" O aniquilamento da sexualidade feminina desde a infância."
Amiga, Deusa poderosa!
Na semana anterior, estávamos tecendo uma análise sobre o cerceamento do prazer feminino desde a infância. Pois bem, sigamos. Por ser reprimida nesse prazer, acontece no inconsciente da criança um mecanismo natural de defesa, que recebe a informação de que ter prazer é feio, ruim, punível. E aí, dá pra entender o porquê uma mulher, na vida adulta, não consegue ter prazer numa relação sexual. Compreende? Afinal, passou a vida sendo repreendida na sua essência, no simples fato de sentir prazer em viver. Começa então na vida dessa menina um acúmulo de falta de prazeres. No caminho para a vida adulta a gente vai perdendo o prazer de vestir uma roupa que gostamos, vai perdendo o prazer de fazer determinada coisa por temor de sermos julgadas. Ser a gente mesma se afoga em expectativas alheias por muito tempo na vida, ou por toda ela.
Por outro lado, a pornografia é incentivada, até mesmo nas meninas. A erotização dos seus corpos infantis é exaltada e principalmente cobrada de nós. Ninguém nos ensina que sexualidade é tudo que está relacionado ao prazer de viver, diariamente, em seus pormenores, tudo isso é completamente abafado ao longo de toda a vida de uma mulher. Até porque, infelizmente, culturalmente nos ensinam que sexualidade está relacionada a apenas dois fatores: o ato sexual e penetração. Lamentável! Porque se cria uma geração de mulheres desconectadas de si mesmas, mas a sociedade exige que a gente se comporte como se nos conhecêssemos profundamente.
Se não nos permitem experimentar o prazer de brincar, sem nos podarem por conta de uma calcinha de bolinha que apareceu embaixo do vestidinho, se massacram uma menina que ainda nada entende de libido e simplesmente está exercendo sua plenitude sexual divina, como queremos que essa menina, na vida adulta saiba identificar, consigo primeiramente, por exemplo, o prazer sexual? Ou até mesmo, arrisco ir mais longe, identificar um abuso sexual? E se somarmos a isso, a fatídica realidade de que muitas mulheres não se masturbam e não conhecem seus corpos, como é possível que ela aceite que é merecedora desse prazer?
Provavelmente ela se convencerá fortemente de que não tem esse direito. Juntando isso tudo com toda a violência que vamos acumulando durante toda a vida por nossos traumas e bloqueios, como vamos transar em paz? Hein? Como vamos ter prazer em paz? E não estou falando só de prazer sexual, e sim também do simples prazer de gostar da vida que levamos. Gostar de nós mesmos faz parte da vida que levamos. Isso quer dizer basicamente o quê? Que nos desacostumamos a ter prazer diariamente, durante o todo o nosso dia, e a noite a gente quer estar linda, cheirosa e gostosa e arrasar na cama com o gato né. Não vai dar certo! E não é praga não. É um fato, inclusive cientificamente comprovado. Amiga, presta atenção, sua cama é uma EXTENSÃO da sua vida fora dela.
Adoraria saber a sua opinião sobre minhas matérias. Saiba, minha querida amiga leitora, que eu, embora pareça estar distante de ti, por conta de ser meramente uma colunista engajada na causa feminina, e escrever semanalmente para esta revista, é tão somente uma sensação, porque eu sou mulher como você e eu sou sua amiga, para o que precisar, para o que der e vier. Pode sempre contar comigo. Então, me escreva. Vou amar conversar de pertinho com você.
Por essa semana, é só garotas. Na semana que vem vamos terminar a última etapa desse bate-papo.
Até. Um beijo, poderosa!
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