Por Camila Kahlau
Ouro Preto. Provavelmente escreverei muitos artigos sobre esse cantinho de Minas Gerais localizado a 100 km de Belo Horizonte, que apresenta uma diversidade de roteiros. Minha história com essa cidade é antiga, por começar na infância. Quando criança, minha família tinha um trailer e íamos algumas vezes para Ouro Preto acampar no único camping que aceitava trailers à época. Apesar de não termos explorado muito a região, porque nos concentrávamos na vida campista, algo em mim foi despertado: anos depois decidi prestar vestibular na UFOP (Universidade Federal de Ouro Preto). Aí, sim, tive a oportunidade de conhecer praticamente tudo que a cidade tem para oferecer; e ela está no meu coração como uma das melhores cidades que já visitei e/ou morei.
Aos que gostam de turismo cultural, a cidade é repleta de museus e igrejas cheias de história para contar sobre o período colonial do Brasil. Para amantes de ecoturismo, os distritos de Ouro Preto oferecem uma variedade de cachoeiras e trilhas no meio da Mata Atlântica. Aquele que gostar de gastronomia, poderá se fartar nos cafés e restaurantes típicos que se distribuem pelas ladeiras da cidade. Para os que gostam de festa, o calendário de eventos da cidade tem atrações praticamente de janeiro a janeiro, podendo escolher entre algo mais cultural (como o festival de inverno) e mais mundano (como o carnaval).
Sem saber, escolhi a cidade ideal para a fase que estava vivendo (meus pais tinham se separado, tudo estava muito confuso e decidi sair de casa aos 18 anos), Ouro Preto tem uma vida social bem agitada (sempre com festinhas 'rolando' em alguma república), e, ao mesmo tempo, é melancólica e introspectiva. O inverno gelado, a primavera coberta por névoas, a vista dos morros, as memórias tristes da escravidão e da mineração, as ladeiras, os becos, os loucos vagando nas ruas e o olhar sofrido dos moradores locais.
Em meio a esses estímulos, não tive escolha senão dar uma pausa, ocasionalmente, no agito da vida estudantil para encarar minhas feridas (foi lá onde comecei a praticar Yoga e Meditação, e sem saber iniciei minha jornada enquanto instrutora nessas modalidades). Claro que a minha experiência foi mais intensa por ter me tornado residente, mas mesmo quem passa apenas alguns dias 'turistando' pelas ladeiras e becos da cidade, se tiver um olhar atento e sensível, perceberá que aquele ar úmido com cheiro de minério desperta algo de profundo em nós. Recomendo para todo tipo de pessoa (solteiro, separados, casados, jovens, adultos, idosos); todos são bem-vindos e encontrarão algo para fazer em Ouro Preto.
O único grupo de pessoas, o qual não recomendo, é aquele que tem mobilidade reduzida e não tem veículo próprio adaptado. As ruas são de paralelepípedo, as calçadas são estreitas e o acesso às lojas e restaurantes sempre tem algum degrau. Para quem tem bebês também pode ser um pouco difícil, é quase impossível caminhar com carrinho de bebê. Estou, inclusive, aguardando meu pequeno Ravi crescer um pouco mais para introduzi-lo nesse lugar mágico!
Nada como ler sobre a vivência de alguém com olhar tão profundo da vida! Obrigada!