Viva o samba!
- Marcelo Teixeira
- 24 de nov.
- 2 min de leitura
Atualizado: 25 de nov.

Fui adolescente na década de 70 do século passado, uma época em que grandes nomes da música nacional e internacional reinavam nas rádios. De fato, a parada de sucessos era um espetáculo! Do Brasil, gente surgida na década anterior mostrava a força que tinha. Era o caso de Chico Buarque, Elis Regina, Clara Nunes, Caetano Veloso, Gilberto Gil, Maria Bethânia, Milton Nascimento, Gal Costa, Rita Lee... Ao mesmo tempo, outros tantos intérpretes e compositores surgiam para incrementar a boa safra: Ivan Lins, Gonzaguinha, Belchior, João Bosco, Marina Lima, Luís Melodia, Fafá de Belém...
Dos Estados Unidos e Europa, vinham o rock pauleira, o rock progressivo, a black music e a disco music. Michael Jackson, Led Zepelim, Donna Summer, Elton John, Queen, Stevie Wonder, Yes, Genesis, Marvin Gaye etc. Uma lista longa que fazia a meninada dançar e querer aprender inglês a todo custo. Foi uma época musicalmente muito rica, portanto. E digo isso sem saudosismos.
Meu irmão (18 meses mais velho que eu) adorava comprar discos dos, digamos, artistas estrangeiros. Chegou a ter algo que era muito comum à época: uma pequena equipe de som (uma espécie de mini Furacão 2000) para tocar em festinhas. Como os colegas de turma iam na mesma toada, acabei, naquele tempo, não prestando muita atenção no samba. Aliás, era muito comum – pelo menos entre os meninos brancos metidos da Petrópolis de meados da década de 70 – acharem o samba algo menor. Para nós, música boa era a que vinha de fora. Como éramos tolos!
Conforme fui ganhando idade, a percepção musical mudou e, embora ainda admirasse artistas dos EUA e Inglaterra, também passei a curtir muitos dos meus conterrâneos, embora o samba ainda fosse algo distante. Mas como o tempo é o senhor da razão, hoje em dia me pego escutando vários sambas, louvando a obra de gente como Beth Carvalho, a já citada Clara Nunes, Jorge Aragão, Martinho da Vila, Elza Soares, Zeca Pagodinho, João Nogueira, Paulinho da Viola, D. Ivone Lara, Leci Brandão, Arlindo Cruz e muitos tantos. Sim; eles são tantos e são tão bons!
Tenho aprendido com esses bambas que o samba é a crônica musical da vida cotidiana. Tudo pode resultar num bom samba. O ônibus atrasou? Tema de samba. Acabou a cerveja no meio da festa? Pode render um bom samba. Desilusão ou reconciliação amorosa? Dá um sambão daqueles.
Não pretendo tecer vastas considerações a respeito. Não sou profundo entendedor do assunto. Mas quero deixar registrado que o samba é a nossa raiz mais profunda. É ele que conta a história do Brasil que sofreu toda sorte de repressões e perseguições, já que ele é originário do batuque do povo negro. Ele é espaço de resistência, de múltiplos e milenares saberes e também da festa que o brasileiro sabe fazer como ninguém.
Amemos, prestigiemos e divulguemos o samba. Ele está muito mais entranhado em nós do que possamos imaginar.
Marcelo Teixeira







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