O aumento de preços nos convida a repensar o consumo sem perder o brilho da celebração.

Quem nunca sonhou com uma ceia de Natal farta, cheia de pratos típicos, cores e sabores que contam histórias? Mas, em 2024, o sonho ganhou um sabor agridoce. Com a alta de 5,8% nos preços dos alimentos natalinos, segundo o IPCA-15, muitas famílias estão diante de um dilema: como manter viva a tradição sem comprometer o orçamento?
A questão vai além dos números. A ceia, que simboliza união e esperança, agora reflete a realidade de um Brasil em que 125,2 milhões de pessoas enfrentam algum grau de insegurança alimentar, conforme dados da Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar. O que era símbolo de celebração virou mais uma batalha silenciosa para equilibrar a balança financeira e afetiva.

Nesse cenário, soluções criativas surgem como um alívio. Camila Dornelles, nutricionista do CEJAM, propõe alternativas simples, mas impactantes. Trocar o peru pelo frango, apostar em frutas e legumes da estação, e até reinventar clássicos como a rabanada são maneiras de driblar a inflação.
Mas aqui cabe um questionamento: enquanto as famílias se desdobram para manter tradições acessíveis, quem está realmente lucrando com a alta sazonal de preços? O mercado, que reajusta sem piedade, parece distante das mesas que tenta abastecer. E as grandes empresas de alimentos? Poderiam estar colaborando mais, talvez com iniciativas solidárias que impactassem diretamente a ponta da cadeia.
Ao fim, o que nos resta é o espírito do Natal: partilhar. Seja uma ceia simples ou luxuosa, o importante é que ela carregue o sabor de histórias e afetos — porque essas, nem a inflação pode roubar.
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