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Porque não há pessoas trans no ‘BBB 25’

João Guedes
Porque não há pessoas trans no ‘BBB 25’
A ausência de participantes trans no BBB 25

Se em cada esquina desse Brasil você pode encontrar uma pessoa trans, por que ela não está também no ‘BBB 25’? O elenco da nova edição do reality da Globo foi anunciado e está composto apenas por pessoas cisgêneras. Em 25 edições de programa, apenas duas temporadas incluíram mulheres trans: Ariadna (BBB 11) e Linn da Quebrada (BBB 22). Até hoje, nenhum homem trans participou do programa.


Embora o BBB tenha trazido representatividade para a comunidade LGBTQIA+ com participantes gays, lésbicas ou bissexuais, essa inclusão não humaniza nem dá visibilidade às pessoas trans. Isso gera a sensação de uma invisibilidade programada, reforçando o apagamento de uma comunidade que já enfrenta intensos desafios e discriminação no Brasil, o país que mais mata pessoas trans no mundo.


Estimativas indicam que cerca de 2% da população adulta brasileira se identifica como transgênero ou não-binária, ou seja, aproximadamente 3 milhões de pessoas. No entanto, a falta de dados oficiais sobre a população trans — já que o Censo Demográfico não inclui perguntas sobre identidade de gênero — reflete o quanto essas pessoas ainda são negligenciadas no âmbito público e privado.


A ausência de participantes trans no BBB 25 é um retrocesso que deixa clara a inconsistência da representatividade na TV. A presença de Linn da Quebrada, por exemplo, foi um marco. Ela levou discussões importantes sobre identidade de gênero para o horário nobre e inspirou milhões. Mesmo com uma passagem curta, Ariadna abriu portas. Mas, aparentemente, essas portas continuam fechadas — e não por falta de histórias incríveis na comunidade trans. O problema, então, está na escolha da produção.


O BBB já provou que pode ser uma poderosa plataforma para amplificar vozes e gerar debates transformadores. A diversidade que vimos nos últimos anos, com mais participantes negros, periféricos e LGBTQIA+, foi um avanço. Mas inclusão não pode ser pontual ou oportunista. Ela precisa ser uma prática constante, e não uma exceção ou resposta à pressão do público. É uma oportunidade de educar, inspirar e quebrar preconceitos.


A invisibilidade de pessoas trans no BBB 25 não é só um sintoma da falta de diversidade na televisão; é um reflexo de como a sociedade ainda falha em enxergar essas pessoas como protagonistas de suas próprias histórias. E isso precisa mudar.

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