Marina Sena abraça o pop global em novo álbum
- Yuri Barretto
- 15 de abr.
- 3 min de leitura

Depois de conquistar corações e playlists com De Primeira (2021) e se aprofundar nas experimentações de Vício Inerente (2023), Marina Sena chega em 2025 com um novo capítulo sonoro. Seu terceiro álbum, Coisas Naturais, lançado às 21h do dia 31 de março, é uma verdadeira celebração da sua virada de chave — e da mistura de tudo o que ela se tornou.
Mais do que uma nova coleção de músicas, o disco parece um retrato do agora. E, para uma artista que sempre ousou dançar fora da linha, esse é o caminho mais natural de todos.
Do experimental ao dançante: o disco que mexe com a vitrola (e com a pista)

A colagem estampada na capa do álbum já dá pistas: Coisas Naturais é um mosaico. Tem pop, tem reggaeton, tem lo-fi, samba-rock e até bossa nova. Mas, acima de tudo, tem uma Marina que entendeu o que o público quer — e sabe entregar com frescor e identidade.
Se De Primeira era quase um diário íntimo e Vício Inerente buscava a construção de uma persona artística mais robusta, agora Marina parece solta, leve e com a cabeça no mundo. Sem medo de arriscar, ela se joga no pop global com brasilidade e ousadia.
Refrões chicletes, beats latinos e aquela pitada mineira

Na contagiante Desmistificar, ela avisa: “Vou fazer um Carnaval na sua vida tão sem sal”. E cumpre. A música, escrita com Janluska, tem um refrão grudento, feito sob medida para os Stories de quem quer dançar sem culpa.
Combo da Sorte flerta com o reggae, Sensei mergulha no universo lo-fi, e Doçura coloca Marina direto no mapa latino com batidas reggaeton e um time internacional de compositores que inclui nomes como Omar Roldán Molina e Benito Casado Muñoz.
Tokitô: sotaques cruzados e um feat com cara de hit internacional
Um dos grandes trunfos do álbum é a faixa bilíngue Tokitô, gravada com a ítalo-brasileira Gaia e a rapper portuguesa Nenny. É pop, é vibrante e tem cara de hit latino que poderia estar no repertório de Anitta. Mas tem Marina ali — com seu sotaque mineiro e aquele jeito debochado que só ela sustenta com charme.
Quando o Brasil reaparece: MPB, bossa e sol
Nem só de pista vive o álbum. Em Mágico, a cantora flerta com o samba-rock e a MPB, entregando um dos momentos mais bem produzidos do disco. Já Ouro de Tolo, seu single mais recente, mistura bossa nova e pop com uma leveza que lembra verão na Zona Sul carioca.
É como se Marina dissesse: “Sim, eu olho pra fora, mas minhas raízes continuam firmes aqui.”
Naturalidade com cara de estratégia pop

Produzido por Janluska e gravado com músicos da antiga Banda da Lua, como André Oliva e Matheus Bragança, Coisas Naturais é um álbum que flerta com o conceito de naturalidade — mas sem ingenuidade. Tudo é pensado: as batidas, os feats, os looks, os clipes. E isso não é demérito.
Marina Sena pode não ser a cantora mais virtuosa, nem a letrista mais complexa, mas ela entende o timing do pop como poucas. Sabe provocar, sabe entreter — e principalmente, sabe se reinventar.
No final, Marina só quer que a gente dance (e repita o play)
Coisas Naturais talvez não seja o disco mais profundo da cantora, mas é, sem dúvida, o mais pop. E tudo bem. Num mundo onde curtir uma música dançante é também um ato de resistência, Marina nos convida a fazer o que ela mesma faz de melhor: se divertir com inteligência.
E que venham mais Carnavais fora de época — de preferência embalados por beats como esses.
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