Como já mencionamos em uma matéria anterior, a diversidade, de forma global, ainda é frequentemente associada ao universo LGBT. No entanto, a amplitude desse conceito é muito maior e merece ser destacada. Diversidade significa pluralidade, multiplicidade, diferença. E nada é tão plural e diverso quanto o Brasil.
Nosso país, com sua gigantesca proporção continental, abriga uma multidiversidade impressionante. Essa riqueza é evidente nas culturas regionais, no folclore, nas etnias, nos sotaques, nas características físicas, nas descendências, nas influências culinárias e até nas palavras específicas de cada região. Temos até dicionários para identificar termos próprios de diferentes locais do Brasil.
Por exemplo, uma pessoa que mora no interior do Nordeste usa termos completamente diferentes daqueles de quem vive no interior de São Paulo. E essa, por sua vez, fala de maneira distinta de alguém do interior do Sul, que também tem um vocabulário diverso em relação a quem mora no interior de Manaus.
Toda essa diversidade cultural influencia diretamente a forma como enxergamos a vida, entendemos o mundo ao nosso redor, recebemos informações e conduzimos a história de nossas comunidades. Essa riqueza de visões regionais também molda como cada lugar encara o papel do homem e da mulher na sociedade.
O impacto do patriarcado na pluralidade brasileira
Ainda assim, mesmo com toda essa pluralidade cultural, o Brasil carrega um traço comum: a forte presença do patriarcado. Essa estrutura coloca a figura paterna como o gestor e mentor do núcleo familiar, influenciando toda uma comunidade. O resultado? Uma sociedade onde o machismo predomina, reforçando valores que colocam o homem no papel de líder e força dominante.
Nesse contexto, o homem é visto como quem manda, quem é forte, quem tem maior valor. E, quando falamos desse homem, é geralmente o homem cisgênero (ou cis) — aquele que nasce com características biológicas masculinas e se identifica como homem ao longo da vida.
O impacto no universo LGBT
Mas como essa estrutura machista afeta o universo LGBT? A resposta é alarmante. Essa visão predominante exclui, nega, estigmatiza e marginaliza homens gays, mulheres lésbicas, pessoas trans e outras identidades dentro da diversidade sexual e de gênero.
O resultado dessa exclusão e violência simbólica é refletido em números assustadores: o Brasil é o país que mais mata pessoas LGBT no mundo. Essa triste realidade é fruto direto do machismo profundamente enraizado na construção de valores de nossa sociedade.
Próximo capítulo: discutindo o papel do homem cis
Na próxima matéria, vamos explorar mais profundamente a figura do homem cis dentro dessa estrutura e como sua posição impacta ainda mais a diversidade e a inclusão no Brasil.
A diversidade é uma riqueza, mas também um desafio. E é essencial que a sociedade brasileira reconheça e enfrente essas questões para que, um dia, possamos celebrar plenamente nossa pluralidade sem deixar ninguém para trás.
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