Rio Ethical Fashion 2025: moda, sustentabilidade e cultura em ação antes da COP30
- Ana Soáres

- 6 de out.
- 3 min de leitura

O Rio de Janeiro se prepara para se tornar, mais uma vez, palco de um dos eventos mais transformadores da moda global. O Rio Ethical Fashion (REF) 2025, maior fórum internacional de moda sustentável do país, anuncia sua edição pré-COP30 com uma programação que vai muito além das passarelas. É um espaço de diálogo, inovação e reflexão sobre como a moda pode ser agente de mudança, cultural, social e ambiental.
Este ano, o REF amplia o olhar sobre sustentabilidade e justiça social, reunindo especialistas nacionais e internacionais que unem moda, criatividade e impacto positivo. Entre os destaques, está o projeto Iconografia Local, apresentado pelo consultor de design de produto Walter Rodrigues, representando o Sebrae. A iniciativa valoriza a cultura amazônica e a bioeconomia, mostrando que é possível transformar desafios climáticos em oportunidades para fortalecer cadeias produtivas locais e sustentáveis. "O projeto busca não apenas mostrar produtos, mas dar voz aos saberes tradicionais e às histórias de quem faz a moda acontecer no território brasileiro", explica Rodrigues.

Do outro lado do mundo, Zinzi de Brouwer, designer holandesa-moçambicana, traz sua metodologia de design comunitário, que coloca comunidades artesanais do Sul Global no centro da criação. No Brasil, Zinzi trabalha com jovens de Jardim Gramacho, em Duque de Caxias (RJ), para desenvolver um desfile de moda sustentável que acontecerá em 11 de outubro, conectando juventude, cultura local e práticas de impacto socioambiental. "Queremos que cada peça conte uma história de resistência, de pertencimento e de futuro", afirma a designer, cujo trabalho já foi reconhecido em plataformas internacionais de justiça ambiental e moda ética.
O evento também transforma o Museu do Amanhã em uma grande vitrine da moda sustentável. Entre bordados artesanais de Paraty, high couture e ready-to-wear criados com materiais recicláveis e processos circulares, estão nomes como Ronald van der Kemp, Thayna Soares, Osklen, Lenny Niemeyer, Natural Cotton Color, Nalimo e Rodrigo Tremembé. A cenografia, pensada por Carol Baltar, coordenadora de design de interiores do IED Rio, é construída inteiramente com peças garimpadas: móveis da Casa Capioca, tapetes vintage da Tapilogie. Cada detalhe reforça que moda, arte e sustentabilidade podem coexistir com beleza e propósito.
A programação vai além do visual. Em homenagem à nomeação do Rio de Janeiro como Capital Mundial do Livro 2025 pela UNESCO, o REF promoverá um lounge literário em parceria com a Livraria da Travessa, conectando autores e leitores. É a materialização de um conceito: moda que dialoga com cultura, memória e conhecimento. Com apoio institucional da Secretaria Municipal de Cultura, Prefeitura do Rio e Museu do Amanhã, o evento reafirma a capacidade do Brasil de liderar debates globais sobre produção, ética, inovação e bioeconomia.

Mais do que um desfile ou exposição, o Rio Ethical Fashion 2025 é um convite à ação. Conecta designers, empresas, instituições e sociedade civil em torno de uma pergunta urgente: como queremos produzir e consumir moda num mundo em crise climática, social e cultural? Ao colocar cultura, sustentabilidade e criatividade no centro do debate, o REF mostra que a moda brasileira não precisa escolher entre estética e responsabilidade — ela pode, e deve, ser agente de transformação global.
No final, fica a reflexão: cada escolha de consumo, cada peça criada ou reaproveitada, cada técnica artesanal valorizada é um gesto político e cultural. A moda não é neutra — ela fala, protesta e propõe. E você, que história quer vestir no futuro?







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