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Almerinda Gama na FLIP 2025: a voz negra que a história tentou silenciar

  • Foto do escritor: Da redação
    Da redação
  • 31 de jul.
  • 2 min de leitura

Na FLIP 2025, pesquisadora da UnB resgata história da sufragista negra Almerinda Gama


A trajetória de Almerinda Gama
Divulgação

A trajetória de Almerinda Gama, uma das primeiras mulheres negras a ocupar espaços políticos no Brasil, será tema de destaque na Festa Literária Internacional de Paraty (FLIP) 2025. O resgate histórico chega pelas mãos da jornalista e servidora pública Cibele Tenório, pesquisadora da Universidade de Brasília (UnB), que lança o livro "Almerinda Gama: A sufragista negra" (Todavia, 2025), vencedor do Prêmio Todavia de Não Ficção.

Na obra, Cibele reconstrói a vida da ativista — nascida no final do século 19, no Norte do país — que foi pianista, poeta, jornalista, escritora e uma das pioneiras na luta pelo sufrágio feminino. Sua atuação, marcada pelo enfrentamento ao racismo e ao sexismo da época, permaneceu obscurecida por décadas pela historiografia oficial.

A história do Brasil tem muitas lacunas, e uma das mais gritantes é a invisibilidade das mulheres negras que participaram ativamente da construção política do país”, afirma Cibele. “Almerinda foi uma figura extraordinária, que não apenas rompeu barreiras, mas propôs caminhos. Ela precisa estar nos livros de história, nas escolas, nos discursos sobre cidadania.”

A autora participa da programação da Casa República, espaço curado pela jornalista Daniela Pinheiro, nesta sexta-feira (1º), às 17h. Em mesa dedicada ao apagamento histórico de figuras negras no debate público, Cibele defenderá a urgência de uma revisão no modo como a memória nacional é narrada: “Não estamos só resgatando uma biografia, estamos propondo uma reparação simbólica e pedagógica para futuras gerações”.

A FLIP, em sua 23ª edição, tem se consolidado como um palco plural de vozes negras, indígenas e periféricas. A Casa República, especialmente, busca entrelaçar política, cultura e memória com leveza e profundidade.

O livro nasceu de um incômodo pessoal com a ausência de Almerinda nos espaços de celebração da história política brasileira”, completa Cibele. “Quis entender por que ela foi esquecida, e como podemos mudar isso agora.”

A obra de Tenório é mais do que uma biografia: é um gesto de justiça histórica e um manifesto pela preservação das narrativas negras femininas — aquelas que, mesmo silenciadas, nunca deixaram de existir.

Um livro que reafirma o papel transformador da literatura e da memória como instrumentos de reparação. E torna urgente a pergunta: quantas outras Almerindas ainda estão à margem da nossa história?

A FLIP, que chega à sua 23ª edição, segue reafirmando seu compromisso com a diversidade de vozes — trazendo histórias que resistem, atravessam o tempo e insistem em existir.

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