HEKATE – A RESILIENTE DEUSA DA BRUXARIA

Syrinx Sycorax Hekatina
7 de mai.
3 min de leitura

Hoje, vamos explorar a história e o significado de uma das divindades mais antigas e misteriosas da humanidade: a Deusa Hekate. Reverenciada em culturas diversas e associada a rituais de magia e proteção, Hekate é uma figura que transcende o tempo, mantendo sua influência e presença viva até os dias atuais.

Pesquisas nas áreas da arqueologia, história, arte antiga e mitologia revelaram que nos períodos paleolíticos e neolíticos, definido pela autora como Europa Antiga (período de 6.500 e 3.500 AEC) existiu o culto a uma Deusa-Mãe que para as tribos era a criadora da Terra, da natureza, das estações, geradora da vida, ligada à fertilidade e aos mistérios místicos, como seus símbolos lunares Ela era a personificação da Terra.

Entretanto, houve um processo longo e difícil, da instauração do patriarcado, onde a Deusa, que até então era multifacetada, com numerosos nomes, formas e características concordantes às necessidades de cada povo, foi destituída de seu poder e seu culto reprimido.

Dentre todos os cultos, havia para a Deusa Hekate que na antiguidade era reverenciada como a senhora dos caminhos e das encruzilhadas, protetora de crianças e mulheres. Seus devotos acendiam tochas em sua honra e faziam oferendas de alimentos, ervas e objetos simbólicos para obter sua proteção e orientação. Descrita em mitos milenares pré-helênicos como a própria alma do Universo e enaltecida por sacerdotisas, parteiras, curandeiras e pessoas comuns, pois era vista como a doadora da riqueza e de todas as bênçãos.

Representação da Deusa Hekate (Imagem retirada do site Pinterest)

Se antes Hekate era uma Deusa universal, benéfica, e de grande veneração, com a predominância do sistema patriarcal, a Deusa perdeu o caráter luminoso e maternal, tornando-se sombria, da noite e morte. Lastimavelmente a sua imagem se modificou (sobretudo durante a Inquisição) tornando-se a personificação do mal, atuando junto a forças demoníacas, associada somente ao submundo, à magia e à necromancia.

Durante a instauração do Cristianismo seus templos foram destruídos e seus seguidores perseguidos. Mesmo assim, o culto a Deusa persistiu em segredo, conduzido por sacerdotisas, bruxas e praticantes que mantinham viva a tradição.

A história da Deusa Hekate é um testemunho impressionante de resiliência, adaptabilidade e persistência. Desde os tempos antigos até os dias atuais, Hekate tem sido uma figura central em diversas práticas espirituais e mágicas, sobrevivendo a períodos de intensa repressão e transformando-se ao longo dos séculos.

A influência de Hekate é tão vasta que até mesmo grandes figuras literárias e ocultistas a mencionaram em suas obras. William Shakespeare fez referência a ela em sua peça "Macbeth", onde Hekate é retratada como a rainha das bruxas, manipulando os eventos de forma misteriosa e sombria. Além disso, o famoso ocultista Aleister Crowley, conhecido por suas práticas esotéricas e mágicas, também reverenciava Hekate, reconhecendo-a como uma poderosa entidade ligada aos mistérios da magia.

A devoção à Deusa Hekate nunca caiu totalmente no esquecimento. Mesmo durante os períodos de maior repressão e tentativa de erradicação de seu culto, sua imagem e influência persistiram, sendo mantidas vivas por aqueles que continuaram a honrá-la em segredo. A resiliência de seu culto é uma prova de seu poder duradouro e da conexão profunda que muitos sentem com ela.

Hoje, Hekate continua a ser uma figura venerada por muitos praticantes de magia moderna, que buscam sua sabedoria e proteção em suas práticas espirituais. Sua presença duradoura é um testemunho de seu poder e relevância, transcendendo eras e culturas, e mantendo viva a conexão entre o mundo humano e o divino.