Mundo de masculinidade tóxica em guerra
- Marcelo Teixeira
- 17 de jun.
- 3 min de leitura
Atualizado: 17 de jun.

Os dias têm amanhecido tensos. Guerras por todos os lados. No exterior, países se digladiando por questões políticas, econômicas e religiosas. Todos querendo mostrar quem tem mais poder, mais armas, mais capacidade de intimidar, mandar e destruir. No fundo, homens querendo mostrar quem tem o falo maior.
Sim. O resumo da ópera é este mesmo. Um bando de homens que gosta de disputar para ver quem pode mais no sexo, na maldade, na estratégia bélica e por aí vai. Uma masculinidade tóxica que dita as regras desde que o mundo é mundo.
Talvez seja por isso que o feminismo assuste tanto os machos alfas da vida. Uma sociedade calcada no diálogo, na compreensão e na sensibilidade poria todos os machões empedernidos para escanteio.
Até quando a masculinidade tóxica prevalecerá sobre o senso de justiça que não condena baseada em sentimento de vingança e retaliação? É isso que vemos no mundo desde que o mundo é mundo.
Se prestarmos bastante atenção, veremos que todos os conflitos pelos quais a humanidade passou têm como estopim a figura de um homem que quis subjugar outros povos. Exemplos não faltam: Nero; Alexandre, o Grande; Ivan, o Terrível; Napoleão Bonaparte; Idi Amin Dadá; Papa Doc e, mais recentemente, Donald Trump, Benjamim Netanyahu...
No Brasil, guardadas as devidas proporções, não é diferente. Desde os senhores de escravos até os latifundiários, passando pelos opressores do Estado Novo e da ditadura militar (1964-1985), o que vimos foi uma série de desmandos, crueldades, arbitrariedades, golpes e tentativas de golpes... Isso sem falar na nossa polícia, a qual, devido ao nosso histórico de intimidação dos menos favorecidos, é até hoje treinada não para servir à sociedade, mas para conter os pobres para que os ricos não sejam incomodados.
Enfim, se pesarmos tudo muito bem na balança do comportamento humano, veremos que falta aos homens deixarem aflorar o lado feminino, ou melhor, o lado que, por convenção, chamamos de feminino, mas que todos os seres humanos possuem. Afinal, ninguém deixa de ser homem por ser doce, sensível, educado e íntegro.
Se porventura alguém tiver dúvidas do que estou escrevendo, basta observar alguns recentes acontecimentos do Brasil e do mundo e pensarmos se uma mulher faria o mesmo. Basta imaginarmos nossas mães, esposas, avós, namoradas, irmãs e amigas. Elas seriam capazes de mandar disparar mísseis em escolas e hospitais para abater um suposto inimigo e, ao mesmo tempo, matar dezenas de civis, incluindo mulheres e crianças? Nossa mãe mandaria tacar fogo no pantanal, no cerrado e na floresta amazônica, não se importando com a fauna e flora, apenas para ter pasto para o gado? Nossa esposa suspenderia a merenda escolar da rede pública para servir ração no lugar? Nossa avó ordenaria, nas madrugadas de inverno, jogar água fria nos moradores de rua? Nossa irmã daria ordens para derrubar casas velhas com gente ainda morando nelas? Nossa filha mandaria jogar uma bomba atômica para dizimar uma cidade inteira? Dificilmente. Quem faz esse tipo de boçalidade é o homem tóxico. O homem que precisa provar a todo custo provar que é homem usando de violência.
Muitos alegarão que há muitas mulheres que agem do mesmo jeito. Vide as inúmeras parlamentares brasileiras que resolveram desfiar o mesmo rosário de maldades que seus pares masculinos. Isso se dá porque elas assimilaram e aderiram ao discurso destruidor da masculinidade tóxica. O mesmo discurso que, todos os dias, produz vítimas de violência doméstica e feminicídio. Espero que, um dia, elas acordem, pois o mundo está cansado disso tudo.
Marcelo Teixeira
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