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[CRÍTICA] Quarteto Fantástico 2025: o começo que vai mudar o universo Marvel

  • Foto do escritor: Manú Cárvalho
    Manú Cárvalho
  • 23 de jul.
  • 5 min de leitura

LUZ, CÂMERA, CRÍTICA! — Por Manu Cárvalho

Quarteto Fantástico
Divulgação / Marvel Studios

Quarteto Fantástico: Primeiros Passos marca o tão aguardado início da família mais icônica da Marvel no novo Universo Cinematográfico. Com direção de Matt Shakman e um elenco liderado por Pedro Pascal, Vanessa Kirby, Joseph Quinn e Ebon Moss-Bachrach, o filme chega aos cinemas em 24 de julho de 2025, cercado por expectativas e pressões monumentais. Afinal, não é apenas mais uma adaptação de quadrinhos. É uma tentativa clara da Marvel Studios de recuperar o brilho e a relevância após anos de desgaste criativo, e de fazer jus a personagens que, até hoje, nunca tiveram um filme realmente à altura.


O primeiro ponto que chama atenção é a ambientação estética e narrativa que o diretor escolhe. Ao contrário do tom frenético dos filmes mais recentes do estúdio, "Primeiros Passos" adota uma linguagem mais clássica, quase retrô em alguns momentos. A fotografia brinca com tons mais suaves, cenários inspirados na ficção científica dos anos 1960 e trilha sonora que mescla o épico ao nostálgico. Há um cuidado visível em criar um mundo crível, ainda que fantástico, no qual a ciência e a aventura caminham lado a lado com a emoção. Essa escolha dá ao filme uma identidade própria dentro da Marvel, sem tentar emular fórmulas anteriores.


Pedro Pascal interpreta Reed Richards, o Senhor Fantástico, com um equilíbrio surpreendente entre genialidade e vulnerabilidade emocional. Seu Reed não é apenas o cientista mais inteligente do mundo — é um homem que carrega o peso da responsabilidade, que hesita, que falha, que ama de forma torta e humana. Pascal entrega um personagem complexo, nada estereotipado, com olhares silenciosos que dizem tanto quanto suas fórmulas e teorias. Sua química com Sue Storm, vivida com vigor e elegância por Vanessa Kirby, é o coração do filme. Kirby oferece uma Mulher Invisível que não está à sombra de ninguém — ela é cientista, líder, empática e impiedosa quando precisa ser. Sua trajetória pessoal, os dilemas que carrega como mulher em meio à grandiosidade masculina da ciência e da super-heroicidade, são tratados com maturidade e profundidade.


Joseph Quinn, no papel de Johnny Storm, é talvez a alma mais vibrante da história. Sua Tocha Humana é impetuosa, sarcástica e encantadoramente inconsequente — mas sem soar imaturo ou caricato. Quinn, conhecido por sua intensidade em "Stranger Things", traz leveza e charme ao personagem, mas também entrega nos momentos mais dramáticos. Há um arco de amadurecimento muito bem construído, que não força a barra. Já Ebon Moss-Bachrach, como Ben Grimm, o Coisa, é a verdadeira surpresa do elenco. Sua atuação, ainda que majoritariamente feita com o auxílio de CGI, tem alma. Ele dá ao personagem uma humanidade que os filmes anteriores nunca conseguiram atingir. A dor de Ben ao lidar com sua aparência, a culpa por não poder ser “normal” e o humor resignado que desenvolve ao longo do filme são traços que constroem um herói digno de afeto.


O roteiro, assinado por Josh Friedman e supervisionado por Kevin Feige, acerta ao não tratar Primeiros Passos como uma simples introdução. Sim, há o momento de transformação, o experimento que dá errado, a descoberta dos poderes e o choque com o novo mundo. Mas tudo isso vem cercado de intimidade e propósito. Os diálogos, embora em alguns momentos expositivos, buscam o afeto do público pela construção relacional. Este não é um filme de super-heróis que começa com destruição. Ele começa com pessoas. Com irmãos que discutem, com cientistas que fracassam, com amigos que se machucam, com gente que tem medo de não dar conta da própria genialidade. É um filme sobre se tornar extraordinário sem deixar de ser humano.


