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William Bonner anuncia despedida do Jornal Nacional: uma mudança histórica no telejornalismo brasileiro

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    Da redação
  • 1 de set.
  • 4 min de leitura

O Jornal Nacional, que nesta semana completa 56 anos de história, carrega em sua essência uma das maiores marcas da TV brasileira: ser espelho de um país em movimento. Mas nesta edição especial, não é apenas o aniversário do telejornal que chama a atenção — é o anúncio que simboliza o fim de uma era.

William Bonner - Créditos: Sergio Zalis 25.dez.2022/Reprodução Globo
William Bonner - Créditos: Sergio Zalis 25.dez.2022/Reprodução Globo

William Bonner, o âncora com mais tempo à frente da bancada do JN, anunciou sua despedida após 29 anos de apresentação e 26 como editor-chefe. A partir do dia 3 de novembro, Bonner se despede da função que o transformou em um dos rostos mais reconhecidos do jornalismo brasileiro.

No lugar dele, entra César Tralli, que dividirá a bancada com Renata Vasconcellos. Já a chefia editorial será assumida por Cristiana Sousa Cruz, editora-chefe adjunta do telejornal e parceira de Bonner na redação há seis anos.

E, em um gesto de reencontro afetivo e profissional, William Bonner se prepara para um novo capítulo: em 2026, dividirá a apresentação do Globo Repórter com Sandra Annenberg, sua amiga de décadas.

Um legado de quase três décadas no JN

Ao anunciar sua saída, Bonner não falou de números redondos ou comemorações protocolares, mas de tempo de vida e de escolhas pessoais.

“São 29 anos e quatro meses de JN. Exatos 26 anos como chefe da equipe de editores. Nesse período, tornei-me pai, vi minhas crianças se tornarem adultos, mudarem de endereço, até de país. Preciso mudar de ritmo. O Globo Repórter era meu sonho antigo, e estar ao lado da Sandra é um privilégio”, declarou o jornalista.

Bonner chegou à Globo em 1986, passou pelo SPTV, Jornal Hoje, Fantástico e Jornal da Globo, até assumir o JN em 1996 e se tornar editor-chefe em 1999. Desde então, atravessou governos, crises políticas, econômicas e sanitárias, consolidando o telejornal como referência para milhões de brasileiros.

Os novos rostos da TV Globo

Os apresentadores César Tralli, Renata Vasconsellos e William Bonner ( Da esq. p/ dir.) - Créditos: Divulgação/TV Globo
Os apresentadores César Tralli, Renata Vasconsellos e William Bonner ( Da esq. p/ dir.) - Créditos: Divulgação/TV Globo

A dança das cadeiras no jornalismo da emissora reflete não apenas um revezamento de funções, mas uma reconfiguração simbólica no modo como o público brasileiro se conecta com seus telejornais.

  • César Tralli assume o JN ao lado de Renata Vasconcellos.

  • Cristiana Sousa Cruz será a nova editora-chefe do telejornal.

  • Roberto Kovalick vai para o Jornal Hoje.

  • Tiago Scheuer estreia como âncora do Hora Um.

Para Tralli, que já foi correspondente em Londres e apresentou o SPTV por mais de uma década, o desafio é enorme:

“Nunca imaginei suceder William. Recebo essa missão com felicidade e serenidade, ciente da responsabilidade de estar diante de milhões de brasileiros todas as noites.”

Renata Vasconcellos, parceira de Bonner há mais de dez anos, falou em tom emocionado:

“Minha gratidão a Bonner pela confiança, pelo aprendizado e pela inspiração. E minhas boas-vindas ao Tralli, com a certeza de que teremos uma parceria dedicada, competente e sensível.”

Bonner no Globo Repórter: sonho antigo, reencontro esperado

Sandra Annenberg, que se junta a Bonner no Globo Repórter, não escondeu a alegria:

“A chegada dele vai acrescentar muito à equipe. Será maravilhoso apresentar ao lado de um profissional com sua história e importância.”

A mudança simboliza também um ritmo diferente para Bonner: deixar o cotidiano exaustivo do noticiário diário para mergulhar em reportagens de fôlego, mais próximas da análise e da narrativa documental.

Uma mudança que reflete o Brasil

Segundo dados do Kantar Ibope Media, o JN segue como o telejornal mais assistido do país, alcançando milhões de brasileiros todas as noites. Mas a televisão enfrenta um desafio: manter-se relevante diante de um público que hoje se informa também pelas redes sociais, podcasts e plataformas digitais.

A saída de Bonner, portanto, é simbólica: marca o fim de uma era televisiva e o início de uma transição em que a Globo busca equilibrar tradição e renovação.

William Bonner e um adeus planejado há cinco anos

Segundo relatos de bastidores, Bonner vinha pedindo para deixar a rotina extenuante do telejornal diário desde 2020. Foram cinco anos de negociações internas, ajustes de equipe e preparação de sucessores. O desafio era duplo: encontrar alguém com a credibilidade suficiente para sucedê-lo e, ao mesmo tempo, preservar o peso simbólico do Jornal Nacional, que sempre funcionou como espelho do Brasil — e, muitas vezes, como palco das disputas políticas e narrativas que marcam a vida nacional.

“Bonner foi mais do que âncora, foi também a voz que transmitiu segurança em momentos de crise, como os atentados de 11 de setembro, o impeachment de presidentes e, mais recentemente, a pandemia. Ele não era só apresentador: era editor-chefe, curador das notícias e, muitas vezes, mediador do debate público”, resume um pesquisador de mídia ouvido pela Pàhnorama.

Em tempo

A despedida de William Bonner não é apenas uma mudança de âncora. É um espelho da própria televisão brasileira, que se transforma ao mesmo tempo em que o país muda.

Fica a pergunta: o que será do Jornal Nacional sem o rosto que o definiu por quase três décadas — e como essa transição refletirá na confiança de um público acostumado a ver o mesmo olhar toda noite, às oito e meia?

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