Os Círculos Femininos: Uma Dinâmica Cada Vez Mais Elitista
- Syrinx Sycorax Hekatina
- 18 de jun.
- 2 min de leitura
Os círculos femininos, tradicionalmente concebidos como espaços de conexão, cura e espiritualidade voltados para mulheres, ganharam popularidade nas últimas décadas. No entanto, críticas crescentes apontam que esses encontros, originalmente baseados em valores de inclusão e acessibilidade, têm adquirido características elitistas, gerando exclusão e desigualdade.

Uma das críticas mais frequentemente apontadas sobre os círculos de sagrado feminino é o custo elevado para participar. Diversos facilitadores e organizadores cobram valores significativos por sessões individuais ou por programas completos de formação, o que automaticamente restringe o acesso a pessoas de classes trabalhadoras ou com rendas mais baixas. Embora os custos sejam, muitas vezes, justificados para cobrir aluguel de espaços, materiais e a preparação das facilitadoras, o resultado é a exclusão de uma parcela considerável da população que poderia se beneficiar desses espaços.
Outro argumento relevante é a mercantilização que permeia os círculos de sagrado feminino. O capitalismo introduziu elementos de consumo em práticas espirituais, transformando vivências em pacotes de serviços, cursos e produtos. Desde livros e kits de cristais até inscrições em retiros luxuosos, a espiritualidade feminina passou a ser vista como uma nova indústria. Esse fenômeno levanta questões éticas importantes, como a apropriação cultural de práticas ancestrais e a desconexão de seus propósitos originais.
Ao fazer uma rápida pesquisa sobre círculos femininos, majoritariamente estão localizados em bairros de classe média alta, com participantes são expressivamente mulheres brancas de classes médias e altas, enquanto as experiências de outras identidades são marginalizadas ou mesmo ignoradas. Isso resulta em uma dissonância entre os valores declarados de inclusão e as práticas efetivas nos círculos.
Mas como seria possível deselitizar? A resposta é sim. E o caminho para a inclusão é reverter a atual dinâmica, com iniciativas que buscam envolver diretamente as comunidades de origens periféricas. Para torná-los economicamente acessíveis, desconstruir barreiras simbólicas e vincular a espiritualidade à ação social.

Levar cura espirituais para um local de privilégio talvez não faça tanta diferença, ao se comparar em levar tais curas para locais onde as mulheres possuem baixa renda e estão exauridas e doentes tentando sobreviver a um sistema orquestrado para esmagá-las. Um exemplo disso é o Círculo Terapêutico para Mulheres conduzido pela Elaine Caetano, Terapeuta Integrativa e Sistêmica, realizado dentro do Tear das Feiticeiras, um local de espiritualidade em Nova Iguaçu, Baixada Fluminense, município periférico do estado do Rio de Janeiro. Que possamos divulgar cada vez mais, Círculos de Mulheres nestas regiões, fazendo um trabalho nas mais vulnerabilizadas.







Percebo que virou moda criar espaços de escuta/acolhimento mas que tem outros interesses. Então, tenho visto muito na zona sul encontros de mulheres com vinhos, drinks e no final as mediadoras vendem algum produto ou serviço. Se torna uma moeda de troca neoliberal e perde o sentido de espaço de acolhimento e de escuta.