Em meio às adversidades enfrentadas pelas mulheres pretas nas favelas, surge uma luta que vai além das limitações impostas pela sociedade. Trata-se da batalha contra o olhar do machismo estrutural, que coloca essas mulheres em uma posição desvantajosa durante a gravidez. Enquanto gestam, são vistas como multifacetadas, com várias jornadas de trabalho e responsabilidades, porém sem o direito de uma pausa. É chegado o momento de criticar essa injustiça e destacar a força e a resiliência das mulheres pretas que assumem o protagonismo total na vida familiar, enfrentando desafios sem o suporte ou as redes de apoio necessárias.
A gravidez não é uma doença, mas isso não significa que não seja um período de transformação e cuidado que merece atenção especial. No entanto, nas favelas, mulheres pretas enfrentam uma realidade ainda mais complexa, onde a sobrecarga de responsabilidades é ampliada. Além de lidar com as demandas do trabalho remunerado, elas assumem o papel de ser pai e mãe, muitas vezes sem o suporte de um parceiro presente. Essas mulheres enfrentam uma jornada de múltiplas tarefas e responsabilidades, sem o espaço para vivenciar o suporte ou as redes de apoio que seriam fundamentais.
O machismo estrutural, aliado ao racismo, cria um cenário hostil para as mulheres pretas que vivem nas favelas. Elas são vistas como fortes, resilientes e capazes de enfrentar qualquer desafio, mas essa visão estereotipada e simplista não leva em conta as necessidades e os direitos dessas mulheres. A sociedade impõe uma pressão desumana, na qual a maternidade não é vista como um momento de cuidado e conexão, mas como mais uma responsabilidade a ser cumprida sem pausas ou apoio.
A falta de acesso a serviços de saúde de qualidade, licenças-maternidade adequadas e creches nas proximidades tornam ainda mais desafiadora a tarefa de conciliar a gravidez e as múltiplas jornadas de trabalho. As mulheres pretas na favela enfrentam obstáculos adicionais, como a violência urbana, a falta de infraestrutura adequada e a discriminação racial, que agravam ainda mais a situação.
No entanto, apesar de todas as adversidades, essas mulheres mostram uma resiliência extraordinária. Elas assumem o protagonismo total na vida familiar, encontrando maneiras criativas de equilibrar as demandas do trabalho, da maternidade e das responsabilidades domésticas. Elas são verdadeiras guerreiras, lutando diariamente para garantir um futuro melhor para si mesmas e para seus filhos.
É chegada a hora de reconhecer e valorizar a força e a resiliência das mulheres pretas nas favelas. É urgente que a sociedade ofereça suporte e oportunidades reais de crescimento, como acesso a serviços de saúde adequados, programas de capacitação profissional e creches de qualidade. Além disso, é necessário combater o machismo estrutural e o racismo, que perpetuam a desigualdade e limitam o potencial dessas mulheres.
Essa luta não é apenas das mulheres pretas nas favelas, mas de toda a sociedade. É uma luta pelo reconhecimento da diversidade, da igualdade de direitos e pela construção de um futuro mais justo e inclusivo. Vamos unir esforços para romper as barreiras impostas pelo machismo estrutural, proporcionando às mulheres pretas o suporte e as condições necessárias para poderem vivenciar plenamente a maternidade, sem renunciar a suas outras responsabilidades e sonhos.
A história dessas mulheres é uma inspiração para todos nós. Suas vozes devem ser ouvidas e suas demandas atendidas. A transformação começa com a conscientização e a ação. Juntos, podemos construir uma sociedade mais igualitária e solidária, onde a gravidez seja vista como um momento de cuidado e acolhimento, e onde todas as mulheres, independentemente da cor da pele ou do local em que vivem, tenham o direito de pausar, receber apoio e vivenciar a maternidade de forma plena.
Ana Soáres
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