação global
Mais do que uma conferência, a Rio Nature & Climate Week quer provocar ação. A escolha do Rio de Janeiro como palco reflete uma estratégia política e cultural: colocar o Sul Global como protagonista do debate ambiental, reconhecendo que soluções locais podem gerar impacto global. É também um convite à reflexão: se uma cidade marcada por desigualdades sociais e desafios urbanos consegue avançar em sustentabilidade, o que impede o restante do planeta de seguir o mesmo caminho?
A semana de junho será, portanto, mais que um calendário de eventos: será um ritual de mobilização global, um chamado à urgência e uma oportunidade de medir como políticas públicas, iniciativa privada e engajamento social podem convergir para enfrentar crises interdependentes que ameaçam não apenas o Rio, mas o mundo.
E você, leitor, está pronto para participar dessa mudança? Ou vai continuar apenas observando enquanto o planeta clama por ação?
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