O Dia das Mães para quem não tem mãe
- Marcelo Teixeira
- 12 de mai.
- 2 min de leitura

Há alguns anos, num programa de entrevistas, o ator e dramaturgo Marcos Caruso contou que a mãe morreu durante o parto dele. Por isso, desde a mais tenra idade, ele não tem e nunca teve mãe. E mesmo que o pai tenha se casado novamente e ele tenha sido criado com esmero pela madrasta, sempre houve, segundo ele, o vazio de não ter tido contato com a genitora.
Na mesma entrevista, ele conta que, quando criança, na escola, às vésperas do Dia das Mães, a professora pediu para os alunos escreverem uma redação com o seguinte tema: Minha querida mamãe. Todos os colegas pegaram caderno e caneta, baixaram a cabeça e se puseram a escrever. Menos ele, que ficou olhando para o infinito e pensando o que faria. Até que ele decidiu inventar uma mãe e discorrer sobre ela. Foi, vejam vocês, a melhor redação da turma!
Marcos foi salvo pela criatividade nata. A partir daí, deslanchou e, aos poucos, foi se revelando um talento na arte de escrever e interpretar. Mas fico pensando nas inúmeras crianças que não têm mãe (ou pai) e se veem constrangidas a passar por uma data que não as contempla. Conheço alguns exemplos, como o da menina que perdeu as mães às vésperas do Dia das Mães e, na festinha que o colégio religioso havia preparado, perfilaram as demais crianças, que cantaram enquanto a menina recém-orfã de mãe passava por elas e depositava uma rosa aos pés da imagem de Nossa Senhora. Totalmente desnecessário!
Muitas instituições de ensino fundamental, pelo que me contam, estão gradativamente abolindo as festinhas de Dia das Mães e Dia dos Pais e adotando, em data diferente, a festa da família. Nessa comemoração, todas as formações familiares são bem-vindas. Há famílias onde não existe a materna, paterna ou ambas, famílias homoafetivas, pais e mães solteiros que adotaram crianças, meninos e meninas criados por avós etc. Trata-se de uma iniciativa bem-vinda que precisa ser replicada.
Mesmo assim, chega o Dia das Mães ou dos Pais. Famílias saem para almoçar fora, confeitarias recebem encomendas de tortas, as lojas ficam cheias de consumidores à cata de presentes, bombons e flores... Nada contra, mas precisamos pensar nas crianças e jovens que não têm mais (ou nunca tiveram) mãe, pai ou ambos. Quem sabe algo comunitário que fale sobre a importância de que haja laços afetivos fortes e acolhedores que abracem a todos e que ninguém precisa se sentir desfalcado porque não conta com a presença dos genitores.
E quanto aos adultos que já perderam pais e mães? É o meu caso e o de muita gente, eu sei. Bem, adultos tiveram a oportunidade de conviver com pais e mães. Caso negativo, cresceram, amadureceram e, muitas vezes, já estabeleceram laços afetivos e/ou construíram famílias. Minha preocupação é com a turminha mais nova, sujeita, muitas vezes, a carências e até a “bullying”.
Marcelo Teixeira
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