Crise sanitária no Guarujá: um retrato do descaso com o saneamento básico
- Da redação
- 16 de jan.
- 2 min de leitura

O verão, para muitos, é sinônimo de sol, praia e descontração, mas para os moradores e turistas do Guarujá, no litoral paulista, os últimos meses trouxeram um cenário bem diferente. Um surto de gastroenterite, causado pelo norovírus, atingiu a região e revelou, mais uma vez, as graves consequências de um problema histórico no Brasil: a precariedade do saneamento básico.
Com mais de dois mil atendimentos médicos registrados apenas em dezembro, a crise sanitária no Guarujá não apenas colocou em risco a saúde de milhares de pessoas, mas também expôs os impactos de décadas de negligência com a infraestrutura. Segundo a Secretaria de Estado da Saúde, o despejo irregular de esgoto continua a comprometer áreas de proteção ambiental e a inviabilizar o banho em praias que deveriam ser um cartão-postal do litoral paulista.
Os manguezais, verdadeiros berçários da biodiversidade marinha, e os rios da região estão entre os principais ecossistemas afetados. A contaminação prejudica a fauna e a flora e gera uma reação em cadeia que atinge também o turismo, uma das principais fontes de renda da região. Dados do IBGE apontam que, em 2022, apenas 55% do esgoto gerado no Brasil foi tratado, uma estatística alarmante para um país que possui mais de 7 mil quilômetros de costa.

Para Larissa de Castro Coelho, advogada especializada em direito ambiental, a crise vai além de uma questão de infraestrutura.
"O problema reflete a omissão histórica do poder público em garantir serviços básicos, mas também envolve a falta de conscientização da sociedade e a ausência de fiscalização eficaz. Todos têm responsabilidade", ressalta.
O impacto econômico também é expressivo. A temporada de verão, que normalmente aquece a economia local, foi prejudicada, com turistas evitando a região por medo de contaminação. A Confederação Nacional do Comércio (CNC) estima que a redução no fluxo turístico tenha gerado uma perda de até 15% nas receitas esperadas pelo setor.
Esse cenário reforça a urgência de investimentos em saneamento básico e em políticas públicas que promovam o desenvolvimento sustentável. Mais do que uma questão de saúde, tratar esgoto é preservar vidas, proteger o meio ambiente e garantir que histórias como a do Guarujá não se repitam. É um alerta que exige uma resposta coletiva, pois enquanto o saneamento básico for um privilégio, crises como essa continuarão a ser uma triste realidade no país.
E você, que ama o litoral, o que espera ver nas próximas férias: praias limpas e sustentáveis ou um reflexo do descaso que pode ser evitado? Aqui na Páhnorama, acreditamos que é hora de virar essa página juntos.
Comments