E nesse ponto, Matt Shakman se mostra um diretor ideal. Com sua bagagem em séries como WandaVision, ele sabe transitar entre tons distintos sem quebrar o ritmo da narrativa. O filme caminha com firmeza entre o drama familiar, a ficção científica, a ação e o humor. Não é um longa que tenta fazer piada o tempo todo, como algumas produções recentes do estúdio. Quando o faz, acerta mais do que erra. E quando escolhe o silêncio, o faz com a elegância de quem conhece o peso de um olhar perdido no espaço.


Quarteto Fantástico
Divulgação / Marvel Studios

Visualmente, o filme é uma obra de engenhosidade. A Marvel apostou pesado em efeitos práticos aliados a CGI de ponta, e o resultado é um universo que parece palpável. As cenas no laboratório, os portais dimensionais, o uso criativo dos poderes — tudo é construído com um realismo surpreendente para um filme que se passa em grande parte fora dos limites do nosso planeta. A direção de arte brilha nas sequências no espaço-tempo, e o design dos uniformes finalmente faz jus ao legado dos quadrinhos, equilibrando funcionalidade com estilo.


Um dos momentos mais impactantes do longa ocorre em uma sequência onde os quatro protagonistas enfrentam uma anomalia interdimensional. Em vez de apostar apenas no espetáculo, a cena foca na colaboração e na complementaridade dos poderes — Reed estende seu corpo para salvar Johnny de ser sugado, Sue cria campos de força para proteger Ben, enquanto o Coisa segura uma nave prestes a colapsar. A cena resume, com maestria, o espírito do Quarteto: um grupo que, apesar das diferenças, só funciona junto.


Claro, o filme não está isento de falhas. Há um vilão — cujo nome será mantido em sigilo por respeito aos que não querem spoilers — que aparece no terceiro ato e parece menos desenvolvido do que deveria. Sua motivação é vaga e sua construção dramática, apressada. Ele surge mais como um obstáculo do que como uma verdadeira ameaça ou reflexão ao time de heróis. E isso acaba sendo o ponto mais frágil da trama: o antagonista não está à altura do conflito emocional que o filme constrói.


Outro ponto discutível está em algumas concessões feitas para agradar ao público mais jovem. Certos diálogos são excessivamente explicativos, e há momentos em que o ritmo se quebra por fanservices que, embora simpáticos, destoam da maturidade geral da narrativa. Ainda assim, são tropeços pequenos frente ao acerto maior da obra.


A trilha sonora de Michael Giacchino é um espetáculo à parte. É grandiosa, mas não genérica. É emocional, mas nunca manipuladora. Ela sabe quando gritar e quando apenas sussurrar ao fundo. Sua composição principal para o Quarteto remete à esperança, à superação e ao senso de descoberta, funcionando quase como um personagem em si.


Mas talvez o aspecto mais louvável de Quarteto Fantástico: Primeiros Passos seja sua coragem. Coragem de não repetir. Coragem de não começar do mesmo ponto que todos. Coragem de ser sensível onde esperavam apenas ação. Coragem de errar tentando algo novo. Em um universo saturado de fórmulas e repetições, esse filme tenta se diferenciar com sentimento — e em grande parte, consegue. Não é apenas sobre salvar o mundo. É sobre salvar uns aos outros. Sobre aprender que, às vezes, ser herói é saber pedir perdão, é reconhecer o medo do outro, é entender que o verdadeiro poder não está nos superpoderes, mas no afeto.


Ao final da sessão, a sensação é de que o Quarteto voltou para ficar — e que, enfim, ganhou o filme que merecia. Um filme que entende que o extraordinário só é possível quando se começa com o essencial: humanidade.


Nota final:  ⭐⭐⭐⭐✨ (4,5 de 5,0) Nota de rodapé: Eu quero uma HERBIE para mim <3

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