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  • Cléo Schneider

Velhos Demais Para Morrer


Para quem gosta de distopia, ai está uma bem intrigante e envolvente!


A gente mal nasce, começa a morrer, não é assim que diz o poeta Vinicius (o de Moraes)? Nesta premiada obra (sim, é vencedora do prêmio Malê), de Vinícius Neves Mariano, editora Malê, o que vemos é um encontro impressionante com a morte em uma caminhada e luta intensa de vida e pela vida.


Os personagens em destaque são Perdigueiro: um garoto que luta para manter sua humanidade apesar da dureza de sua vida e da extrema violência de seu pai, que apenas o quer tornar um grande caçador de idosos (sim, os idosos eram cassados como bichos e ser caçador de idosos é uma profissão). Como é possível ser frio e cruel para se manter vivo e responder as expectativas de seu pai, quando o seu maior desejo é apenas amar e ser amado?


Piedade, é uma idosa, que vive fugitiva e que está grávida. Ela vive escondida no mato, onde há outros idosos, para esconder e prolongar um pouco sua existência, e também para decidir o que fará com a criança em seu ventre. Enquanto Daren, no auge de seus trinta anos e de sua carreira em uma grande empresa de cosméticos, luta para se manter produtivo e jovem. Apesar de sua aparente adequação ao sistema ele se sente angústia que descobre vir de algo muito maior. Esses três personagens representam uma ruptura com a sociedade obcecada pela juventude.


O contexto histórico futurista mostra uma sociedade robotizada, economicamente quebrada, que não admite a humanidade em sua plenitude, na qual a condição para sobreviver é ser jovem, e que escolhe acima seus princípios e valores uma forma de sobrevivência desumana. Mas, apesar das estratégias mais inusitadas para fugir da natureza humana, percebe-se que não há nenhuma tecnologia capaz de prolongar a vida e evitar a morte.


Pode causar certo desespero ver chegando velhice, este lembrete, assinado pelo tempo, de que não duramos para sempre ( não aqui nessa forma terrena), este anúncio da morte, e justamente por isso, é preciso viver a vida, vamos viver da forma mais urgente!

A passagem do tempo não nos invalida como humanos, talvez nos torne ainda mais humanos. O que precisamos é viver e envelhecer com afeto por cada tempo vivido, com sentimento de presença, plenitude e amor.

De um lado a sutiliza dos personagens, sobremaneira disruptivos e resistentes diante de uma sociedade vil, de outro uma sociedade cruel e ilusória tentando a qualquer custo sufocar o que há de mais lindo na humanidade: sua dimensão humana!


Uma leitura que merece um tempo, e um bom café.

capa do livro velho demais para morrer e uma xícara de café
Livro 'Velhos demais para morrer'

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Cléo Schneider

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