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O Brasil se despede de Divaldo Franco, um dos maiores nomes do espiritismo mundial

  • Foto do escritor: Ana Soáres
    Ana Soáres
  • 14 de mai.
  • 4 min de leitura

Velório emocionante marca despedida de líder espiritual que acolheu mais de 600 filhos e iluminou gerações com amor, sabedoria e fé


Velório de Divaldo Franco em Salvador — Foto: Reprodução/TV Bahia
Velório de Divaldo Franco em Salvador — Foto: Reprodução/TV Bahia

Por mais de sete décadas, Divaldo Franco foi uma presença constante nos corações, nos centros espíritas, nos lares e nos palcos do mundo inteiro. E na manhã desta quarta-feira (14), o Brasil se despediu dele. Com um último adeus emocionante no ginásio de esportes da Mansão do Caminho, em Salvador, onde o velório teve início às 9h, multidões se reuniram para prestar homenagens a um homem que não teve filhos biológicos, mas acolheu mais de 685 filhos de alma e coração.

O corpo do médium será sepultado nesta quinta-feira (15), às 10h, no Cemitério Bosque da Paz, também na capital baiana. A cerimônia, como ele havia pedido, será simples, sem cortejo em carro aberto, com o caixão fechado. A grandeza de sua missão, no entanto, é impossível de ocultar.

Divaldo Franco: Uma trajetória que atravessa o tempo e as fronteiras

Natural de Feira de Santana (BA), Divaldo nasceu em 5 de maio de 1927, o caçula de doze irmãos. Viveu uma infância marcada por visões e experiências espirituais intensas, que lhe renderam incompreensão e até castigos físicos por parte dos próprios pais. "Demoníaco", diziam. Mas sua luz já brilhava desde muito cedo.

A reviravolta veio quando, ainda menino, enfrentou um problema de saúde que o deixou acamado por meses. Foi quando uma médium, chamada às pressas pela família, identificou sua mediunidade e o libertou da opressão de um espírito obsessor. A partir dali, nasceu o médium, o missionário e o educador.

Divaldo não apenas psicografou mais de 250 livros, como traduziu e transmitiu a filosofia espírita para diferentes culturas e idiomas, viajando por mais de 70 países e levando mensagens de esperança e caridade.

Um legado social que transforma vidas

O que mais comove não é apenas a obra literária ou espiritual — mas o legado social de Divaldo Franco. Em 1952, ele fundou ao lado de Nilson de Souza Pereira o Centro Espírita Caminho da Redenção e, posteriormente, a Mansão do Caminho — um verdadeiro oásis de amor em meio à desigualdade.

Com mais de 50 mil metros quadrados, a Mansão abriga creches, escolas, ambulatórios, cursos profissionalizantes, assistência médica e psicológica para milhares de famílias carentes. Estima-se que mais de 40 mil crianças já passaram por suas salas de aula, sendo cuidadas, alimentadas e educadas com dignidade.

Iranildes Santos é um desses exemplos vivos. Ex-aluna da creche, hoje é auxiliar de enfermagem e mãe de duas crianças que também estudam na instituição. “Agradeço, em nome de Jesus, por tudo que aprendi. Ele mudou a minha vida”, disse, emocionada, durante o velório.

O adeus com serenidade de um guerreiro da fé

Divaldo lutava discretamente contra um câncer na bexiga desde novembro de 2024. O diagnóstico foi dado após uma internação no Hospital São Rafael, e o tratamento iniciou logo no mês seguinte, com sessões de radioterapia e doses leves de quimioterapia.

Em fevereiro, uma nova internação — dessa vez por infecção urinária. Mas o guerreiro voltou para casa e seguiu em home care, com o acompanhamento de uma equipe médica e o carinho dos que o amavam. Faleceu com serenidade, às 21h45 da terça-feira (13), cercado por sua família espiritual, na própria Mansão do Caminho.

Lucas Milagre, que morou com Divaldo por sete anos e o acompanhou em suas viagens ao redor do globo nos últimos dez, resume o sentimento coletivo: “Ele foi mais que um mestre. Foi pai, foi guia, foi tudo para mim”.

Um futuro guiado pela luz do passado

O presidente da Mansão do Caminho, Mario Sérgio Almeida, garantiu que o trabalho continuará: “Vamos manter os mesmos serviços e queremos crescer. Assim como as Obras Sociais Irmã Dulce se desenvolveram, a Mansão também crescerá. O legado de Divaldo viverá em cada gesto de amor que fizermos.”

E assim será. Porque homens como Divaldo Franco não morrem — se multiplicam em cada alma tocada por sua bondade. Ele parte, sim, mas deixa um Brasil mais fraterno, mais humano e mais consciente de que o amor é, verdadeiramente, a única revolução possível.

Curiosidades e dados sobre Divaldo Franco:

  • Publicou mais de 250 livros, muitos traduzidos para mais de 15 idiomas.

  • Doou 100% dos direitos autorais das obras para instituições sociais.

  • Fundador da Mansão do Caminho, que atende mais de 5 mil pessoas por dia.

  • Em 2015, teve sua biografia escrita por Ana Landi.

  • Foi indicado diversas vezes ao Prêmio Nobel da Paz.

  • Proferiu mais de 12 mil palestras em mais de 60 países.

Divaldo Franco vive. Na palavra escrita, nos passos das crianças que hoje têm futuro, nos olhos de cada um que reencontrou a fé por suas mãos, em cada sala da Mansão do Caminho, nas orações dos lares brasileiros.

E agora que ele partiu…

É nossa vez de continuar essa história.

Com amor. Com caridade. Com luz. 

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