Donald Trump voltou ao poder e, com ele, trouxe um plano que parece ter saído direto de um episódio de ‘The Handmaid’s Tale’. Dessa vez, a mira está clara: a comunidade LGBTQIA+. Sob o pretexto de “proteger valores tradicionais”, o ex-presidente vem assinando ordens e implementando políticas que já estão gerando preocupação (e revolta) mundo afora.
Assim como na Gilead de Margaret Atwood, onde a opressão é institucionalizada e as liberdades individuais desaparecem em nome de uma suposta moralidade religiosa, as ações de Trump estão criando um cenário sombrio. Logo nos primeiros dias de governo, ele declarou guerra aberta ao reconhecimento de identidades trans e não binárias, determinando que apenas dois gêneros — masculino e feminino — serão reconhecidos oficialmente pelo governo federal. É isso mesmo: tudo o que foi conquistado ao longo dos anos para incluir a diversidade e acolher pessoas LGBTQIA+ está, literalmente, sendo apagado com uma canetada.
E não para por aí. As proteções criadas para evitar discriminação contra a comunidade foram descartadas como se fossem lixo. Ele também revogou normativas que proibiam as temidas “terapias de conversão” (aquelas que tentam “curar” a sexualidade de alguém, consideradas práticas desumanas por especialistas). Para completar, páginas e documentos que mencionam direitos LGBTQIA+ foram removidos de sites oficiais do governo, como se o simples ato de ignorar uma realidade pudesse fazer com que ela deixasse de existir.
O impacto disso? Devastador. Imagine pessoas trans, por exemplo, que já enfrentam dificuldades no dia a dia, agora sendo tratadas como “inexistentes” por órgãos oficiais. Isso afeta desde o acesso à saúde pública até direitos trabalhistas, criando um ciclo de marginalização ainda mais profundo. Para quem achava que os avanços eram irreversíveis, a mensagem é clara: nada está garantido.
Assim como em The Handmaid’s Tale, onde a liberdade é trocada por repressão sob o pretexto de “preservar a ordem”, Trump está usando uma retórica perigosa para justificar seus atos. Ele classifica a luta por direitos LGBTQIA+ como “ideologia radical” e, em discursos, afirma que é necessário “parar a loucura transgênero”. Essas palavras inflamam um público conservador que já estava pronto para transformar diversidade em motivo de ódio.
No final, as semelhanças com a distopia de Gilead não são apenas coincidência: é um lembrete de como direitos podem ser arrancados rapidamente, deixando minorias ainda mais vulneráveis. Se The Handmaid’s Tale serve como um aviso sombrio, a realidade atual está mostrando que, infelizmente, esse tipo de repressão está mais próximo do que gostaríamos de imaginar.

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